Sérgio Britto: 25 anos de “A Minha Cara”
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"A Minha Cara", álbum solo de Sérgio Britto, completa 25 anos de lançamento em 2025. |
Aproveitando que hoje, 18 de setembro, é aniversário de 66 anos do titã Sérgio Britto, vamos abordar a respeito dos 25 anos de lançamento do seu primeiro álbum solo: “A Minha Cara”, que saiu pela (extinta) Abril Music. O disco teve a produção de Paul Ralphs.
Após uma
sequência absurda de turnês consecutivas com os Titãs por conta do sucesso do “Acústico MTV” (1997), “Volume Dois” (1998) e “As Dez Mais” (1999), os integrantes da
banda resolveram tirarem férias para descansarem ou fazerem seus projetos
paralelos. Nesse período, o grupo trocou de gravadora (saindo da WEA e
acertando com a Abril). Então, aproveitando a “nova casa” e as férias, Sérgio
Britto soltou o seu primeiro trabalho solo – “A Minha Cara” (o “Con El
Mundo A Mis Pies”, de 1994, foi com o Kleiderman, projeto que tinha, além
de Britto, Branco Mello e Roberta Parisi).
Com
o voo solo, o disco de Sérgio Britto surge como um contraponto pessoal e introspectivo
à energia coletiva da banda, revelando um lado mais pessoal do artista, tanto
em letras quanto em arranjos.
Musicalmente,
em “A Minha Cara”, Sérgio Britto percorre
o rock alternativo com elementos de pop, MPB e baladas introspectivas, sempre capitaneado
pelo piano e pelos teclados do músico. E, ao contrário do peso titânico das
guitarras, aqui ele privilegia melodias mais delicadas e climáticas, explorando
nuances emocionais.
O
título da obra sugere justamente essa busca por mostrar-se de forma direta, sem
a mediação da persona coletiva dos Titãs.
Os
trabalhos começam com a faixa-título, que soa como uma apresentação de seu
autor, mostrando influências diversas, expressão pessoal. A faixa seguinte é “Cama, Mesa e Banho”, é mais intimista e
traz uma atmosfera doméstica, tem uma sonoridade simples. Já em “Igual a Todo Mundo”, tem uma abordagem
acerca do confronto entre o conformismo e identidade, se vale estar “igual aos
outros” ou buscar algo próprio. A faixa quatro é “C.V.V. Boa Noite”, que tem um tom introspectivo e cuja sigla “C.V.V.”
insinua um jogo de ambiguidade. Posteriormente, em “Os Olhos do Sol”, parceria de Sérgio com Arnaldo Antunes, a melodia
é curta, leve e atua como um “ponto de alívio” do disco. Enquanto isso, em “Só Lembrança” é outro tema emotivo, que
remete a lembranças e saudades do passado, com arranjos suaves. E a obra chega
à metade com “Eu e Você”, uma balada
bem elaborada e que, como o título sugere, fala da relação a dois.
A segunda parte do play vem com “Pedras Preciosas”, que chama atenção pela densidade instrumental do Hammond tocado por Sérgio Britto. Depois, em “Carrossel”, tem um ritmo marcado e uma excelente letra. Posteriormente, em “O Bem, O Mal”, tem uma profundidade poética em que Britto musicou uma letra póstuma de Torquato Neto (1944-1972). Na sequência, a única não-autoral do disco: “Cinco Bombas Atômicas”, uma regravação de Jorge Mautner e Nelson Jacobina, que traz arranjo que mistura energia, mais ‘funkeada’ e presença de metais, contrastando com outras faixas mais suaves. Já na reta final, vem “Pensamento #2”, um interlúdio feito em parceria com Arnaldo Antunes, com uma reflexão poética. E, encerrando a obra, “O Que Querem Que Eu Faça (Com Tanto Sol)”, a maior faixa do disco, que sugere questionamento existencial.
Embora
não tenha tido grande repercussão comercial, o disco é valorizado por quem
acompanha de perto a carreira de Britto, justamente por expor sua versatilidade
e capacidade de compor canções que funcionam fora do contexto da banda. É um
registro que, embora discreto, reforça sua importância como um dos compositores
mais consistentes do rock nacional.
A
seguir, a ficha técnica e o tracklist da obra.
Álbum: A Minha Cara
Intérprete: Sérgio Britto
Lançamento: 2000
Gravadora/Distribuidora: Abril Music
Produtor: Paul Ralphs
Sérgio Britto: voz, Hammond, piano, percussão, melotrom, escaleta, piano
elétrico e guitarra
Tuco Marcondes: guitarra, guitarra de 12, banjo, violão, cavaquinho português,
guitarra dobro e piano elétrico
Dé: baixo
Cesinha: bateria e pandeirola
Henrique Rato: guitarra
Paul Ralphes: percussão
Renato Loyola: baixo e baixo acústico
Sérgio Bizetti: arranjos de cordas e sopros
Eser Menezes: oboé
Mário Rocha: trompa
Maria Fernanda Kurg e
Pedro León: violinos
Ana Isabel Rabello: viola
Julio Cerezo Ortiz: violoncelo
Chica Brother: percussão
Ubaldo Versolato: flautas
Sidneu Borgani: trombone
Walmir
Gil e Nahor Gomes: trompetes
1. A Minha
Cara (Sérgio Britto / Marcelo Fromer)
2. Cama, Mesa
e Banho (Sérgio Britto)
3. Igual a
Todo Mundo (Sérgio Britto / Marcelo
Fromer)
4. C.V.V. Boa
Noite (Sérgio Britto)
5. Os de Sol
(Sérgio Britto / Arnaldo Antunes)
6. Só
Lembrança (Sérgio Britto)
7. Eu e Você
(Sérgio Britto)
8. Pedras
Preciosas (Sérgio Britto)
9. Carrossel
(Sérgio Britto)
10. O Bem, O
Mal (Sérgio Britto / Torquato Neto)
11. Cinco
Bombas Atômicas (Jorge Mautner / Nelson
Jacobina)
12.
Pensamento #2 (Sérgio Britto / Arnaldo
Antunes)
13. O Que
Quer Que Eu Faça (Com Tanto Sol) (Sérgio
Britto)
Por Jorge
Almeida
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