Vidas impressas - Intelectuais negras e negros na escravidão e na liberdade *
Foto meramente ilustrativa. |
Numa proposta histórica original, a obra recorre às biografias de sujeitos desconhecidos e silenciados, porém com trajetórias importantes em diversas regiões do Brasil ao longo do século XIX até o início do XX. Assim, localiza pensadores e projetos negros e negras para um país em transformação, no qual monarquia, cidadania, escravidão, república e liberdade pautavam os debates públicos não só nos palácios, gabinetes, bibliotecas e no parlamento, mas nos cortiços, casebres, senzalas, ranchos, fazendas e sítios.
A Selo Negro Edições celebra o mês da
Consciência Negra com mais uma obra de expoentes acadêmicos dedicados ao
resgate da cultura afrobrasileira: Vidas Impressas - Intelectuais negras e negros na escravidão e na
liberdade (280 págs., R$ 99,90), organizada pelos
historiadores Iamara Viana e Flávio Gomes. Eles apresentam uma
coletânea de artigos de pesquisadores propondo um outro panorama da história do
Brasil, ao destacar pensadores negros e negras que publicaram obras, fundaram
escolas, produziram literatura e desenvolveram reflexões profundas sobre a vida
social, a escravidão, a liberdade, a exclusão e projetos de cidadania. O livro
oferece ao leitor a oportunidade de personificar biografias, a maioria ainda
desconhecida, de importantes intelectuais que escreveram e atuaram na
emancipação negra brasileira.
As pesquisas apresentadas na obra demonstram tensões
e conflitos na disputa por histórias e memórias na construção da nação que se
pretendia branca e próxima aos valores, ideais e estética europeus. Embora as
tentativas de apagamento, intelectuais negros e negras, por meio de diferentes
modos de manutenção de suas histórias e memórias, subverteram a ordem social
vigente do passado, chegando as páginas que agora são entregues ao público
leitor.
A coletânea reúne os percursos de duas dezenas de
pessoas invisibilizadas. Em cada capítulo, ricas bibliografias, reproduções de
documentos e fotos completam os referenciais históricos:
1 Padre Vitor: o paradoxo de um santo escravizado no Brasil - Marcus Vinícius
Fonseca
2 Joaquim Candido Soares de Meirelles: um médico negro na corte
imperial - Silvio Cezar de Souza Lima
3 De escravizado a professor: o letramento e a pedagogia de Luiz
Gama - Bruno Rodrigues de Lima
4 Otaviano Hudson: cor, gênero e instrução (Rio de Janeiro,
1870-1885) -Bárbara Canedo Ruiz Martins
5 A árvore genealógica de Maria Firmina dos Reis: escravidão, gênero
e maternidade- Maria Helena P. T. Machado
6 João Baptista Gomes de Sá: a trajetória de uma liderança negra no
pós-abolição curitibano - Noemi Santos da Silva
7 José Rebouças: um inspetor nos trilhos e nas correntezas do café
paulistano - Antonio Carlos Higino da Silva
8 Maria Odília Teixeira: gênero e medicina na Bahia - Mayara Santos
9 Educadores negros na corte imperial: as trajetórias de Pretextato
dos Passos e Silva e Israel Antônio Soares - Higor
Ferreira
10 Dois poetas negros: Pedro Cumba Junior e Lino Guedes - Mário
Medeiros
11 José de Farias e Manoel Etelcides: jornalistas no Rio Grande do
Sul - Aline Sônego e Helen da Silva Silveira
12 Pensadores da capoeira: Bimba, Pastinha e Besouro Mangangá - Antonio
Liberac Cardoso Simões Pires
13 Nascimento Moraes e João do Rio: literatura e trajetórias - Darville
Lizis
14 Antonio Amaro Ferreira: enfermagem e saúde no Mato Grosso - Valdeci Silva
Mendes
15 Biografias invisíveis e prosopografias possíveis: trajetórias
negras - Iamara Viana e Flávio Gomes
Os
organizadores:
Iamara
Viana é pós-doutora em História Comparada pela
Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ), doutora e mestre em História
pela mesma instituição, onde atua como professora na graduação e no mestrado
profissional em Ensino de História. Professora no Programa de Pós-Graduação em
História Comparada da UFRJ; líder do Núcleo de Pesquisas Educação, Corpos,
Histórias e Memórias Negra da Uerj; Jovem Cientista do Nosso Estado/Faperj.
Suas pesquisas enfocam o corpo africano escravizado, mulheres negras na
escravidão e no pós-emancipação, medicina e pensamento médico no século XIX,
história das doenças e da saúde na escravidão, letramento e escolarização negra
na escravidão e no pós-emancipação, ensino de história.
Flávio
Gomes é professor associado da Universidade Federal do Rio
de Janeiro (UFRJ). Tem publicado livros, coletâneas e artigos desenvolvendo
pesquisas em história comparada, cultura material, demografia, escravidão,
cartografia e pós-emancipação nas Américas, especialmente Venezuela, Colômbia,
Guiana Francesa e Cuba. Coordena o Laboratório de História Atlântica (Leha) do
Instituto de História da UFRJ.
Créditos:
Cristiane Del Gaudio | Studio Graphico
* Este conteúdo foi enviado pela assessoria de imprensa
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