"Max Oliver" e a esperança em tempos sombrios *

Foto meramente ilustrativa.

O escritor Jonatas Aragão explica, em entrevista, como uma obra de ficção científica se tornou um meio para propagar ao mundo mensagens sobre amadurecimento e superação

A saga de Max Oliver: O Protetor das Galáxias, escrita por Jonatas Aragão, é mais do que uma ficção científica no qual os heróis vencem os vilões em um multiverso repleto de desafios: é, na verdade, uma história sobre como todos os seres humanos carregam em si um potencial inesperado e são sempre capazes de enfrentar os momentos mais difíceis da vida. Em uma jornada sobre identidade, resiliência, empatia e esperança, o livro dialoga com os dilemas da humanidade à medida que se inspira nas clássicas narrativas dos anos 2000. 

Na entrevista abaixo, o autor explica como o processo de criação da narrativa está conectado com as próprias vivências: mediante grandes dificuldades financeiras, ele utilizou a ficção para se reerguer. Além disso, Jonatas Aragão discorre sobre os principais temas da saga e o poder da literatura para a transformação social. Leia: 

1. Como surgiu a ideia de criar o universo de Max Oliver? Há quanto tempo essa história te acompanha?
R: A ideia de criar o universo Max Oliver surgiu entre os anos de 2019 e 2020, quando cheguei ao estado de São Paulo em busca de uma oportunidade melhor na vida. Ao chegar na Baixada Santista, me deparei com uma realidade difícil e acabei ficando muito tempo desempregado. Com a pandemia de COVID-19, o que já estava ruim ficou ainda pior. Como eu não tinha um bom relacionamento com a esposa do meu pai, acabei sendo expulso de casa. Passei a morar em um porão, onde dormia numa cama improvisada feita de seis blocos de cimento com madeirites por cima e uma espuma que servia como colchão. Naquele momento, me senti no fundo do poço, no fracasso absoluto. 

Foi nessa fase de tristeza, solidão e muitos choros que, com um celular Samsung J7 emprestado pelo dono da casa, ouvi uma música que mudaria minha vida: Tente Outra Vez, de Raul Seixas. Aquela música reacendeu a esperança dentro de mim. Ao lado da cama, havia um caderno velho e algumas canetas. Com eles, comecei a rabiscar os primeiros esboços da história que viria a se tornar a saga Max Oliver. Fiz dois desenhos: o de um garoto com dois braceletes — que mais tarde se tornaria o Max Oliver — e o de uma garota, que daria origem à personagem Sarah Blake. 

Ao colocar os dois rascunhos lado a lado, percebi que aqueles personagens podiam servir de base para uma história onde eu expressaria tudo o que sentia. A escrita, que sempre esteve presente na minha vida, agora teria um objetivo claro: me reerguer. Com o tempo, reuni várias ideias e criei o primeiro volume da saga, intitulado Max Oliver: O Protetor da Galáxia – Volume 1, o primeiro de uma série que terá doze volumes. 

2. O livro mistura multiversos, inteligência artificial, mitologia e desigualdade social. Como você equilibrou tantos elementos diferentes sem perder o foco emocional da narrativa?
R: Um dos pilares centrais da narrativa é a desigualdade social, que aparece de forma muito forte no Volume 1. Para representar essa realidade com profundidade, me inspirei no bairro do Bronx, em Nova York — um lugar marcado por pobreza extrema, violência e abandono social. Max Oliver é um garoto nascido no pior bairro da cidade de Nova York. Ele vive com sua mãe, Bárbara Oliver — uma mulher batalhadora que se desdobra sozinha para garantir o sustento da família. Já Sarah Medellín Blake representa o extremo oposto: uma jovem multibilionária, herdeira de uma das famílias mais poderosas do mundo. Essa diferença entre Max e Sarah ilustra o abismo social existente entre os dois. 

No entanto, a desigualdade social não é o único tema da obra. Sempre tive o sonho de criar um universo amplo — um multiverso — que não se limitasse ao planeta Terra. Quis mostrar que tudo é possível dentro desse universo — desde raças e criaturas únicas até tecnologias avançadas, civilizações diferentes e sociedades inteiras com culturas próprias. 

Outro ponto importante é a mitologia. Embora eu tenha idealizado o enredo principal, foi o coautor Jorge Miguel quem sugeriu inserir elementos mitológicos no Volume 1. Ele acreditava que isso traria mais riqueza e profundidade à narrativa. A mitologia se somou perfeitamente aos temas sociais, criando um pano de fundo simbólico que serve para ampliar ainda mais a experiência do leitor. 

Tudo isso foi pensado para alcançar diversos públicos — desde crianças até idosos — sem tornar a leitura confusa ou inacessível. Gosto de escrever de forma simples, direta, mas com camadas de profundidade para quem quiser mergulhar mais fundo no universo. 

3. O livro tem referências claras a histórias dos anos 1990 e 2000. Qual foi o papel da nostalgia geek na criação do enredo?
R: A nostalgia geek teve um papel essencial — quase emocional — na construção do enredo da saga Max Oliver. Muitas dessas produções dos anos 1990 e 2000 não eram apenas entretenimento, mas verdadeiras lições de moral, coragem, justiça, superação e empatia — e isso me inspirou profundamente. 

Ao reunir elementos de histórias como Ben 10, Liga da Justiça, Homem-Aranha, Batman do Futuro e Super Choque, entre outras, de forma cuidadosa, não quis apenas prestar homenagem a essas obras. Quis reviver a essência delas — e mais do que isso: apresentá-las de forma indireta a um novo público. A geração atual, muitas vezes, não teve acesso a essas animações incríveis que moldaram quem somos. Por isso, meu objetivo também é entregar a esses novos leitores uma experiência que os conecte, mesmo que de forma moderna e atualizada, com a magia dessas produções que nos inspiraram no passado. 

4. Para além da ação e da ficção científica, que mensagem você gostaria que o leitor levasse de Max Oliver?
R: Max Oliver tem uma mensagem profunda sobre identidade, crescimento e superação. A grande missão da obra é mostrar que todo ser humano carrega dentro de si um potencial inexplorado — uma força que muitas vezes só é despertada diante dos desafios mais difíceis da vida. Eu gostaria que o leitor entendesse, ao longo da jornada de Max, que a verdadeira evolução não vem apenas dos poderes ou da tecnologia, mas das escolhas que fazemos, das dores que enfrentamos e das pessoas que decidimos nos tornar. A mensagem que quero deixar é que todos nós, assim como Max, podemos encontrar um propósito maior mesmo quando o mundo parece estar desmoronando. A ficção científica aqui é só o pano de fundo para falar sobre humanidade, empatia, resiliência e, acima de tudo, esperança. 

Sobre Jonatas Aragão: Nascido em Jacobina, na Bahia, mudou-se para o litoral de São Paulo aos 17 anos em busca de oportunidades profissionais. Durante um período de dificuldades financeiras, idealizou a obra “Max Oliver” em homenagem a um amigo de infância que havia falecido. Quando firmou residência em Embu das Artes, fez parceria com outros autores para a publicação do livro. 

Instagram do autor: @universomaxoliveroficial 

Créditos: Victória Gearini | LC Agência de Comunicação


* Este conteúdo foi enviado pela assessoria de imprensa

 

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