xs CULPADXS, vencedora do Prêmio Shell 2023 como melhor dramaturgia, volta em temporada gratuita no Teatro Arthur Azevedo *
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Foto meramente ilustrativa. |
Espetáculo
volta em cartaz de 10 a 27 de julho e questiona
a linguagem teatral a partir de um thriller violento, regado a música sertaneja
dos anos 1980; Carlos Canhameiro assina a encenação e dramaturgia
Um cenário que divide o palco em dois andares: embaixo um bar, onde se
passa o drama da cidadezinha e, em cima, num ambiente familiar, de aparência
refinada, ficam músicos que costuram a trama com canções sertanejas femininas
de sucesso.
Uma família
se muda para uma pequena cidade do interior e é vítima de um massacre após ser
acusada de infectar os habitantes daquela localidade com uma doença fatal. Esse
é o argumento do novo espetáculo adulto de Carlos Canhameiro, xs
CULPADXS, que faz apresentações gratuitas no Teatro Arthur
Azevedo, de 10 a 27 de julho de 2025, com apresentações de quinta a
sábado, às 21h, e aos domingos, às 19h. No elenco estão Daniel
Gonzalez, Marilene Grama, Nilcéia Vicente, Yantó, Rui Barossi e Paula
Mirhan.
A
dramaturgia, assinada por Canhameiro, nasceu em maio de 2020 e foi publicada
pela editora Mireveja em 2022. “Minha intenção não era refletir sobre a
pandemia de Covid-19, até porque ela ainda estava muito no começo, mas sim
escrever uma espécie de thriller sobre o horror do desconhecido e ao mesmo
tempo sobre as diversas formas de se fazer teatro, entre o drama, o épico e o
pastelão!”, comenta.
A
peça xs CULPADXS acompanha a chegada de um casal com
três filhos a uma pequena cidade. Aos poucos, o ambiente se torna tenso: a
suspeita de que uma das filhas está gripada desencadeia o medo nos vizinhos,
levando a uma série de acontecimentos trágicos. O que se segue é uma sucessão
de mortes, tentativas frustradas de acalmar os ânimos e, por fim, uma onda de
violência extrema que culmina na morte dos pais e de um dos filhos.
O
público acompanha o andamento das investigações e como todos esses
acontecimentos impactam os envolvidos e a vida das crianças sobreviventes. Em
paralelo, vez por outra os atores assumem um certo papel de ombudsman e fazem
comentários sobre as cenas, criticando as estruturas da peça. “Eu gostaria de
mostrar como o teatro dramático não dá conta de retratar uma realidade tão
complexa, como o de uma pandemia, por exemplo. Na verdade, mostrar como o
teatro não precisa se render às representações de situações reais como uma
forma de explicá-las", diz o dramaturgo.
A
CULPA
No
fim das contas, é um espetáculo centrado na culpa. Canhameiro sente-se culpado
por escrever um drama, os policiais procuram um culpado para os assassinatos e
os habitantes da cidade buscam um culpado pelas mortes que começam a ocorrer
quando os novos vizinhos chegam.
E
para embalar tanta culpa a escolha da trilha sonora executada ao vivo é por
músicas sertanejas femininas que fazem sucesso desde a década de 1980. Tem
canções de As Marcianas, as Irmãs Galvão, Roberta Miranda, Sula Miranda,
Marília Mendonça, Simone & Simaria e outras.
“Há
algo nessas músicas, no modo como elas são cantadas, nos tipos de culpa que
apresentam: ciúmes, a acusação do outro pelo fim de um relacionamento, a
infidelidade, o ressentimento... Há algo que embala uma maneira de ser, de se
relacionar, de amar que me parece dialogar com a peça”, defende Canhameiro, que
também dirige xs CULPADXS. “A música não é culpada de nada nessa
peça, ela cria uma fricção entre as condições narrativas e suas autocríticas
explícitas.”
O
cenário de José Valdir Albuquerque é formado por dois andares.
Na parte de cima estão os músicos, numa espécie de ambiente doméstico de
aparência refinada, na parte de baixo há um bar dos anos 80, onde se desenrola
todas as cenas dramáticas da peça. Atores e músicos transitam pelos dois
ambientes. O bar, elemento constituinte da sociabilidade brasileira, vira palco
para uma tentativa de confrontar o medo do que não se entende.
SOBRE
CARLOS CANHAMEIRO
Carlos
Canhameiro é um artista múltiplo – ator, diretor, dramaturgo e escritor que
trafega por diversas linguagens com desenvoltura. É integrante da Cia. LCT e da
Cia. De Feitos, além de participar como artista convidado em diversos
coletivos. Tem livros de poesia, dramaturgia, infantil publicados pela Editora
Mireveja, 7Letras e Lamparina Luminosa. como diretor e dramaturgo, soma quase
20 anos de criações em São Paulo, com mais de 3o peças no currículo. www.carloscanhameiro.com
SINOPSE
Em xs
CULPADXS temos num primeiro plano a história de uma investigação
sobre uma família da capital que ao se mudar para uma pequena cidade do
interior é acusada pelos moradores de ser a responsável por levar uma doença
contagiosa para lá, se desdobrando numa tragédia. E num segundo plano, as vozes
narrativas questionam a força do drama e da estrutura dramática como contágio
do pensamento corrente. Falas ressentidas em relação à estrutura de
metanarrativas que dariam conta de explicar por ‘A+B’ porque estamos na
situação atual. Como se o narrador, ao se deparar com sua infelicidade (ou no
mínimo com a mediocridade de sua vida), tentasse culpar alguém ou a própria
estrutura do drama. Tudo regado ao melhor da música sertaneja desde os anos 80.
FICHA
TÉCNICA
Encenação
e dramaturgia: Carlos Canhameiro
Elenco: Daniel
Gonzalez, Marilene Grama, Nilcéia Vicente, Yantó, Rui Barossi e Paula Mirhan
Trilha
Sonora e música ao vivo: Paula Mirhan, Rui Barossi e Yantó
Cenário: José Valdir
Albuquerque e Carlos Canhameiro
Figurinos: Bianca Scorza
(acervo Godê)
Técnico
de som: Pedro Canales
Técnico
de luz: Cauê Gouveia
Prêmio
Zé Renato de Teatro - Prefeitura de São Paulo
Duração:
90 min | Classificação: 14 anos
Teatro
Arthur Azevedo
Créditos: Dani Valério | Canal Aberto
* Este conteúdo foi enviado pela assessoria de imprensa
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