SESC Vila Mariana realiza a 3ª edição do Ananse - Encontro de Contação de Histórias e Ilustração de Autoria Negra *
O evento ocorre entre os dias 5 e 8 de dezembro e proporciona
uma imersão em literatura infantojuvenil, arte e tradição, com debates,
oficinas e performances que reforçam a luta contra o racismo
O Sesc Vila Mariana recebe, entre os dias 5 e
8 de dezembro, a terceira edição do Ananse – Encontro de
Contação de Histórias e Ilustração de Autoria Negra, um evento que exalta a
riqueza da cultura afro-brasileira, unindo oralidade, ludicidade e a criação de
imaginários afrodiaspóricos, enquanto explora com intensidade a musicalidade, a
dança e a poesia. Com co-curadoria da escritora e contadora de histórias Kiusam
Oliveira, o encontro é gratuito, livre para todas as idades e conta com uma
programação variada composta por ciclos de contação de histórias, mesas de debates,
intervenções artísticas e uma feira literária e de produtos diversos
negrorreferenciados.
O evento explora o universo da literatura infantojuvenil a partir da
cultura afro-brasileira e se destaca por reunir grandes nomes da contação de
histórias, da literatura e das artes no Brasil, abordando temas urgentes e
essenciais relacionados à autoria negra, à oralidade e às produções artísticas
afro-brasileiras. Como parte de sua programação, promove o Mercado
Nyansapo, uma vibrante feira literária e de produtos negrorreferenciados.
Nela, é possível encontrar livros infantojuvenis, ilustrações, literatura
afrofuturista, trançados, bonecas, roupas, bijuterias e diversos outros itens
que celebram e exaltam a riqueza da cultura negra.
“Empoderamento e identidade estão presentes em cada quadro do
Ananse”, explica Kiusam Oliveira. “Afinal, são os pilares em que me apoio para
pensar cada convite, contratação e o conteúdo que cada convidado trará, tudo
cuidadosamente planejado para que cada pessoa, independente da idade, possa se
desenvolver em quatro dias. Sou militante do MNU (Movimento Negro Unificado)
desde a minha adolescência e sei que o racismo mata tanto a humanidade de quem
recebe a violência racista quanto a de quem a pratica. É urgente o trabalho com
foco antirracista a partir do encantamento, conceito-chave para minha
literatura e para o campo teórico que defendo: a Pedagogia Eco-Ancestral.”
Entre os destaques desta edição estão o escritor Otávio Junior, vencedor
do Prêmio Jabuti 2020 com a obra Da minha janela, que participa da
abertura do evento; Dona Jacira (mãe do rapper Emicida); as atrizes Adriana
Lessa e Iléa Ferraz; a jornalista e pesquisadora da USP Rosane Borges; a
premiada pesquisadora do samba Cláudia Alexandre; a grafiteira Nenesurreal; e a
educadora Érica Ângelo, com a oficina Dayo: jogos africanos de
tabuleiro, que ocupará o espaço de Leitura da unidade.
A abertura da terceira edição do Ananse acontece no dia 5 de
dezembro, às 18h30, na praça de eventos da unidade, com o bate-papo “Rotas
Trançadas: Estratégias para Enfraquecer a Violência Racista na Literatura”.
O encontro contará com a presença de Kiusam Oliveira e do escritor Otávio
Junior. Simultaneamente, a trancista Adriana Nunes Silva criará estilos únicos
nos cabelos dos convidados, celebrando a beleza negra e resgatando histórias
através das tranças
Na sexta-feira, dia 6 de dezembro, a programação traz, na
mesa reflexiva Pempamsie, o tema “Olhar em
perspectiva de artistas da ilustração e do grafite: Mulheres negras em ação”,
com as participações da grafiteira Nenesurreal e da ilustradora Paulica Santos,
sob a mediação de Alcimar Frazão, Gerente Adjunto do Sesc 14 Bis.
A contação de histórias (Ananse Ntontan) é um
dos pontos altos do encontro, com narrativas como “A Menina da Máscara
de Madeira”, apresentada pelo pedagogo e contador de histórias Carlos
Barbosa. O texto aborda a importância de não julgar pelas aparências e
valorizar a espiritualidade e o autoconhecimento. Em A Menina Akili e
Seu Tambor Falante, a atriz e escritora Verônica Bonfim narra a amizade
entre Akili e seu tambor Alafiá, uma história que ressalta a luta pela
preservação da identidade. Já a multiartista Lilia Reis, em Raízes,
traz reflexões sobre a autoestima negra. Como os Elefantes Adquiriram
Suas Trombas é uma encantadora fábula narrada pela pedagoga Marina
Costa, que combina a sonoridade dos batuques do sudeste brasileiro com a
tradição oral trazida ao Brasil pelo contador de histórias François Moise
Bamba. Na trama, o público acompanha a jornada de um pequeno e curioso elefante
pela floresta, desvendando como os elefantes ganharam suas trombas.
Outras histórias serão contadas nos dias 7 e 8 de dezembro durante a
atividade Ananse Ntontan, realizada em diversos horários na praça
de eventos.
No dia 7 de dezembro, o Pempamsie (mesa
reflexiva) trará o tema “Letramento Racial no Jornalismo”, com a
participação de Rosane Borges, da vencedora do Prêmio Jabuti Cláudia Alexandre
e mediação de Kiusam Oliveira. Outro destaque do dia é a oficina de jogos de
tabuleiro africanos, o Dayo, uma oportunidade para o público
explorar curiosidades sobre o continente africano de forma lúdica. Durante a
atividade, serão apresentadas dinâmicas de diversos jogos tradicionais de
países africanos, acompanhadas de histórias e curiosidades que conectam
cultura, conhecimento e entretenimento.
No domingo, dia 8, o Ananse 2024 encerra com a mesa
reflexiva “Produções Negras de Combate ao Racismo”, reunindo as
atrizes Adriana Lessa e Iléa Ferraz, sob a mediação da bióloga Rosa Maria
Tavares.
Um dos destaques do encerramento é o Poesia afro-diaspórica
eletropercurssiva, uma performance vibrante que combina beats, timbres e
improvisos em experimentação eletrônica conduzida pela DJ Evelyn Cristina. A
apresentação mergulha nas poesias afro-diaspóricas da atriz e performer Mafalda
Pequenino, intercaladas com fragmentos de obras de grandes autoras como Maria
Tereza, Cristiane Sobral, Beatriz Nascimento, Assata Shakur e Carolina Maria de
Jesus.
'Espero continuar a ver pessoas participando todos os dias e durante
todo o período das contações, famílias inteiras nesse movimento. Espero os
abraços das pessoas adultas, como sempre ocorre, emocionadas, falando sobre
como é importante se presentear com um tempo dedicado a ouvir histórias; ver o brilho
nos olhos das crianças, felizes por estarem vivendo esse momento. Ouvir
histórias negrorreferenciadas em sequência, com artistas de excelência, provoca
uma catarse gigantesca na vida: uma liberdade emocional, uma purificação dos
sentidos, uma limpeza energética libertadora, pois a ancestralidade africana,
toda ela, vem junto com cada contadora e contador, em reconhecimento ao valor
inestimável daqueles seres que vivem para exaltar a realeza africana que
fundamentou o planeta Terra e nossa jornada. O momento é mágico', finaliza
Kiusam Oliveira.
7 de dezembro
10h30 às 21h – Mercado Nyansapo – Empreendedorismo
de Protagonismo Negro
Feira com livros infantojuvenis, ilustrações, literatura afrofuturista,
trançaria e bonecas.
Local: Praça de Eventos
Ananse Ntontan – Encontro de Contação de Histórias
10h30 às 10h50 – Mediação de
leitura - Cia Alcina da Palavra – Tapetes de Histórias: Vozes Negras na
Literatura Local: Espaço de Leitura (1º andar da torre A)
8 de dezembro
10h30 às 18h – Mercado Nyansapo – Empreendedorismo
de Protagonismo Negro
Feira com livros infantojuvenis, ilustrações, literatura afrofuturista,
trançaria e bonecas.
Local: Praça de Eventos
Ananse Ntontan – Encontro de Contação de Histórias
10h30 às 10h50 – 1ª
História: Cia Alcina da Palavra – Tapetes de Histórias: Vozes Negras na
Literatura
Local: Espaço de Leitura (1º andar da Torre A)
Local: Praça de Eventos
Ficha Técnica - Ananse 2024
· Produção-executiva: Antonio Franco
· Produção: Vivi Bezerra
· Assistentes de produção: Eliana Peixoto e Juliana Melhado
· Designer: Juliana Barbosa
· Assessoria de imprensa: Iara Filardi
· Fotografia: Krika Matos
Sobre o Ananse.
O nome do festival, Ananse, é inspirado no símbolo Adinkra, que
representa a lenda de um homem que, com habilidade de tecer teias, conquistou
um baú de histórias e compartilhou-as com o mundo. Essa narrativa permeia o
evento, que busca articular o imaginário das crianças com temas contemporâneos,
como identidade, empoderamento e marcadores sociais.
ANANSE - Encontro de contação de histórias e
ilustração de autoria negra
Dias: De 5 a 8 de dezembro
Sesc Vila Mariana
Autoclassificação: Livre
Grátis
Sesc Vila Mariana | Informações
Endereço: Rua Pelotas, 141, Vila Mariana - São Paulo
Central de Atendimento (Piso Superior – Torre A): terça a sexta, das 9h
às 20h30; sábados, domingos e feriados, das 10h às 18h (obs.: atendimento
mediante a agendamento).
Bilheteria: terça a sexta, das 9h às 20h30; sábado, das 10h às 18h e das
20h às 21h; domingos e feriados, das 10h às 18h.
Estacionamento: R$ 8,00 a primeira hora + R$ 3,00 a hora adicional
(Credencial Plena: trabalhador no comércio de bens, serviços e turismo
matriculado no Sesc e dependentes). R$ 17 a primeira hora + R$ 4,00 a hora
adicional (outros). 125 vagas.
Paraciclo: gratuito (obs.: é necessário a utilização travas de
seguranças). 16 vagasInformações: 5080-3000
A menina da máscara de madeira
O conto A menina da máscara de madeira é parte do livro Não existe briga pequena e outros contos da savana africana, coletado pelo etnólogo maliano Amadou Hampâté Bã. Este conto aborda a temática da transformação e ensina a lição de não julgar pelas aparências. Ele revela que, muitas vezes, é necessário realizar longas jornadas para descobrir algo que já estava ao nosso alcance, ou até mesmo dentro de nós mesmos, como no caso da espiritualidade. O conto reflete a ideia de que as histórias são espelhos de nossa própria experiência.
Como os elefantes adquiriram suas trombas
A história, originária de Burkina Faso, foi trazida ao Brasil por
François Moise Bamba, um grande contador de histórias. Ao misturar o batuque
das palavras africanas com as cantigas do sudeste brasileiro, a narrativa
convida o público a embarcar numa jornada pela floresta ao lado de um pequeno
elefante curioso. Juntos, eles desvendam como os elefantes adquiriram suas
trombas. A fábula une as tradições africanas e brasileiras, proporcionando uma
experiência rica em sonoridade e aprendizado.
A menina Akili e seu tambor falante
Akili é uma menina africana que, ao lado de seu melhor amigo, um tambor
falante chamado Aláfia, sonha em tornar-se uma griote. Como guardiã da tradição
oral de seu povo, ela deseja percorrer o mundo, contando e cantando as
histórias de sua cultura e região.
Tapete de histórias: Vozes negras na literatura
Em um tapete ilustrado com os símbolos Adinkra, a mediação de leitura e
conversa sobre as autoras e autores negros vão permear os momentos da vivência.
Ayele (Conto africano)
Um pai leva sua filha para o mercado, onde a menina se encanta com as
cores, aromas e perfumes das frutas e tecidos, distraindo-se e se perdendo. Na
cultura africana da comunidade, cada criança recebe um nome conforme o contexto
histórico do seu nascimento. Preocupado, pois era a primeira vez que levava a
filha à feira, o pai começa a cantar em busca dela. Seu desespero toca
profundamente os outros feirantes, que, emocionados, se juntam a ele, cantando
juntos para ajudá-lo a encontrar a menina.
A mulher que via o vento
A brisa se perdeu em meio a muitos ventos e uma mulher capaz de ver o
vento vai a sua procura. No trajeto muitos outros ventos brincam, balançam,
derrubam e dançam com o seu corpo.
Raízes
A contação de histórias aborda o tema da autoestima negra de forma
poética e delicada, explorando um assunto historicamente sensível e doloroso.
Através de relatos pessoais e adaptações em diferentes contextos, a narrativa
propõe reflexões que permitem a adultos e crianças se conectarem com a ancestralidade
e a cultura afro-brasileira. A atividade visa sensibilizar o público sobre a
importância da autoestima e promover um entendimento mais profundo da
identidade negra.
Mercado Nyansapo - Empreendedorismo de Protagonismo
Negro
O Mercado Nyansapo é um espaço vibrante de troca e valorização cultural,
onde empreendedores e empreendedoras negras se destacam ao oferecer produtos e
serviços de excelência. Nesta edição, o público encontrará bancas
diversificadas, com roupas, livros, bonecos, papelaria, bijuterias e serviços
de trancistas.
Dentre os destaques estão iniciativas como a Caixoteca Literária
Negro-Brasileira, da professora Evaldete Maria, que promove a educação
antirracista por meio da literatura, inspirada na Lei 10.639/2003. Além disso,
Lucco Artesã traz bonecas negras que celebram personagens dos livros de Kiusam
Oliveira, enquanto editoras renomadas como Pallas, Boitempo e Cia das Letrinhas
oferecem um rico acervo com temáticas afrodescendentes.
No setor de moda e design, brilham marcas como a Confecção Identidade,
com peças confortáveis e inclusivas; Semente Crioula, que empodera crianças por
meio de roupas vibrantes; e Upcycling Jeans Híbrido, com acessórios únicos e
sustentáveis. Complementando a experiência, a trancista e educadora Adriana
resgata a ancestralidade ao transformar cabelos em expressões de cultura e
poder.
Outros destaques incluem o Quilombhoje Literatura, com a série Cadernos
Negros e publicações infantojuvenis, e a editora Afrodinamic, que enriquece o
mercado com livros e quadrinhos voltados para uma representatividade negra
positiva.
Dayo - Jogos africanos
Descubra o continente africano de uma maneira divertida e interativa na
Oficina de Jogos de Tabuleiro Africanos! Aprenda as dinâmicas de jogos
tradicionais de diferentes países africanos, enquanto explora a riqueza
cultural, histórica e científica de um dos continentes mais diversos do mundo.
Pempamsie (Mesa Reflexiva)
O Pempamsie (Mesa Reflexiva) é um espaço de diálogo e troca que promove
a reflexão sobre questões raciais e a valorização da cultura negra. Inspirado
pelo símbolo adinkra Pempamsie, que representa união, preparação e força
coletiva, o ambiente busca fomentar discussões construtivas sobre identidade,
ancestralidade e combate ao racismo. Por meio de rodas de conversa, debates e
atividades culturais, o Pempamsie se consolida como um espaço acolhedor e
potente para a conscientização, a educação e a construção de estratégias para a
transformação social.
Poesia Afro-diaspórica Eletropercussiva
É uma intervenção artística que combina poesia e experimentação sonora
em uma jornada vibrante e ancestral. Com beats e timbres eletrônicos de DJ
Evelyn Cristina, o espetáculo entrelaça as palavras poderosas da atriz e
performer Mafalda Pequenino com fragmentos de poemas de Maria Tereza, Cristiane
Sobral, Beatriz Nascimento, Assata Shakur e Carolina Maria de Jesus. Essa união
de linguagens celebra a ancestralidade afro-diaspórica, convidando o público a
uma travessia poética e musical, que homenageia os saberes além-mar e os
encontros que tecem a vida.
Dança: Ominla – Enoque Santos
É um espetáculo de dança que explora, de forma contemporânea, a
musicalidade e a mitologia africana presentes nos cultos afro-brasileiros,
especialmente no candomblé Ketu de matriz Yorubá. Inspirado na riqueza dos itas
– narrativas sagradas dos orixás –, o espetáculo combina a pesquisa sobre a
cultura do candomblé com arranjos musicais que integram violão, guitarra e
percussão, evocando os toques e melodias tradicionais. Celebrando a resistência
cultural e a história viva dos cultos africanos no Brasil, a obra convida o
público a uma imersão sensível e poética no legado ancestral.
Rotas Trançadas - Estratégias para Enfraquecer a
Violência Racista na Literatura
O encontro contará com a presença de Kiusam Oliveira e do escritor
Otávio Junior. Simultaneamente, a trancista Adriana Nunes Silva criará estilos
únicos nos cabelos dos convidados, celebrando a beleza negra e resgatando
histórias através das tranças. O público poderá participar do debate.
Mural As cabeçudas atravessamentos
Nenesurreal, representante do grafitti de São Paulo desde os anos 90,
realiza o mural As Cabeçudas – Atravessamentos. As Cabeçudas são
personagens que emergem das periferias brasileiras, inspiradas nas crianças das
quebradas, em busca do desconhecido. Na série Atravessamentos, essas
figuras amadurecem, tornando-se grandes mães simbólicas, nas formas das cabaças
— cabeças que pensam, mamas que nutrem e carregam saberes ancestrais. As
Cabeçudas investigam como, mesmo diante de desafios e atravessamentos,
essas mulheres mantêm a continuidade da vida, a potência da oralidade e
continuidade nos legados. A obra celebra a simbologia da ancestralidade
afrorrefenciada, do feminino e da resistência no cotidiano periférico, que,
diante de tantos atravessamentos, mantém a força dos saberes, sabores e a
continuidade da vida no Ayé, ou na terra.
Créditos: Iara | Iara Filardi
* Este conteúdo
foi enviado pela assessoria de imprensa
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