Mostra SCENA traz as obras Vanitas e CLOUD para a Semana da Cena Italiana Contemporânea, no Sesc Belenzinho, de 12 a 15 de dezembro *
Foto meramente ilustrativa. |
Em sua
quarta edição, o evento, que busca construir um olhar sobre as artes cênicas
italianas hoje, apresenta trabalhos que entrecruzam referências clássicas, como
as pinturas de natureza morta (vanitas) a um imaginário contemporâneo,
midiático e efêmero, como as “nuvens”, onde armazenamos informações (cloud)
A quarta edição da mostra SCENA – Semana da Cena Italiana Contemporânea em São Paulo acontece de 12 a 15 de dezembro de 2024, no Sesc Belenzinho, e traz dois trabalhos, Vanitas e CLOUD, de jovens e emergentes artistas, provenientes da Itália meridional e insular, com propostas que colocam lado a lado na cena a dança, a performance e as artes visuais. Com curadoria de Rachel Brumana e produção da Associação SÙ de Cultura e Educação, o evento é uma parceria entre o Instituto Italiano de Cultura de São Paulo e o Sesc SP. Após a sessão do dia 12 de dezembro, haverá um bate-papo com os artistas Giovanfrancesco Giannini, Fabio Novembrini e Roberta Racis, com mediação do artista e pesquisador Renan Marcondes.
Desde sua primeira edição em 2019, a SCENA busca apresentar um olhar sobre a Itália de hoje e estabelecer relações da mais recente produção das artes cênicas com a cena e a plateia brasileira. “A proposta é provocar essa troca por meio dos corpos, das falas, das poéticas e dos discursos. A cena que emerge da Itália hoje é ativa, contestadora, envolvente, reflexiva, instigadora, atenta a questões globais a partir dos espaços que a origina e por onde transitam artistas, pensamentos e colaborações”, coloca a curadora Rachel Brumana.
"Se os espetáculos abordam a precariedade da nossa existência, o teatro se propõe como uma afirmação e triunfo da vida, porque é, ele próprio, um acontecimento vivo, que agrega as pessoas e as faz sentir parte de um conjunto", afirmam Lillo Teodoro Guarneri, diretor do Instituto Italiano de Cultura de São Paulo, e Margherita Marziali, vice-diretora.
Este ano, em que se celebram os 150 anos da imigração italiana no Brasil, a mostra dedica-se a observar um momento potente da dança italiana e focar no trabalho de jovens criadores, provenientes do sul da Itália (Nápoles) e das grandes ilhas (Sicília e Sardenha). “São regiões de enorme tradição cultural, porém mais distantes dos grandes centros da produção cultural atual, concentrada sobretudo no centro e norte do país. As obras Vanitas e CLOUD entrecruzam temáticas e referências clássicas, como a pintura europeia pós-renascentista (o estilo vanitas, as naturezas-mortas) a um imaginário contemporâneo, midiático e efêmero (cloud, as “nuvens”, onde armazenamos informações)”, completa Rachel.
Sobre as
obras
Os dois
trabalhos apresentados ao público de São Paulo atravessam passado e
presente: Vanitas revisita a história da pintura
italiana e dialoga com o presente ao questionar a vaidade. Três jovens artistas
da dança, oriundos da Itália meridional e insular - Giovanfrancesco Giannini
(Nápoles), Fabio Novembrini (Sicília) e Roberta Racis (Sardenha) - usam
projeções e referências de obras na cena, misturando com imagens dos próprios
artistas. “Hoje penso na vaidade como uma das causas que levam à alienação e ao
egoísmo solitário que caracterizam o nosso tempo, uma espécie de estrutura
saturada de medos, obsessões capitalistas e um grande senso de inadequação que
habita cada um de nós e que, em nós, não pode encontrar solução. Sinto que,
muitas vezes, se prefere o preconceito à experiência, que se gasta demasiado
tempo se definindo através do olhar alheio para ser mais do que uma imagem”,
diz Roberta Racis sobre a criação da obra.
Na História da Arte, pinturas feitas no estilo vanitas (gênero comum nos séculos XV, XVI e XVII na Europa) desejam lembrar a efemeridade da vida, a futilidade de buscar prazeres e a certeza da morte.
Símbolos vanitas frequentemente
incluem caveiras, lembranças inevitáveis da morte; frutas apodrecidas, que
simbolizam a decadência trazida pelo envelhecimento; bolhas, fumaça, relógios e
ampulhetas, que evocam a brevidade e a natureza efêmera da vida. “Cada um de
nós hoje dialoga com a vaidade de forma diferente. Para mim, por exemplo, esse
diálogo não tem apenas um aspecto negativo. Quando me entrego à performance,
penso no fim de algo, mas nesse fim vejo a possibilidade de um renascimento, de
uma mudança. Imagino uma longa transição que, simbolicamente, se relaciona à
qualidade cinética do slow motion, um código que escolhemos para a performance.
Esse caminho difícil, feito de quedas, olhares e encontros, me leva a aceitar
que algo está acontecendo”, coloca Fabio Novembrini sobre a encenação.
No solo CLOUD, Giovanfrancesco Giannini une seus gestos a uma mistura de projeções da internet, de várias localidades, e de seu acervo pessoal. “A ideia de dialogar com imagens e, mais amplamente, com o elemento midiático e digital nasceu de uma reflexão sobre o conceito de arquivo, em especial os arquivos digitais que todos nós possuímos e armazenamos diariamente em nossos dispositivos. Sempre me fascinou a possibilidade de uma memória pessoal fora do corpo, mas que ainda nos pertence e frequentemente se entrelaça com uma memória que engloba a todos, tornando-se coletiva. O corpo ao vivo, em diálogo com essas imagens e com a cloud (nuvem) digital, tenta ressignificar essa memória e testemunhar sua existência: essa relação, que nasce por meio do meu corpo e que compartilho com o público, torna-se para mim um gesto político dissidente, de resistência e testemunho”, conta Giannini.
Para incorporar o fluxo digital na ação física, o trabalho usa a dilatação do tempo. Com essa ideia de longa duração, a prática física estabelece uma relação mais profunda e simbiótica com as imagens projetadas. Em slow motion reiterado, a exposição do corpo busca escapar de qualquer retórica. “O público pode assistir a essa transformação ao vivo e me ver empenhado nessa repetição obstinada. Acho interessante que as pessoas sejam testemunhas dessa tentativa. Ao longo dos anos, essa repetição gerou reações diversas no público: em alguns, ansiedade; em outros, uma suspensão e atenção profunda. Da minha parte, aceito ambas as respostas”, completa o artista.
Programação
Scena -
Semana da Cena Italiana Contemporânea
Sesc
Belenzinho - Sala de Espetáculos I. Rua Padre Adelino, 1000 – Quarta Parada,
São Paulo
Ingressos:
R$ 18 a R$ 60
Dias 12* e
13/12, quinta e sexta-feira, às 20h
Duração: 45
min | classificação indicativa: 14 anos
*após a
sessão do dia 12/12, haverá bate-papo com os artistas com mediação de Renan
Marcondes.
Sinopse
Em Vanitas (2024),
partindo de uma reflexão sobre a vanitas como gênero
pictórico, reinterpretam na contemporaneidade a iconografia da vaidade em
relação ao tema macro da crise de nosso tempo. Inquietação, crise de
pensamento, vazio de sentido: a vaidade como lei do mundo.
CLOUD
Dias 14 e
15/12, sábado, às 20h, e domingo, às 17h
Duração: 60
min. | Classificação indicativa: 12 anos
Sinopse:
CLOUD é uma
reflexão sobre a política das imagens e sobre a representação midiática dos
corpos, organizada em torno dos conceitos de duração e repetição. Em cena,
Giovanfrancesco Giannini usa imagens suas e outras retiradas da internet, em
diálogo com gestos e deslocamentos: a performance se desenrola em uma hora e é
composta por duas repetições de cerca de trinta minutos cada; o público pode
entrar e sair entre uma e outra. O conteúdo é o mesmo, mas o corpo e o espírito
do performer não serão os mesmos entre a primeira e a última réplica. A relação
com a violência das imagens adquire assim um caráter ritual e se inscreve no
contexto da fadiga física e mental, da obstinação de uma permanência prolongada
em cena. Estreou em 2019.
Fichas Técnicas
Vanitas
Criação:
Giovanfrancesco Giannini, Fabio Novembrini e Roberta Racis
Desenho de
Luz: Valeria Foti
Desenho de
Som: Samuele Cestol
Coordenação
Técnica da turnê: Mattia Bagnoli
Produção:
Körper Centro Nazionale di Produzione della Danza
Apoio: Primavera dei Teatri | Fattoria Vittadini |Centro di Rilevante Interesse per la Danza Virgilio Sieni | Istituto Italiano di Cultura di Parigi
CLOUD
Criação e
performance:
Giovanfrancesco Giannini
Pesquisa e curadoria: Gianmaria Borzillo, Denis De Rosa, Giovanfrancesco Giannini, Antonia Treccagnoli
Financiado por: MiC - Ministério da Cultura e Região da Campânia, Istituto Italiano di Cultura de Montreal, Dom Utopii - Międzynarodowe Centrum Empatii, Cracóvia
Mostra
SCENA 2024 - Semana da Cena Italiana Contemporânea em São Paulo
Idealização,
curadoria e direção de produção: Rachel Brumana
Gestão e
produção: Associação
SÙ de Cultura e Educação
Coordenação
administrativa: Marisa
Riccitelli Sant’ana
Produção
executiva: Dani
Correia
Comunicação: Luiza Alves
Logística e
financeiro: Paula
Malfatti
Design
gráfico e assistente de produção executiva: Veni Barbosa
Criação de
identidade visual: Érico
Peretta
Assessoria
de imprensa Canal Aberto: Márcia Marques, Daniele Valério e Flávia Fontes
SERVIÇO
curto da mostra
Mostra
SCENA 2024 - Semana da Cena Italiana Contemporânea em São Paulo
de 12 a 15
de dezembro de 2024
De quinta a
domingo | horário: de qui. a sáb., 20h; dom.; 17h
Sesc
Belenzinho
Material de
apoio:
Giovanfrancesco
Giannini é
coreógrafo e dançarino, nascido em Nápoles/Itália em 1990. Seus trabalhos foram
apresentados em festivais nacionais e internacionais, incluindo o Santarcangelo
Festival, FOG Triennale Milano Performing Arts, Fabbrica Europa, CCDC Festival
Hong Kong, Secret Florence e Autunno Danza. Em 2019, foi um dos vencedores do
edital Crossing The Sea, e em 2020 foi selecionado entre os artistas italianos
para o projeto CRISOL – creative processes, Boarding Pass Plus. Seu primeiro
trabalho, “CLOUD” (2019), foi selecionado para a Nid platform – open studios
2021 e Tanzmesse – open studios 2022. Em 2023, é um dos artistas apoiados pelo
R.O.M – Residencies On the Move, Creative Europe.
Fabio Novembrini é coreógrafo e dançarino baseado em Florença. Entre suas realizações mais importantes estão: ser artista Aerowaves Twenty22 com o projeto "Esercizi per un Manifesto Poetico" (2022); artista italiano escolhido para "Duetto a tre voci" (2019), projeto em parceria entre o C.S.C. de Bassano del Grappa e o Circuit-Est Centre Chorégraphique de Montreal; e performer na exposição "Marina Abramović. The Cleaner", no Palazzo Strozzi (2018). Desde 2017, é professor de Dance Well e, em 2018, começou a colaborar com a Fundação Palazzo Strozzi para o projeto "Corpo Libero". Em 2015, foi selecionado para o projeto europeu Dancing Museums e, no mesmo ano, integrou o Balletto di Roma.
Roberta Racis é coreógrafa e dançarina. Em seu trabalho, explora as possibilidades de interação entre movimento, voz e ritmo. Ela já dançou para a Companhia Portuguesa de Bailado Contemporâneo e para o Balletto di Roma. Desde 2018, desenvolve sua pesquisa coreográfica como artista convidada em diversos projetos europeus e internacionais (Performing Gender, D&D Dance and Dramaturgy, Crisol – creative processes). É artista Aerowaves Twenty22 com o projeto "Esercizi per un manifesto poetico". Atualmente, como intérprete, colabora com Alessandro Sciarroni, Enzo Cosimi e Francesco Marilungo. É professora de Dance Well – movimento e pesquisa para Parkinson.
Renan Marcondes é artista e pesquisador, representado pela OMA galeria. "Desaparecer: ausências do corpo na arte contemporânea", sua tese de doutorado premiada pela USP, foi publicada em 2023 pela Annablume. Atualmente realiza pesquisa de pós-doutoramento no departamento de filosofia da FFLCH. Diretor do núcleo de criação em dança Pérfida Iguana, com o qual atualmente desenvolve a pesquisa "Sem conteúdo de dança", contemplada pela 35ª Edição da Lei de Fomento à Dança para a cidade de São Paulo.
Sobre o
Instituto Italiano de Cultura de São Paulo
O Instituto
Italiano de Cultura de São Paulo é um órgão oficial do Governo Italiano. Foi
fundado em 1950 e se dedica a promover a cultura e a língua italiana, além de
enriquecer o panorama cultural em sua área de ação com iniciativas voltadas à
cooperação ítalo-brasileira neste setor. Localizado em um histórico casarão no
bairro de Higienópolis, o Instituto promove concertos, exposições, sessões de
cinema, palestras e encontros, e possui uma biblioteca com mais de 23 mil títulos,
a maioria em língua italiana, disponíveis para o público. O Instituto é também
fonte de informações sobre o país, cursos de língua italiana ministrados na
Itália e bolsas de estudo outorgadas pelo Governo Italiano.
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Créditos: Márcia Marques | Canal Aberto
* Este conteúdo
foi enviado pela assessoria de imprensa
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