Velha D+ reflete sobre feminismo e etarismo *
Foto meramente ilustrativa. |
Montagem gaúcha tem direção de Bob Bahlis, atuação de Fera Carvalho Leite e mescla teatro, música e dança
A
plataforma Platore e a ACBr - Associação
Brasileira de Análise do Comportamento se mobilizaram para que a peça Velha
D+ pudesse vir a São Paulo.
Uma mulher
de 40 e poucos anos precisa lidar com a morte da sua avó, a pessoa responsável
pela sua criação. Este é o ponto de partida do monólogo gaúcho Velha
D+, escrito por Fera Carvalho Leite, que está em cena,
e Bob Bahlis, que também assina a direção. O trabalho faz três
únicas e inéditas apresentações em São Paulo entre os dias 22 e 24 de
novembro, sexta e sábado, às 21h, e domingo às 19h, no Espaço de
Provocação Cultural (Rua Bento de Abreu, 151 - Vila Romana, São Paulo,
SP).
Essas
sessões foram viabilizadas pela comunidade teatral paulista por meio da
plataforma Platore para ajudar os artistas do Rio Grande do
Sul atingidos pela enchente de maio deste ano.
“Ella está
atordoada por ter sido chamada de velha na faculdade e por ter recebido fotos
de seu marido tomando café com uma colega de trabalho bem mais jovem no mesmo
dia em que ele pede e insiste para ter um filho”, conta Fera. Por isso, a
protagonista decide ir até a casa da avó em busca de um refúgio e de um momento
de autoconexão.
Esse
retorno ao passado possibilita o encontro dela com sua alma ancestral e seu
espírito jovem e selvagem, em uma busca por sua identidade e pela bênção de ser
quem ela é. É como um ritual, uma cura, um movimento para dentro de si para
então seguir adiante melhor, mais livre e mais feliz.
“Eu e o Bob
entramos na casa dos 50 anos e temos uns 30 anos de carreira. Na pesquisa
inicial, ele investigava o envelhecimento nos dois gêneros, mas percebeu o
quanto para a mulher envelhecer é muito mais cruel. Além disso, o contexto da
pandemia potencializou a agonia da sensação de ‘estarmos perdendo tempo de
vida’ quando ela se aproxima do fim. E, a partir disso, fomos mergulhando nesse
assunto em leituras, vídeos, conversas até criar o espetáculo”, detalha Fera.
“NÃO!!! A liberdade da mulher na verdade começou há milhares de anos
quando a primeira mulher rompeu o ciclo do ritual de acasalamento, disse NÃO à
cópula, e fugiu pra floresta e… menstruou… passou a ter TPM, ficou mais feroz,
se ligou nos ciclos lunares, conheceu as ervas que podiam agir a seu favor,
passou a se proteger e se defender sozinha… Essa foi a primeira revolução
feminina. O Não à procriação. A mulher aprendeu a dizer não por todas as vezes
que o sim lhe aprisionou.” Trecho da peça Velha D+
Para contar
essa história, os artistas optaram por uma cenografia funcional
que remetesse diretamente a uma casa de vó, com direito a poltrona, luminária,
mesa, altar, chá e fotografias. “Para o figurino, escolhemos um
vestido verde escuro, maleável para livre movimentação e fácil de vestir para a
troca da cena da Madonna, em que uso a típica meia arrastão e espartilho”,
comenta a atriz.
Como Fera é
bailarina e atriz, a dança está bastante presente no trabalho.
Ao mesmo tempo, a artista manifestou o desejo de cantar em
cena. “Trabalhei a voz com a Adriana Deffenti, uma cantora e atriz gaúcha que
adoro, e com a fonoaudióloga Ligia Motta para aperfeiçoar essa passagem da voz
falada (jovem e velha) e da voz cantada. Passei a ouvir muitas músicas que
falam desse lugar de mulher, de dores, conflitos, de prazeres, escolhas. Assim,
me cerquei de vozes que traduzem poeticamente as transições necessárias entre
uma cena e outra, como Mariana Volker, Mallu Magalhães e Flaira Ferro”,
acrescenta.
A peça
celebra três anos em cartaz e mais de 110 apresentações com grande
sucesso de público. Já foram realizadas temporadas em Porto Alegre (RS), Canoas
(RS), Unah Piracanga (Bahia), Ilha do Papagaio (SC), Praias de Atlântida e
Torres (RS), Caxias do Sul (RS), Bom Princípio (RS) e Santa Cruz do Sul (RS). Velha
D+ foi contemplada no Edital Fumproarte, realizando oito apresentações
nos abrigos de acolhimento aos refugiados da enchente do RS em Porto Alegre.
Por conta
do movimento solidário da plataforma Platore, São Paulo recebe quatro
apresentações do espetáculo - uma delas é fechada e acontece na abertura do 3º
Congresso da ACBR (Associação Brasileira de Análise do Comportamento) no Centro
Cultural Camargo Guarnieri, na USP - Universidade de São Paulo que tem como
tema Diversidade, Equidade e Inclusão e conta com o apoio do
Grupo Método, Skills, TatuTEA, Casa Três e Grupo Contingência.
Créditos: Daniele Valério | Canal Aberto
* Este conteúdo
foi enviado pela assessoria de imprensa
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