Um perfil poético construído pelo afeto *
Foto meramente ilustrativa. |
No livro "Na proa do trovão", Maurício Rosa usa poesia para recriar história do avô que nunca conheceu
O poeta Maurício Rosa nunca teve a oportunidade de
conhecer Armando, seu avô materno, a não ser por relatos fragmentados de outros
parentes. O desejo de preencher essa lacuna foi a inspiração por trás do
livro Na
prova do trovão, publicado pela editora Laranja Original. Mais
do que um retrato realista, a obra busca traçar uma genealogia baseada na
poesia e na imaginação.
Ao começar com o nascimento e terminar com a morte
do avô, um homem negro e de origem humilde, o livro reimagina momentos
importante da vida dele, com foco nas relações afetivas e familiares. Em
“Fascinação”, é traçado um paralelo entre a solidão e o abandono do parto de
Armando, filho de mãe solteira e pobre moradora do Rio de Janeiro, e a visita
oficial do rei da Bélgica na mesma cidade. Já “Menina do Mato (um amor)” e
“Carolina (outro amor)”, exploram os relacionamentos amorosos do avô, marcados
por momentos de ternura e desejo, mas também por outros mais sombrios.
Porém, a maioria dos versos se dedica ao casamento
com a avó do autor e a vida familiar que constroem juntos, com altos e
baixos. “A família” comenta sobre os noves filhos do casal e os possíveis
mistérios de suas origens. A seção “Tangará” aborda a relação com os tios,
padrinhos e vizinhos (esses últimos descritos como “fofoqueiras de terço na
mão” e “beberrões cheios de lábia”, que, apesar de não compartilharem do laço
sanguíneo, são uma extensão da família). “O Retrato”, último poema do livro, é
uma reflexão sobre a figura do avô, “herói comum de pouca odisseia”, e a
própria inventividade da obra.
Sem romantizar a jornada de Armando, Maurício Rosa relata
uma biografia relacionável que não costuma entrar em documentos históricos. O
perfil pode não trazer todas as informações sobre a vida de Armando, mas não
deixa de ser reconhecível e próximo a quem lê. Consciente da sua limitação de
fatos concretos, o autor recorre à linguagem e aos mecanismos poéticos para
esboçar o retrato do avô.
A obra ainda conta com uma apresentação e um
prefácio escritos respectivamente por Lilia Guerra, finalista do Prêmio São
Paulo de Literatura com o livro O céu para bastardos, e Lilian Sais, semifinalista do
Prêmio Oceanos 24 com O livro do figo. Sensível e terno, Na proa do
trovão é um exercício de construção literária que
demonstra a capacidade das palavras e do afeto de refazerem caminhos que não
puderam ser testemunhados.
FICHA
TÉCNICA
Sobre
o autor: Maurício Rosa vive em São Paulo. Aos 17 anos, ganhou
um prêmio de literatura em sua cidade, e isso o impulsionou a pensar a escrita
como uma possibilidade de carreira. Desde então, participou de diversas
oficinas com escritores renomados como Marcelino Freire, Bruna Mitrano, Luiza
Romão, entre outros. Tem textos publicados nas antologias Contos e
causos do Pinheirão, organizada por Nelson de Oliveira, e Retratos
pandêmicos, fruto do curso é Dia De Escrever. Atualmente, dedica-se
inteiramente à poesia e escreveu textos para revistas especializadas como Ruído
Manifesto, Leituras.Org, Revista Quiasmo, Littera 7, Revista Variações e
Revista Sucuru. É autor dos livros Vamos orar pela vingança, O longo
cochilo da ursa e Na proa do trovão.
Redes
sociais do autor
Instagram: @mauricio._.rosa
Créditos: Maria Clara Menezes | LC Agência de Comunicação
* Este conteúdo
foi enviado pela assessoria de imprensa
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