Teia de afetos e desigualdades marcam romance policial brasileiro *
Foto meramente ilustrativa. |
Em "Codinome Beija-flor: Noite Escura", as trajetórias de diferentes pessoas são entrelaçadas por uma tragédia que põe à prova laços familiares e revela violências sociais
Codinome Beija-flor:
Noite Escura, escrito por F. M. Segirl, é um
retrato das desigualdades e seus impactos na vida dos brasileiros. Com
diferentes personagens e pontos de vista, o romance policial conduz os leitores
pelos mistérios acerca de uma morte, ao passo que detalha relações complexas
marcadas por questões de classe, discriminações raciais, violências de gênero e
abusos.
Os enigmas começam quando o estudante Luís recebe
uma caixa de papelão na sua casa de veraneio em Búzios, uma semana após a morte
da namorada Bia. Dentro do objeto, há uma carta e várias provas de um crime que
teria levado à morte da jovem no mar. Quando o pacote chega ao conhecimento da
irmã do adolescente e jornalista, Tammy, ela decide iniciar uma investigação
com apoio de um veículo local.
A tragédia é pano de fundo para uma cadeia de relações
que reflete sobre os impactos emocionais das diferenças socioeconômicas
presentes no país. Enquanto Luís vem de uma família abastada e amorosa, Bia é
filha de empregada doméstica e de um caseiro e precisa lidar com diversos
problemas para que os pais se mantenham no trabalho.
Bia sabia que, antes
de voltar, precisava esperar seu pai se aposentar. Só assim para que seus pais
pudessem pedir demissão das funções de caseiro e de empregada doméstica, para
que, enfim, voltassem novamente a morar em Nova Iguaçu. Voltassem às suas
origens. Mesmo morando em um lindo lugar, não se sentia bem ali, pois eles eram
empregados, não donos de nada. (Codinome Beija-flor: Noite Escura, p.
87)
Esses contextos atravessam não apenas o namoro dos
dois, mas o de todos os personagens da trama. Ricardo, por exemplo, é um dos
narradores e melhor amigo do protagonista. Soberbo e egoísta, ele tem papel
importante na narrativa depois de descobrir que a babá responsável por cuidar
dele durante uma infância negligenciada é a tia de coração de Bia.
Com uma narrativa repleta de diferentes vozes e
linhas do tempo, F. M Sergirl explora problemáticas atuais. A
pressão social enfrentada por jovens desde a escola, as diferenças atreladas à
classe econômica e as consequências de crescer sem afeto são alguns dos temas
abordados. Mais que um romance policial, Codinome Beija-flor: Noite Escura é
uma trama sobre os dilemas sociais do Brasil contemporâneo.
Sobre
a autora: Fabricia Miranda é roteirista, escritora,
pesquisadora e moradora do Complexo de Manguinhos, no Rio de Janeiro. Além de
estudar as favelas cariocas, é uma das responsáveis pelo projeto Os Favelados
Pod, podcast que surgiu no Vidigal para contar histórias sobre
cultura, resistência e transformação. Também é formada em Educação Física pela
UFRJ e tem licenciatura em Ciência Política pela Unirio. Como escritora,
publicou o livro Codinome Beija-Flor: Noite Escura e assina
com o nome F. M. Segirl.
Créditos: Maria Clara Menezes | LC Agência de
Comunicação
* Este conteúdo foi enviado pela assessoria de imprensa
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