Queen: 50 anos de “Sheer Heart Attack”
"Sheer Heart Attack", do Queen, completa 50 anos de lançamento em 2024 |
Gravado
entre julho e setembro de 1974 em quatro estúdios diferentes na Inglaterra e no
País de Gales – Trident, Wessex, Rockfield e Ar -, o terceiro álbum do Queen, “Sheer Heart Attack”,
foi lançado em 8 de novembro de 1974 e foi produzido pela banda juntamente com
Roy Thomas Baker e o competente Mike Stone como engenheiro.
O
disco chegou ao segundo lugar nas paradas do Reino Unido e foi o primeiro
trabalho do Queen a entrar no Top 20 nos EUA, onde conseguiu a impressionante
12ª posição nas paradas naquele país, além de boas posições em paradas de
outros países. E, assim como o álbum anterior, a imagem da capa de “Sheer Heart Attack”
traz uma fotografia da banda registrada pelo excelente Mick Rock.
E
a prévia do sucesso que o Queen alcançaria com “Sheer Heart Attack” se deu justamente com o lançamento
do primeiro single do álbum, que apareceu algumas semanas antes do play, em 11
de outubro de 1974, que trazia no lado A a arrebatadora “Killer Queen”,
que teve a faixa “Flick
Of The Wrist” no lado B. O single alcançou um respeitável 12º
lugar na Billboard 200, o que fez da música o primeiro hit norte-americano da
Rainha, logo, sucesso enorme no mundo todo. E com um detalhe: sem vídeo
promocional.
O
álbum abre com “Brighton
Rock”, uma excelente composição de Brian May, que conta a
história de aventuras extraconjugais de dois jovens amantes. O guitarrista
detona tudo com os riffs e solos que, inclusive, tiveram suas variações tocadas
nas performances que May fazia em “Son And Daughter”, ou seja, foi composta em 1973,
antes da conclusão de “Queen II”.
Na
sequência, o “carro-chefe” do disco, a inigualável “Killer Queen”, de Freddie Mercury, que fala a
respeito da vida de uma prostituta de luxo. A banda a gravou inicialmente sem
Brian May, que estava no hospital se recuperando de uma úlcera duodenal. A
parte da guitarra foi inserida posteriormente e, inclusive, foi considerado um
dos solos mais originais da história do rock. A banda ganhou o prêmio Ivor
Novello por ter sido a canção do ano na Inglaterra. Com a inconfundível voz de
Freddie Mercury e o toque do piano é impossível não reconhecer essa música.
Praticamente o primeiro grande clássico da Rainha.
O
disco dá continuidade com a ”Tenement
Funster”, escrita por Roger Taylor, que também fez os vocais.
Na gravação, Taylor gravou a bateria, Freddie fez o piano e John Deacon gravou
as partes do baixo e a guitarra (que foi feita com a Red Special de May, que
estava se tratando). A letra aborda a rebeldia de um jovem roqueiro.
A
quarta faixa é “Flick
Of The Wrist”, de Freddie Mercury, que se destaca pelas belas
vocalizações feitas pelos integrantes da banda, do mesmo modo que fizeram para “Somebody To Love”,
só para exemplificar. Bela música.
O
quinto tema é “Lily
Of The Valley”, composta e cantada por Mercury. Linda balada em
que o vocalista a conduz com a sua linda voz e também toca piano. Uma pena que
uma música tão boa ser tão curta (menos de dois minutos de duração).
E
o lado A do vinil termina com “Now I’m Here”, que é o segundo single do álbum. A
música foi escrita por Brian May, ainda internado, e foi gravada nas últimas
sessões do disco, com ele tocando piano. Um Hard Rock de responsa. Clássico.
O
outro lado da “bolacha” começa com a primeira parte de “In The Lap Of The Gods”,
que é uma espécie de “prelúdio” de “Bohemiam Rhapsody” por trazer as clássicas
vocalizações e construída em três partes: a introdução, que contém arpejos de
piano rápido, muito falsetes alta enfraquecida por Taylor, a segunda parte, que
é uma canção lenta de amor, com desacelerados vocais de Mercury, e a terceira
parte, com base em harmonias vocais cantando “leave it in the lap of the Gods“, com mais falsetes
por Taylor. Essas notas altas foram pensados para ser feita utilizando
sintetizadores, e para provar que não eram, Taylor iria reproduzi-los em
performance ao vivo todas as noites. Ao longo de toda a música, efeitos do
vento pode ser ouvido.
Posteriormente
aparece o tema mais pesado do Queen: a pedrada “Stone Cold Crazy”, a primeira música composta
pelos quatro integrantes da banda. A faixa fala a respeito de gangsters,
referindo-se a Al Capone. A sua origem nem os próprios integrantes saberiam
afirmar, uma vez que a música sofrera várias alterações e, então, eles resolveram
a questão da autoria de uma forma simples: crédito para todos. Foi tocada ao
vivo pelo Metallica em 1993 e regravada em estúdio em seu “Garage Inc.”, de
1998.
Brian
May volta a mostrar seu lado de compositor com a curta “Dear Friends”,
onde ele toca piano e faz os backing vocals. A música fala do vínculo de
amizade que deve durar para sempre. O Def Leppard regravou a canção para o EP
bônus do Wal Mart do álbum de covers “Yeah!” (2006), com os vocais feitos pelo baixista Rick
Savage.
E
John Deacon contribuiu pela primeira vez ao compor a bem estruturada “Misfire”. O
baixista tocou a maior parte das guitarras, inclusive o solo, e o vocal ficou a
cargo de Freddie.
Na
continuidade, o disco segue com a excelente “Bring Back That Leroy Brown”, que se destaca pela
performance de Mercury e o suporte que a banda dá nos vocais. Lembra músicas
dos anos 1950. O título faz uma alusão a “Bad Bad Leroy Brown”, do cantor e compositor
norte-americano Jim Croce (pouco conhecido no Reino Unido, terra-natal do
Queen), que morrera no ano anterior em um acidente aéreo. Brian May toca
ukelelê, instrumento que só era levado para os shows exclusivamente por causa
dessa faixa.
A
penúltima canção é “She
Makes Me (Stormtrooper In Stilettos)”. Escrita e cantada por
Brian May, a música não tem uma temática específica, mas demonstra um lado
sombrio e agonizante ao trazer sirenes de polícia e sons de respiração
profunda. Parte do título da música foi usada para uma exposição sobre a banda
realizada em 2011 no Old Truman Brewey, em Londres, cujo título era: “Stormtrooper In Stilettos:
Queen, The Early Years”.
Para finalizar, “In the Lap of the Gods… Revisited” que, apesar do nome, é totalmente diferente da faixa homônima mencionada. A música era o tema de encerramento dos concertos da banda antes da existência de “We Are The Champions”.
Para promover o álbum, a turnê começou em outubro de 1974 e durou até maio de 1975 e foi dividida em três partes, sendo 77 apresentações individuais. Essa foi a primeira turnê mundial do Queen. Entre os grupos que fizeram a abertura para Freddie Mercury e sua trupe estavam o pessoal do Kansas, o Styx e o Hustler.
“Sheer Heart Attack”
é um grande trabalho do Queen. Pois, foi nele que a banda alcançou o almejado
sucesso global e pode usufruir de toda sua extravagância e experimentações. O
play é o embrião do que viria ser a obra-prima definitiva da Rainha: “A Night At The Opera”.
E só para deixar registrado: a música que leva o nome do álbum foi lançada
apenas em “News Of The World”,
de 1977.
E, “God save the Queen”.
Abaixo, a ficha técnica e o tracklist do disco.
Por Jorge
Almeida
Comentários
Postar um comentário