Exílio: notas de um mal-estar que não passa, do Coletivo Legítima Defesa, reestreia no Galpão do Folias *
Foto meramente ilustrativa. |
Trabalho metalinguístico explora as poéticas de Abdias Nascimento e Augusto Boal na peça, com direção de Eugênio Lima
Depois de uma temporada de estreia de sucesso no Sesc 14 Bis, o Coletivo Legítima Defesa faz mais cinco apresentações em novembro de Exílio: notas de um mal-estar que não passa. As sessões acontecem em novembro, no Galpão do Folias - Espaço Reinaldo Maia (Rua Ana Cintra, 213, Santa Cecília, São Paulo) nos dias 14 (quinta, às 21h), 16 (sábado, às 20h e às 22h) e 17 (domingo, às 19h e às 21h). Os ingressos custam de 15 a 30 reais, e podem ser adquiridos no link sympla.
Partindo da ideia de que negritude é construir outros futuros, o trabalho é definido pelo grupo como uma “transcriação da poética” do período de exílio vivido por Abdias Nascimento (1914-2011) e a sua relação com Augusto Boal (1931-2009). Por isso, para a construção dramatúrgica, Eugênio Lima e Claudia Schapira se inspiraram livremente nas peças escritas pelos dois autores, além de utilizarem vários materiais de pesquisa do acervo do TEN – Teatro Experimental do Negro.
“A peça é fundamentada na ideia de que existe uma relação entre o Abdias Nascimento e o Augusto Boal que não foi contada. Nosso principal argumento é que o início do Teatro Experimental do Negro se funde com o começo da carreira dramatúrgica do Boal, já que o primeiro texto que ele escreveu foi para o TEN”, comenta Lima, que também assina a direção de Exílio.
A montagem inclui O Imperador Jones e Todos os Filhos de Deus Têm Asas (Eugene O’Neill), O Logro (Augusto Boal), Sortilégio – Mistério Negro (Abdias Nascimento) e Murro em Ponta de Faca (Augusto Boal). Para Abdias, todo negro fora da África vive um autoexílio. Esse conceito permeia o espetáculo, que usa metalinguagem com a equipe técnica em cena e Eugênio dirigindo como em um ensaio.
No palco existe um grande “tapete da memória”, criado pela projeção, por onde transitam seis performers negres: Walter Balthazar, Luz Ribeiro, Jhonas Araújo, Gilberto Costa, Fernando Lufer e Thaís Peixoto (atriz convidada). Ainda há a participação da atriz Luaa Gabanini (em vídeo). Por convenção, o grupo estabeleceu que quem não estiver no “tapete” está fora de cena, entretanto, como eles nunca abandonam o espaço, os espectadores sempre os veem.
O cenário
de Exílio: notas de um mal-estar que não passa inclui
projeções de documentos históricos do IPEAFRO e Instituto Boal, com videografia
de Bianca Turner e luz de Matheus Brant. No som, o espetáculo traz depoimentos
de Léa Garcia, Ruth de Souza e Abdias do Nascimento, além de obras de Frantz
Fanon. A trilha explora ritmos variados, com Hip Hop dos anos 1980 e 1990,
Philip Glass, Racionais MC’s, tambores de candomblé, Billie Holiday e Marvin
Gaye, sob direção musical de Eugênio Lima.
A ação ocorre em um local indefinido, atravessando as décadas de 1940 a 1970. O figurino de Claudia Schapira, com peças chave de cada época, situa os personagens, mantendo os atores sempre em "roupa de ensaio". A paleta de cores em preto e branco, definida pelo diretor, remete à primeira peça do grupo e reforça o aspecto documental, explica Eugênio.
Créditos: Daniele Valério | Canal Aberto
* Este conteúdo
foi enviado pela assessoria de imprensa
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