"Burle Marx Tapeceiro" apresenta faceta pouco conhecida do consagrado paisagista-artista *
Livro reúne a produção de tapeçarias materializadas ao longo de
quatro décadas, de 1950 a 1980
Para além do paisagismo
que o consagrou, há um segmento ainda pouco conhecido da multifacetada
atividade de Roberto Burle Marx, que é a profícua produção de tapeçarias. “Burle
Marx Tapeceiro”, livro escrito pelo arquiteto e historiador de arquitetura
e artes visuais Guilherme Mazza Dourado, a ser lançado em novembro,
na Arte132 Galeria, pela Luste Editores, explora esse perfil do consagrado
artista e paisagista.
Fruto de uma extensa
pesquisa do autor sobre as experiências de Burle Marx com a arte têxtil, a
edição é o primeiro estudo dedicado unicamente às tapeçarias do artista, feitas
principalmente em lã natural e teares manuais de alto liço (fio de metal com um
elo, usado para tear) por ateliês nacionais e internacionais, reconhecendo
Burle Marx como um pioneiro da tapeçaria moderna brasileira, sendo, inclusive,
o primeiro brasileiro a fazer uma tapeçaria moderna em Aubusson, na França.
O livro nasce do desejo
do autor de dar visibilidade ao domínio da arte e da técnica de Burle Marx que,
até hoje, não recebeu a devida atenção. Em 2024, completam-se 30 anos da morte
de Burle Marx e, em homenagem à história do paulistano pouco difundida, a
publicação resgata a produção de tapeçarias materializadas pelo artista ao
longo de quatro décadas, entre os anos 1950 e 1980, passando pelo início da
trajetória têxtil de Burle Marx, na região de Aubusson, na França — polo de
ateliês de tapeçarias que teve diversos artistas convidados a se expressar por
meio da técnica tecelã, entre eles, Calder, Picasso e Burle Marx —, até os
registros da maior parte de sua produção, que ocorreu em São José dos Campos.
Trajetória
na arte têxtil
O livro é dividido em
três capítulos: “ingresso na arte têxtil”; “trabalhos em Brasília”;
e “parcerias com Clemente Gomes”.
O primeiro capítulo
aborda o início da trajetória do paisagista na tapeçaria, especialmente por
meio do encargo comissionado em 1953 pelo empresário Ernesto Waller, no
contexto de uma onda de interesse pelas tapeçarias modernas francesas, que
chegaram ao Brasil em meados da década de 1940, após a atuação pioneira de
Burle Marx em Aubusson, na França.
O capítulo seguinte, “trabalhos
em Brasília”, destaca as encomendas realizadas para os órgãos
governamentais e residências oficiais da capital federal, impulsionadas pelo
diplomata Wladimir Murtinho, personagem fundamental na projeção internacional
de Burle Marx e na contratação, em 1965, da grande tapeçaria do Palácio
Itamaraty e do Congresso Nacional.
Uma das histórias
exploradas neste capítulo versa sobre a tapeçaria encomendada a Burle Marx para
ornamentar o Salão Negro do Congresso Nacional, e que hoje integra o acervo do
Museu do Senado. Medindo 4,83 de comprimento por 3,28 metros de altura, a peça
foi urdida em 1973 e passou por um cuidadoso restauro em 2023, após ser
danificada durante os ataques de 8 de janeiro de 2023 em Brasília.
Por fim, o último
capítulo, “parcerias com Clemente Gomes”, narra a relação profissional
entre o artista e o empresário, que dirigiu um próspero conglomerado de
empresas originado a partir da Tecelagem Parahyba. Essa parceria acarretou a
criação da Indústria de Trabalhos Manuais (ITM), em São José dos Campos, no
estado de São Paulo, que funcionou como ateliê para a confecção do mais extenso
elenco de tapeçarias do paisagista-artesão — entre a segunda metade da década
de 1960 e o fim dos anos 1980.
“Burle Marx Tapeceiro” apresenta
um panorama dos painéis têxteis, cartões de produção, maquetes, estudos e obras
de referência do artista, de modo a evidenciar o papel que Burle Marx teve
também na tapeçaria moderna brasileira, para além da arquitetura e paisagismo.
Sobre
Guilherme Mazza Dourado
Guilherme Mazza Dourado é
arquiteto e historiador de paisagismo, arquitetura e artes visuais. O
pesquisador tem pós-doutorado pela Faculdade de Arquitetura e Urbanismo da
Universidade de São Paulo (2016), é doutor (2009) e mestrado (2000) pelo
Departamento de Arquitetura e Urbanismo da Escola de Engenharia de São Carlos
da Universidade de São Paulo. Foi articulista e ensaísta da revista Projeto,
além de enviado especial da publicação no Brasil e no exterior (1988-1996).
Entre outros livros
impressos, é organizador de “Folha em Movimento. Cartas de Burle Marx” (Luste
Editores, 2022), autor de “Belle Époque dos Jardins” (Ed. Senac SP, 2011) e de
“Modernidade Verde. Jardins de Burle Marx” (Ed. Senac SP/Edusp, 2009), os três
laureados com o 1º Prêmio na categoria de Trabalhos Escritos Publicados do
Prêmio Design do Museu da Casa Brasileira, nas edições de 2009, 2011 e 2022, e
o segundo também finalista na categoria de Arquitetura e Urbanismo do 54º
Prêmio Jabuti, em 2012, e coautor de “Oswaldo Arthur Bratke. A arte de bem
projetar e construir” (PW Editores, 2012).
Sobre
a Luste Editores
A Luste Editores é um
Atelier Editorial & Multimídia com 14 anos de atuação no mercado editorial
brasileiro, especializado em publicações especiais que abrangem temas diversos.
Com um forte compromisso em fomentar a arte, a cultura e o trabalho de artistas
contemporâneos, a Luste desenvolve projetos criativos autorais e sob medida,
destacando-se em colaborações com grandes marcas, como a comemoração dos 45
anos da Ellus e dos 110 anos da marca de açúcar União.
A editora é reconhecida
pela criação de livros-objeto que ajudam a consolidar novos posicionamentos de
mercado, registrando e celebrando legados através de projetos que aliam arte e
conteúdo. Cada trabalho é desenvolvido com tempo e dedicação, visando sempre a
entrega de projetos de alta qualidade, com um olhar atento ao valor atemporal
do livro como registro do passado, presente e futuro.
Sobre
a Arte132 Galeria
Fundada em 2021, por
Telmo Porto, o propósito da Arte132 é expor e manter em acervo artistas
brasileiros reconhecidos.
Nascido em 1955, no Rio
de Janeiro, Telmo viveu boa parte da vida na cidade de São Paulo. Formou-se
engenheiro civil ferroviário, professor e doutor pela Escola Politécnica da
USP, onde lecionou por mais de 30 anos. Exerceu a profissão de forma notável,
tanto no âmbito público quanto privado, até o final de sua vida. Paralelamente
à engenharia, foi amante e profundo conhecedor das artes, integrando conselhos
de grandes instituições culturais, fomentando e participando ativamente da vida
cultural de São Paulo.
Durante 30 anos, atuou
como Patrono do Museu de Arte Moderna de São Paulo [MAM-SP]. Nessa mesma
instituição, exerceu o cargo de diretor administrativo, entre 2019 e 2022,
ajudando a consolidar uma nova fase do MAM-SP. Membro do Conselho Deliberativo
do Museu de Arte de São Paulo [MASP], no período entre 2014 e 2022, participou
ativamente das atividades do museu como integrante do Comitê Cultural e do
Comitê de Infraestrutura. Foi também diretor no Museu Brasileiro de Escultura e
Ecologia [MuBE], nos anos 2000. Ao longo de sua vida, Telmo realizou
incontáveis doações de obras de arte para esses importantes museus e,
principalmente, à Pinacoteca do Estado de São Paulo.
A Arte132 Galeria é fruto
[e legado] dessa grande trajetória. Telmo apoiava diretamente artistas e
músicos em suas produções e entendia que a arte de um país e de um período não
é constituída apenas por alguns nomes definidos pelo mercado, mas por todos os
artistas que desenvolveram um entendimento do mundo e do homem em determinado
momento. Dessa forma, ele possuía particular interesse na produção menos
conhecida dos mais reconhecidos, além da produção dos pouco consagrados pela
História da Arte Brasileira, mas que demandam [e merecem] uma revisão.
Sua intenção inicial
sempre foi privilegiar, mas sem exclusividade, as realizações mais autorais dos
artistas, menos sujeitas às limitações materiais de execução ou de
sobrevivência econômica dos autores. Nas suas palavras, “pretendemos reincluir
nomes no cenário das galerias e instituições, sempre com orientação curatorial
e escolhas motivadas”.
Até o momento, a casa serviu como um ponto de conexão entre vários tempos e as muitas manifestações artísticas. Das artes visuais à música, a Arte132 é um lugar de encontros, diálogos e descobertas onde todos são bem-vindos.
Créditos: Julio Sitto | A4&Holofote Comunicação
* Este conteúdo
foi enviado pela assessoria de imprensa
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