MAM São Paulo anuncia abertura do 38º Panorama da Arte Brasileira: Mil graus *
Foto meramente ilustrativa. |
Esta edição da exposição bienal do MAM apresenta 34 artistas de 16 estados brasileiros, e traz mais de 130 obras, sendo 79 inéditas, e projetos especiais, como o ambiente 3D e o podcast. O 38º Panorama acontecerá de 5 de outubro de 2024 a 26 de janeiro de 2025 e, em função da reforma da marquise do Parque Ibirapuera, a mostra será exibida no MAC USP
O Museu de Arte Moderna de São Paulo inaugura em 5 de outubro o 38º Panorama da Arte Brasileira: Mil graus, exposição com curadoria de Germano Dushá e Thiago de Paula Souza, e curadoria-adjunta de Ariana Nuala, cujo título evoca a ideia de um “calor-limite”, onde tudo se transforma, fazendo referência às condições climáticas e metafísicas intensas que desafiam e conduzem a processos inevitáveis de transmutação. Nesta edição, a mostra bienal do MAM apresenta 34 artistas de 16 estados brasileiros. Acesse aqui mais informações sobre a lista de artistas.
Em função da reforma da marquise do Parque Ibirapuera no trecho
em que o MAM está sediado, esta edição do Panorama será apresentada no Museu de
Arte Contemporânea da Universidade de São Paulo, instituição parceira e que
divide uma mesma origem com o MAM. A exposição vai ocupar partes do térreo e o
terceiro andar do MAC USP com mais de 130 obras, sendo 79 inéditas, realizadas
para o 38º Panorama.
“Faz alguns anos que o MAM tem estabelecido parcerias com as
instituições do eixo cultural do Parque Ibirapuera. Realizar o 38º Panorama da
Arte Brasileira do MAM no MAC, além de uma aproximação histórica entre as duas
instituições, é um momento de integração e soma de esforços em benefício da
arte”, comentam Elizabeth Machado e Cauê Alves, respectivamente presidente e
curador-chefe do MAM.
Para José Lira, diretor do MAC USP, “é com grande satisfação que
o Museu de Arte Contemporânea da Universidade de São Paulo abre suas portas ao
38o Panorama da Arte Brasileira, realizado pelo Museu de Arte Moderna de São
Paulo (MAM). Parcerias institucionais para realização de exposições, eventos e
acordos de cooperação sempre fizeram parte da história do MAC USP, e, desde
2018, quando da coincidência entre os 55 anos do MAC e os 70 anos do MAM, a
aproximação entre os dois museus se intensificou.”
A pesquisa da curadoria foi norteada a partir de cinco eixos
temáticos: Ecologia geral, Territórios originários, Chumbo
tropical, Corpo-aparelhagem, e Transes e travessias. Os eixos não
funcionam como núcleo ou segmentos da exposição, mas sim como fios condutores
que instigam reflexões e leituras, traçando possíveis relações entre os
trabalhos a partir dessas perspectivas.
Em Ecologia geral, são destacadas noções ecológicas e
práticas ambientais ampliadas que se orientam por uma visão de
interconectividade total. Já em Territórios originários, estão
narrativas e vivências de povos originários, quilombolas e outros modos de vida
fora da matriz uniformizante do capital, capazes de refletir visões
alternativas sobre a invenção e a atual conjuntura do Brasil. Chumbo
tropical, por sua vez, trará leituras críticas que subvertem imaginários e
representações do Brasil, colocando em xeque aspectos centrais da identidade
nacional.
Corpo-aparelhagem é a linha que busca evidenciar
intervenções experimentais e reflexões sobre a contínua transmutação corpórea
dos seres e das coisas, com seus hibridismos e suas inter-relações,
enquanto Transes e travessias aborda conhecimentos transcendentais,
práticas espirituais e experiências extáticas que canalizam os mistérios
vitais.
Advânio Lessa construiu uma série inédita de esculturas que
aludem a uma rede formada por diferentes polos e conectadas em diferentes
espaços: o MAC USP, o Museu Afro Brasil Emanuel Araujo, o Caserê e a
UMAPAZ. Adriano Amaral criou uma instalação comissionada para o
térreo do MAC USP, a obra Cabeça-d’água (2024), uma estrutura
arquitetônica, espécie de cápsula octogonal, que traz em suas paredes peças
inéditas da série Pinturas protéticas (2022).
Ana Clara Tito apresenta uma instalação comissionada que
ocupa o piso do campo expositivo com uma composição de peças em diferentes
escalas, como uma ecologia rizomática. Com a obra comissionada Ascendendo o
silêncio (2024), Antonio Tarsis toma o centro de uma
das alas do campo expositivo.
Davi Pontes apresenta um trabalho comissionado no qual
segue elaborações anteriores, envolvendo a criação de um repertório em conjunto
com uma dupla de performers. Um registro documental inédito do centro
espiritual e das obras de Dona Romana, líder espiritual da Serra de
Natividade, uma das cidades mais antigas do Tocantins, será exibido em larga
escala no campo expositivo.
Com duas obras inéditas, frutos de processos anteriores, mas que
culminaram em projetos comissionados para o 38º Panorama, Frederico
Filippi aborda a colisão e o atrito como ferramentas conceituais para
reelaborar criticamente o imaginário social do Brasil e da América do Sul sob
as marcas indeléveis do capitalismo avançado. Gabriel Massan apresenta
um novo desdobramento de sua obra Baile do terror (2022-2024), no qual traça um
paralelo entre a escalada de tensões e violências em âmbito global e os traumas
da “guerra às drogas” no eixo Rio-São Paulo.
Ivan Campos apresenta a obra que marcou sua trajetória como
seu projeto mais desafiador: uma pintura sem título (2008 - 2010), de sete
metros horizontais, que levou um ano para ser concluída e traz os principais
aspectos de sua obra. Em tons de verde e azul, o artista dá vida a uma selva
intrincada, onde tudo está em movimento.
Falecido durante a concepção do 38º Panorama, Jayme
Fygura é o único artista não vivo a compor a exposição, e sua participação
é uma homenagem à sua trajetória e à sua obra que combina a pintura, com a
tradição da escultura em metal, da poesia marginal, do rock e das denúncias de
opressões cotidianas.
A colaboração entre Jonas Van e Juno B. resultou na
videoinstalação imersiva Visage (2024), uma experiência ambiental
envolvente que combina esculturas e mobiliários feitos com peças
automobilísticas, luz, som e vídeo. José Adário dos Santos traz ao
38º Panorama um conjunto de esculturas que se referem a divindades e entidades
das religiões de matriz africana, como Ogum Oniré, Oxossi Odé, Agué, Padilha e
Exu, e Joseca Mokahesi Yanomami apresenta dez obras inéditas.
Lais Amaral participa com duas pinturas da série Como um
zumbido estrelar, um pássaro no fundo do ouvido, Sem título
I e Sem título II, ambas de 2024, enquanto Labō e
Rafaela Kennedy apresentam uma série de fotografias em que mergulham no
entrelaçamento entre fenômenos naturais e cenários urbanos do Norte do
Brasil.
Lucas Arruda exibe uma série de pinturas que sugerem um
espaço entre o real e o imaginário, com paisagens que caminham entre o
figurativo e o abstrato. Com uma obra comissionada, Marcus
Deusdedit desdobra sua investigação sobre a edição de objetos,
reformulando um equipamento de exercício físico para discutir questões sociais
e políticas.
Marina Woisky apresenta uma instalação formada por uma
série de peças inéditas, nas quais toma como ponto de partida as ilustrações
científicas e representações idealizadas, que combinam diferentes eras e
regiões para demonstrar o movimento ou a evolução da vida biológica na
superfície terrestre.
Maria Lira Marques leva uma série com mais de dez desenhos
sobre pedras e Marlene Almeida apresenta duas obras com dinâmicas
distintas: Derrame (2024),
uma instalação inédita feita com recortes de algodão cru tingidos com pigmentos
originários do basalto e rocha vulcânica, e Tempo voraz II (2012),
obra em que a artista reflete sobre questões existenciais diante da fugacidade
da vida. O grupo MEXA traz, em apresentação única, a peça inédita no
Brasil A
Última Ceia (2024).
Mestre Nado, como ficou conhecido Aguinaldo da Silva, apresenta
três obras inéditas, esculturas de grande escala — raras na sua produção
— que parecem espécies de torres de sopro, remetendo a instrumentos como a
gaita de foles. Melissa de Oliveira apresenta duas obras ligadas a
suas vivências no universo do “grau”. As imagens, produzidas com conhecidos e
familiares, retratam a prática de empinar moto em manobras exibicionistas e arriscadas.
Noara Quintana exibe duas obras inéditas comissionadas para
o 38º Panorama. A primeira, Satélite esqueleto âmbar (2024), da série Futuro fóssil,
configura uma reprodução de um objeto espacial gravitando sobre o campo
expositivo. Na segunda obra, intitulada Gengiva de fogo (2024), uma grande massa rubra e
disforme paira sobre nossas cabeças. Rafael RG apresenta duas obras
comissionadas que se conectam e se complementam em suas naturezas: uma objetual
e outra performática. Em uma delas, De quando o céu e o chão eram a mesma coisa (2024),
o artista resgata grafias imemoriais inspiradas na observação do céu.
Rebeca Carapiá apresenta uma grande peça comissionada para
a exposição, que remete tanto a uma escrita urbana quanto a códigos de outros
tempos. Solange Pessoa traz à exposição uma constelação de quase uma
dúzia de esculturas de pedra-sabão, e um conjunto composto por três peças de
cerâmica e lã (2019-2024), que remetem a fragmentos de rochas escuras, que
guardam a potência de tempos imemoriais.
O povo Akroá Gamella, em colaboração com Gê
Viana e Thiago Martins de Melo, participa sob o nome de Rop
Cateh – Alma pintada em Terra de Encantaria dos Akroá Gamella, e exibe um
grande painel multimídia que expressa a identidade e espiritualidade articuladas
pela comunidade. Com um conjunto de vinte esferas cerâmicas com marcações
gráficas feitas com óxido de ferro, Sallisa Rosa dá vida a seu
exercício contínuo de vínculos com a terra e os territórios.
Paulo Nimer Pjota apresenta uma obra inédita, em cinco telas,
no qual cria um mar de chamas atravessado por raios de sol difusos, em
que animais e seres fantásticos se misturam a lendas e elementos da
natureza-morta de diferentes culturas. Paulo Pires participa com
quatro obras que denotam seu estilo e, simultaneamente, a versatilidade de suas
composições. Entre os trabalhos, estão a escultura de grande formato Os desejos da
pedra (2023 -2024) e O namoro da pedra (2021).
A Tropa do Gurilouko, uma turma de “bate-bolas”
criada em 2023 no bairro carioca de Campo Grande, marca sua presença no 38º
Panorama por meio da indumentária criada para o Carnaval de 2024, e de uma
saída do grupo por São Paulo, nas imediações do MAC USP e do Parque Ibirapuera.
Zahỳ Tentehar apresenta sua pesquisa mais recente por meio
da videoperformance Ureipy (Máquina Ancestral) (2023), e Zimar,
como é chamado Eusimar Meireles Gomes, apresenta uma série de máscaras oriundas
de sua ligação com a Bumba meu boi —, manifestação cultural de maior
importância na região onde vive, a Baixada Maranhense.
A adaptação envolveu o desafio de conectar os pavimentos do MAC
que recebem o 38º Panorama - parte do térreo e todo o terceiro andar -, espaços
não contíguos, o que levou à adoção de três partidos expográficos principais.
O primeiro partido é a ocupação espelhada entre as alas A e B do
edifício, com elementos que se complementam em cada uma. O segundo é o uso de
painéis metálicos como base estrutural, permitindo variações de combinações e
materiais em suas superfícies. Por fim, o terceiro partido envolve a instalação
de obras comissionadas em locais estratégicos, incluindo sob a marquise de
entrada e em áreas específicas do museu.
Para ampliar suas formas de uso e flexionar as possibilidades de
exibição das obras bidimensionais, foi definida uma cartela de materiais para
as superfícies expositivas, e foram consideradas opções para estruturas
complementares aos painéis principais, desempenhando a função de “próteses” que
transformam sua configuração original. Há, também, dispositivos expográficos e
mobiliários feitos com metal e madeira desenhados para atender diversas
demandas específicas.
O ambiente 3D, que estará acessível de forma gratuita
durante toda a exibição, visa ampliar o alcance da mostra e criar um espaço de
experimentação curatorial. A ideia não é reproduzir no digital os espaços da
exposição física, mas sim trazer um espaço imaginado pelos curadores e
proporcionar uma experiência imersiva, que desafia a percepção da
materialidade e reflete criticamente sobre a integração das infraestruturas
digitais no que entendemos como "mundo real".
Composta por obras digitais e representações tridimensionais de
criações físicas de alguns dos artistas participantes, reúne vídeos, objetos 3D
e sons que formam um espaço de interação. Os visitantes podem navegar
livremente, explorando novos imaginários e conexões que questionam as
convenções tradicionais de produção e interpretação de imagens no campo
artístico. A proposta também reflete o dinamismo e a criatividade cibernética
do Brasil contemporâneo.
Disponível nos principais tocadores a partir de 30 de setembro,
o podcast Mil
graus vai apresentar, em seis episódios, os temas abordados no
38º Panorama da Arte Brasileira e contar a história de alguns dos coletivos e
artistas que integram esta edição da mostra bienal do MAM. O objetivo é
apresentar histórias e discussões sobre arte com temas atuais, mostrando como
elas refletem questões sociais, políticas e culturais da
contemporaneidade.
Em uma série de cinco episódios disponível nas redes sociais do MAM, o público pode conhecer
mais a prática artística e o ateliê de Advânio Lessa, Adriano Amaral, Marina
Woisky, Marlene Almeida e Zimar. A série revela conexões singulares entre
os processos e os territórios em que cada um dos artistas vivem e
trabalham.
Em uma colaboração inédita com uma marca, o MAM lança uma linha
de produtos do 38º Panorama.
Mais detalhes sobre cada projeto serão divulgados em
breve.
Artistas
Localizado no Parque Ibirapuera, a mais importante área verde de
São Paulo, o edifício do MAM foi adaptado por Lina Bo Bardi e conta, além das
salas de exposição, com ateliê, biblioteca, auditório, restaurante e uma loja
onde os visitantes encontram produtos de design, livros de arte e uma linha de
objetos com a marca MAM. Os espaços do museu se integram visualmente ao Jardim
de Esculturas, projetado por Roberto Burle Marx e Haruyoshi Ono para abriga
obras da coleção. Todas as dependências são acessíveis a visitantes com
necessidades especiais.
Serviço:
Créditos: Victoria Louise | A4&Holofote Comunicação
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