Madeleine à Paris: filme que conta a história de artista queer baiano está na 48ª Mostra Internacional de Cinema de São Paulo *
A
história do multiartista brasileiro bissexual, andrógino e de Candomblé,
Robertinho Chaves, que há décadas encanta Paris com sua arte, está entre os
selecionados pelo megaevento.
Robertinho Chaves, um
multiartista brasileiro queer, andrógino, negro e de Candomblé, há mais de três
décadas encanta Paris com sua arte. Nascido em Santo Amaro da Purificação (BA),
Roberto Chaves é o protagonista de “Madeleine à Paris”, filme de Liliane Mutti.
É sob o olhar sensível da cineasta — que há seis anos acompanha seus passos —
que o protagonista entra em cena para contar sua história de resistência. O
filme está entre os selecionados da 48ª Mostra Internacional de Cinema de São
Paulo e terá três exibições durante o evento. A estreia será na próxima
quinta-feira (17/10), às 19h30, na sala 2 do Espaço Augusta, a segunda exibição
no dia 24/10, às 13h30, no Espaço Augusta (Anexo 4) e, no sábado (26/10), às
17h10, no Cinesystem Frei Caneca (sala 3).
“Madeleine à Paris” é um
longa que mostra os desafios e conquistas de um imigrante latino na Europa, o
sonho de um artista, os limites e as superações da vida. As raízes
transculturais tecem a trama que conta a caminhada de Robertinho, entre luzes,
plumas e paêtes. A história desse personagem da vida real é mais do que um
show, é um ato de resistência.
“Ver minha própria vida
nesse filme foi emocionante, uma redescoberta. Revivi momentos do passado que
me trouxeram até aqui. É muito gratificante ver as dificuldades e prazeres de
tudo que passei, uma experiência mágica poder contar isso em um filme. Quando
me vejo ali, vejo o artista que manifesta as culturas afro-brasileiras nas ruas
de uma Paris nem sempre tão acolhedora com quem é diferente”, destacou Robertinho.
O artista, que foi
convidado para ir a Paris pela primeira vez quando ainda era office boy no
gabinete do então vereador de Salvador, Gilberto Gil, é o idealizador da mais
importante tradição afro-brasileira na Europa, a “Lavagem de Madeleine”. Há
mais de duas décadas o cortejo é símbolo da cultura brasileira na Europa. O
desfile da “Lavagem de Madeleine” acontece há 23 anos em Paris, inspirado na
Lavagem do Senhor do Bonfim, de Salvador, e abre o calendário do verão europeu.
A festividade começa na Praça da República de Paris e vai até a Igreja da
Madeleine, onde lavam-se as escadarias da igreja. A celebração reúne a cada ano
cerca de 60 mil pessoas, seguindo o trio-elétrico puxado por Carlinhos Brown e
Roberto Chaves. Franceses, brasileiras e brasileiros, pessoas de diferentes
nacionalidades, misturam-se nas ruas da capital francesa, dançando ao ritmo dos
atabaques e cantando músicas em Iorubá.
No longa, assistimos a
Robertinho como um orixá do cortejo da Lavagem e, à noite, sua outra faceta,
com sua fantasia, maquiagem e performance de arlequim, no Cabaré Paradis Latin,
onde começou a trabalhar há 33 anos. Robertinho circula entre o tradicional
catolicismo francês e sua origem de Axé, do recôncavo baiano, de quem cresceu
sob a guarda e bênção de Dona Canô, mãe de Caetano Veloso e Maria Bethânia.
Entre uma edição da Lavagem e outra, ele viaja ao Brasil em busca de suas
raízes familiares e espirituais. Suas vivências entre os dois países, entre o
masculino e o feminino, o sagrado e o profano, fazem do filme um profundo
mergulho em busca de identidade.
Único filme baiano
dirigido por uma mulher na 48ª Mostra SP, “Madeleine à Paris” é um road movie
afro-queer entre Paris e Santo Amaro da Purificação, na Bahia”, como define
Liliane Mutti, que coloca as duas cidades em diálogo. Ela comemora a chegada do
filme ao público brasileiro, depois do lançamento em Paris e em Bordeaux.
“Estamos muito felizes em estrear no Brasil nesse momento decisivo de São
Paulo, quando a cidade está se ressignificando. E a escolha da Mostra de
colocar o filme em duas sessões na Augusta deixa a equipe do “Madeleine”
muito alegre, e sabemos que a alegria é revolucionária, como vocês vão poder
ver com o personagem de Robertinho”, coloca a diretora.
Para o cantor e
compositor Carlinhos Brown, o filme traz a força da música brasileira para a
telona: “Assistir a esse filme foi como uma sessão de magia. Ver a resistência
de Robertinho na tela do cinema nos dá um presente de Paris e da Bahia para o
mundo. E ainda tem a trilha sonora, que está de parabéns. É uma boa surpresa
porque tem o Candomblé, tem o Babalorixá, tem o Terreiro de Santo, tem tambor e
tem a nossa mistura, tem Chico Buarque e Baden Powell. A realizadora captou a
alma musical e encantada de quem faz esse desfile: o povo brasileiro em Paris.
Todo mundo precisa ver, vem pra cá pra ver Madeleine abençoar!”
O filme está previsto
para chegar às telas dos cinemas brasileiros ainda em 2024, com distribuição da
Bretz Filmes (BR). Na América Latina, o filme será distribuído pela Kajá Filmes
e, na França, pela Urubu Filmes. A obra é uma realização da produtora baiana
Toca Filmes, com produção associada na França de François Combin. Dirigido por
Liliane Mutti (“Miúcha, a voz da Bossa Nova”; “Salut, mes ami.e.s !”; “Elle,
Marielle Franco”), o filme tem direção de fotografia de Daniel Zarvos, que
também assina a produção executiva, com narração do ator francês Christopher
Ecobichon.
SERVIÇO:
Filme “Madeleine à Paris”
na 48ª Mostra Internacional de Cinema de São Paulo
Exibições: 17/10 às
19h30, na sala 2 do Espaço Augusta; dia 24/10 às 13h30, no Anexo 4 do Espaço
Augusta e no dia 26/10, às 17h10, no Cinesystem Frei Caneca, sala 3.
Ingressos: R$24 (inteira)
e R$12 (meia)
Bilheteria: https://48.mostra.org/filmes/48a-madeleine-em-paris
Trailer: https://vimeo.com/tocafilms/paris
Créditos: Marcela Canero
* Este conteúdo foi enviado pela assessoria de imprensa
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