Luto no Heavy Metal: morre Paul Di'Anno, o vocalista dos primeiros discos do Iron Maiden
Steve Harris e Paul Di'Anno (sentado), nos bastidores na Croácia, maio de 2022 na Legacy Of The Beast World Tour. Foto: John McMurtrie. |
Na manhã desta segunda-feira (21), o mundo do Heavy Metal foi surpreendido pela morte do vocalista dos dois primeiros álbuns do Iron Maiden, Paul Di'Anno, que faleceu em sua casa, em Salisbury, aos 66 anos. A notícia foi compartilhada pela gravadora do cantor, a Conquest Music, em nome de sua família. Contudo, a causa da morte não foi divulgada.
O inglês Paul Andrews, nome de batismo de Di'Anno,
nasceu em Londres em 17 de maio de 1958, cresceu em Chingford, subúrbio da
capital dos britânicos e, antes de se juntar à banda de Steve Harris, na
adolescência passou diversas bandas enquanto se virava nos bicos que fazia como
açougueiro e cozinheiro.
Em 1977, Paul (sem adotar o sobrenome Di'Anno),
embora tivesse um comportamento e estilo mais voltado ao Punk Rock, ingressou
no Iron Maiden no lugar de Dennis Wilcock, por indicação de Doug Sampson, amigo
de Steve Harris nos tempos de Smiler. A partir daí que o vocalista adotou o
sobrenome que o carregou até o fim da vida que, segundo ele, passou a usar por
ser descendente de italianos.
Com o Iron Maiden, Di'Anno gravou o raríssimo EP
"The Soundhouse Tapes" (1979), o autointitulado álbum de 1980,
"Killers" (1981) e o EP "Maiden Japan" (1981), além de
alguns singles.
O comportamento de Paul complicou sua relação no
Iron Maiden, especialmente com Steve Harris, muito por conta do uso excessivo
de bebidas e drogas, inclusive, a ponto de a banda cancelar shows por conta das
atitudes de seu vocalista. Então, foi substituído por Bruce Dickinson, que
elevou o grupo a outro patamar, mas aí já é outra história.
Fora do Iron Maiden, o primeiro projeto que ele
montou foi montar a banda Di’Anno, que trazia uma sonoridade mais comercial,
porém, o grupo só retornou anos depois, formada apenas por músicos brasileiros.
Nesse intervalo, Paul Di’anno fundou o Battlezone, que atuou entre 1985 e 1989,
o Killers no começo dos anos 1990, além de ter gravado e excursionado com
diversos nomes como Gogmagog, Praying Mantis, Scelerata e Architects Of Chaoz,
entre outros. Nos últimos anos, participou do Warhorse, com músicos croatas.
Tudo isso sem obter os mesmos êxitos dos tempos de Iron Maiden.
No entanto, mesmo fora da Donzela de Ferro, Paul
sempre foi respeitado e admirado pelos fãs do grupo, inclusive no Brasil.
Aliás, a reciprocidade do público brasileiro para com o vocalista é tão
verdadeira que ele adotara o País como seu segundo lar, sempre excursionando
por aqui, instalando residência, até se tornando torcedor do Corinthians e, de
seus seis filhos, dois nasceram em solo brasileiro.
Mas, os excessos que cometera no passado vieram à
tona na vida de Paul Di'Anno. Nos últimos anos, seu estado de saúde era motivo
de preocupação dos fãs, já que o cantor ficou limitado em uma cadeira de rodas
por quase dez anos em virtude de problemas nos joelhos e, apesar de várias
cirurgias, ele não obteve o efeito esperado. E a cada ano que passava a
situação só piorava. Em 2022, com a perna bastante inchada, Paul conseguiu
fazer uma cirurgia após uma mobilização (financeira) dos fãs e de gente
vinculada à sua trajetória na área musical. Inclusive, até uma banda-tributo ao
Iron Maiden, do Brasil, fez apresentações com objetivos de angariar fundos para
ajudar no processo.
O vocalista passou por um longo processo de
tratamento, mas, mesmo assim, isso não o impediu de fazer o que gostava: subir
no palco. No ano passado, ele fez uma extensa turnê pelo Brasil, enquanto isso,
vivia na expectativa de poder voltar a caminhar, mas isso não aconteceu.
Nos últimos dez anos, apesar dos esforços que foram
feitos para que Paul Di'Anno pudesse voltar a andar, o cantor passou a ter
outros problemas que afetaram a sua saúde, inclusive psicológico, como
depressão, estresse, TEPT (Transtorno de Estresse Pós-Traumático). Durante
esses últimos tempos, quem estava cuidando da saúde (física e financeira) de
Paul Di'Anno era Stjepan Juras, um fã que se encarregou de levá-lo para a
Croácia para "monitorar" o músico de perto.
Aliás, é bom que seja registrado, o relacionamento
de Paul Di'Anno com os ex-colegas de Iron Maiden, em especial Steve Harris,
ficou apaziguado em maio de 2022, quando a banda foi tocar em Zagreb, na
Croácia, e Paul foi ver o grupo. Na ocasião, ele e Steve Harris trocaram
ideias, falaram sobre futebol (ambos são torcedores do West Ham) e outros
temas. Posteriormente, após esse encontro, o Iron Maiden anunciou que cobriria
os custos restantes da cirurgia de seu ex-vocalista.
Recentemente, no último dia 13 de julho, os fãs da
Donzela foram surpreendidos com imagens de Bruce Dickinson e Paul Di'Anno
juntos. Até aquele momento, não haviam registros de fotos ou vídeos dos dois
juntos. O clima parecia amigável entre eles, inclusive, com trocas de
gentilezas. Que bom.
Evidentemente, que vários nomes do cenário do Heavy
Metal soltaram notas nas redes sociais lamentando a morte de Paul Di'Anno,
inclusive, o Iron Maiden, é óbvio, e também Blaze Bayley, outro ex-vocalista do
grupo, que se manifestou a respeito da partida de Di'Anno. Até o Corinthians
postou o seu pesar pelo falecimento do músico.
A seguir, o pronunciamento oficial da Conquest Music
sobre a morte de Paul Di'Anno e, em seguida, a nota publicada pelo Iron Maiden.
"Em nome
de sua família, a Conquest Music tem a tristeza de confirmar a morte de Paul
Andrews, conhecido profissionalmente como Paul Di'Anno. Paul faleceu em sua
casa, em Salisbury, aos 66 anos de idade.
Nascido em
Chingford, leste de Londres, em 17 de maio de 1958, Paul ganhou destaque como
vocalista da banda inglesa de heavy metal Iron Maiden entre 1978 e 1981. Ele
cantou em seu inovador álbum de estreia, ‘Iron Maiden’, e no influente
lançamento seguinte, ‘Killers’.
Desde que
deixou o Iron Maiden, Paul Di'Anno teve uma longa e agitada carreira de gravação
com Battlezone e Killers, além de vários lançamentos solo e participações
especiais.
Apesar de
ter sido afetado por graves problemas de saúde nos últimos anos, que o
restringiram a se apresentar em uma cadeira de rodas, Paul continuou a entreter
seus fãs em todo o mundo, acumulando mais de 100 shows desde 2023.
Seu
primeiro álbum de retrospectiva de carreira, 'The Book of the Beast', foi
lançado em setembro de 2024 e apresentou os destaques de suas gravações desde
que deixou o Iron Maiden.
A Conquest Music
tem o orgulho de ter tido Paul Di'Anno em nossa família de artistas e pede a
sua legião de fãs que levantem uma taça em sua memória".
Já o Iron Maiden divulgou a seguinte mensagem: “Estamos
todos profundamente tristes ao saber do falecimento de Paul Di'Anno hoje mais
cedo. A contribuição de Paul para o Iron Maiden foi imensa e nos ajudou a
seguir o caminho que temos trilhado como uma banda por quase cinco décadas. Sua
presença pioneira como frontman e vocalista, tanto no palco quanto em nossos
dois primeiros álbuns, será lembrada com muito carinho não apenas por nós, mas
pelos fãs ao redor do mundo.
‘É tão triste que ele se foi’, comenta Steve Harris.
‘Eu estava em contato com ele recentemente, quando trocamos mensagens sobre o
West Ham e seus altos e baixos. Pelo menos ele ainda estava se apresentando até
recentemente, era algo que o mantinha ativo, estar lá sempre que podia. Ele
fará falta para todos nós. Descanse em paz, companheiro ⚒⚒.’
Ficamos muito gratos por termos tido a chance de nos
encontrarmos há alguns anos e passar um tempo com ele mais uma vez. Em nome da
banda, Rod e Andy, e de toda a equipe do Iron Maiden, estendemos nossas mais
profundas condolências à família e amigos próximos de Paul. Descanse em paz,
Paul".
Descanse em paz, Paul Di’Anno. Up the Irons, Up the
Paul.
Por Jorge Almeida
Comentários
Postar um comentário