Led Zeppelin: 55 anos de “Led Zeppelin II”
"Led Zeppelin II": um dos maiores clássicos da história do rock completa 55 anos em 2024 |
Ontem, 22 de outubro de 2024, o clássico “Led Zeppelin II” completou 55 anos de seu lançamento. Gravado em diversos locais entre janeiro e agosto de 1969, o segundo trabalho do Led Zeppelin foi produzido pelo guitarrista Jimmy Page e foi o primeiro a contar com os trabalhos técnicos e produção de som do renomado Eddie Kramer, famoso por produzir alguns álbuns clássicos do Kiss.
Em
“Led Zeppelin II”,
os temas contidos nas letras em relação ao trabalho anterior foram mais
elaborados, o que fez com que o álbum tenha se tornado mais influente e
vastamente mais aclamado que o seu antecessor. Com elementos de blues e do
folk, o play mostra também a evolução do estilo musical da banda, a partir do
material proveniente dessas fontes, associado à sonoridade dos riffs de
guitarra. É considerado o álbum mais pesado da banda.
Em
1969, o Led Zeppelin passava por um momento de bastante agitação na sua
meteórica carreira. Durante as turnês promovidas pela Europa e pelos Estados
Unidos, o quarteto aproveitava um tempo que tinha disponível entre um concerto
e outro e gravava alguma coisa nos estúdios próximos aos locais de
apresentação. Isso explica porque “Led Zeppelin II” foi gravado em diversos estúdios. Boa
parte dos rápidos e furiosos riffs de Jimmy Page surgia durante as
improvisações que o guitarrista fazia, principalmente durante a execução de “Dazed And Confused”.
Enfim, durante o processo de gravação do álbum, as canções eram compostas em
quartos de hotel e as jams colaboraram para a criação das músicas.
O
álbum abre com a poderosa “Whole
Lotta Love”, com seu riff ameaçador. É uma das mais clássicas
faixas da história do Led Zeppelin. Jimmy Page produziu por conta própria toda
a faixa, inclusive com o eco invertido. Destaque também para o ‘free jazz’ que
a banda faz em boa parte da música e que é interrompida pelo solo de bateria e
os gemidos de Robert Plant. No entanto, há uma controvérsia em torno da música
que acerca que a banda fez um plágio de “You Need Love”, do bluesman Willie
Dixon que, obviamente, processou a banda. Mas, o fato é que o tema chegou ao
quarto lugar da Billboard Hot 100 em janeiro de 1970, apesar da Atlantic
contrariar a banda ao lança-la como single mais curto e tendo “Livin’ Lovin’ Maid (She’s Just
a Woman)” como lado B.
A
faixa seguinte é “What
Is and What Should Never Be“, da dupla Page/Plant. Essa foi uma
das primeiras músicas que o guitarrista usou a sua Gibson Les Paul para gravar.
A letra reflete um suposto romance que Robert Plant teve com a irmã de sua
esposa, segundo o autor da biografia da banda intitulada “Hammer Of The Gods: The Led Zeppelin Saga”, o
jornalista Dave Lewis.
O
terceiro tema é “The
Lemon Song” que, assim como “Whole Lotta Love”, insinua metaforicamente o ato
sexual e a masturbação. Contudo, é uma das canções do Led em que a influência
do Blues é mais nítida. Além de ser creditada aos quatro integrantes, a música
recebeu posteriormente a assinatura de Howlin’ Wolf, que processou a banda por
violar os direitos autorais, uma vez que o grupo utilizou como base da música a
canção “Killing Floor”,
gravada por Wolf em 1964, além de ter alterado parte da letra desse tema.
O
play chega à sua metade – pelo menos no vinil – com a bela “Thank You”, que
foi a primeira canção inteiramente escrita por Robert Plant no Led Zeppelin. O
vocalista escreveu a música em homenagem a esposa Maureen. O Hammond presente
na faixa foi tocado por John Paul Jones e é uma das raras oportunidades em que
Jimmy Page fez backing vocal.
O
lado B de “II” começa com
outro grande clássico zeppeliano: a grandiosa “Heartbreaker”. Creditada aos quatro integrantes, a
música traz outro memorável riff de Jimmy Page e um desacompanhado solo que ele
improvisou na hora da gravação. Durante o biênio 1971-1972, o tema foi abertura
de vários concertos do Led Zeppelin.
E
praticamente emendando a faixa anterior, o quarteto manda “Livin’ Lovin’ Maid (She’s Just
A Woman)”. A música fala a respeito de uma groupie que
incomodava a banda no começo da carreira. Nas primeiras prensagens da versão
inglesa do álbum, a faixa foi intitulada como “Livin’ Lovin’ Wreck (She’s Just A Woman)”, sendo que,
nos Estados Unidos e edições posteriores, o termo “Wreck” foi substituído por “Maid”. O tema nunca foi tocado pelo grupo durante o
período que esteve na ativa. Isso se deve ao fato de Page não gostar dela. A
princípio, ela foi composta para “preencher” o disco e também pelo fato de a
namorada de Jimmy na época ter ficado ofendida com a música. Mas ao contrário
do guitarrista, Robert Plant a tocou em sua turnê solo em 1990.
Posteriormente
aparece “Ramble On”,
outro clássico. Aliás, a faixa foi inspirada na obra “O Senhor dos Anéis”, de J. R. R. Tolkien, que também é
referência em outros temas do grupo, como “Misty Mountain Hop” e “The Battle Of Evermore”. A “cozinha” de John Paul
Jones e John Bonham merece destaque.
E,
por falar em Bonham, a próxima faixa é o seu ápice no disco. Trata-se da
instrumental “Moby
Dick”, que traz um avassalador solo de bateria. Durante os
shows, o solo era estendido, chegando, em algumas ocasiões, a meia-hora de
duração. A música surgiu depois que Page pegar o baterista tocando no estúdio,
gravou as partes, remendou com a parte em que ele e Jones tocam juntos.
E,
encerrando a “bolacha”, a excelente “Bring It On Home”. A introdução era uma homenagem
deliberada à canção de Sonny Boy Williamson, enquanto o resto da música era uma
composição original de Jimmy Page e Robert Plant. Porém, não foi dado à Dixon o
crédito na letra da canção, o que levou a banda a sofrer outro processo, mas
nesse caso, o acordo foi feito fora dos tribunais. Foi tocada pelos
remanescentes da banda – Page, Plant e Jones – na cerimônia de casamento de
Jason Bonham, filho de John, em 1990.
Após o lançamento, “Led Zeppelin II” obteve um bom desempenho nas paradas e chegou à primeira posição nos charts britânico e norte-americano. Além disso, David Juniper, diretor de arte, em 1970, foi indicado ao Grammy Award na categoria Melhor Capa.
E, por falar em capa, vale destacar que ela foi baseada em uma fotografia do Esquadrão de Combate nº 1, o tal do “Circo Voador”, liderado por Manfred von Richthofen, o Barão Vermelho, durante a I Guerra Mundial. Na imagem para o disco, os rostos dos integrantes foram retocados e, além deles, aparece o rosto de Peter Grant, o empresário da banda.
Enfim, “Led Zeppelin II” é considerado o disco mais pesado do Led Zeppelin. Trata-se de um clássico absoluto e obrigatório para qualquer apreciador de rock.
Abaixo, a ficha técnica e o tracklist da obra.
Álbum: Led
Zeppelin II
Intérprete: Led
Zeppelin
Lançamento: 22
de outubro de 1969
Gravadora: Atlantic
Records
Produtor: Jimmy
Page
Jimmy
Page: guitarra,
backing vocal e teremim em “Whole
Lotta Love”
Robert Plant: voz
e harmônica
John Paul Jones: baixo,
órgão e backing vocal
John Bonham: bateria,
percussão, tímpano e backing vocal
1.
Whole Lotta Love (Page
/ Plant / Jones / Bonham / Dixon)
2. What Is And What Should Never Be (Page / Plant)
3. The Lemon Song (Page
/ Plant / Jones / Bonham / Wolf)
4. Thank You (Plant)
5. Heartbreaker (Page
/ Plant / Jones / Bonham)
6. Livin’ Lovin’ Maid (She’s Just A Woman) (Page / Plant)
7. Ramble On (Page / Plant)
8. Moby Dick (instrumental) (Page
/ Jones / Bonham)
9. Bring It On Home (Page
/ Plant / Dixon)
Por Jorge Almeida
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