Galatea anuncia prorrogação de "Cildo Meireles: desenhos 1964-1977" *
Adiada para 16 de novembro, mostra é uma colaboração inédita com a Galeria Luisa Strina que apresenta "Uma e algumas cadeiras/Camuflagens", com obras inéditas de Cildo no Brasil
Após
um hiato de cinco anos sem uma exposição robusta de Cildo
Meireles no Brasil, as galerias Luisa
Strina e Galatea unem forças para inaugurar, de
maneira coordenada, duas mostras individuais do artista em São Paulo. A Luisa
Strina, galeria que representa o artista, apresenta “Uma e
algumas cadeiras/Camuflagens”, com obras inéditas de Cildo no
país, enquanto a Galatea exibe uma seleção de desenhos em “Cildo
Meireles: desenhos, 1964-1977”, que teve seu encerramento
adiado para 16
de novembro. Juntas, as mostras oferecem uma visão ampla e
complementar do trabalho de Cildo Meireles, para quem o desenho muitas vezes é
a gênese da sua prática no campo tridimensional. Esta primeira colaboração
entre as galerias vizinhas — localizadas frente a frente na Rua Padre João
Manuel — sela uma parceria que fortalece o cenário artístico local.
Luisa
Strina reúne trabalhos de Cildo Meireles originalmente
idealizados nas décadas de 1980-90. Cildo Meireles realizou sua primeira
exposição na galeria Luisa Strina em 1981, onde apresentou sua última
individual de obras inéditas, Pling Pling, em 2014. A nova mostra acontece dez
anos depois, no ano de celebração do aniversário de 50 anos da galeria.
Exibida pela primeira vez na Galeria Lelong, em Nova York, em
2023-4, a instalação Uma e Sete Cadeiras (1997-2023) faz referência à
obra One
and Three Chairs (1965), do artista Joseph Kosuth, considerada
uma das obras seminais da arte conceitual. A instalação começa com a estrutura
de uma cadeira simples de madeira; esse objeto é replicado e modificado em
outras seis variações de uma cadeira construídas com materiais diversos: vidro,
serragem, cinza, entre outros. Uma sétima variação, posicionada ao lado
do conjunto central, consiste de uma torre de lâminas de acrílico em cujo
interior distinguimos a forma imaterial de uma cadeira, destacando a ideia de
vazio.
O vazio é um elemento constantemente abordado pelo artista em
sua prática, como acontece na obra Esfera Invisível (1996) e na instalação Desaparecimentos (1982).
Segundo Meireles, “me interessa essa coisa evanescente, ou seja, uma espécie de
dissolução do objeto. Existe o desejo de jogar com a visão, uma espécie de
invisibilidade da invisibilidade. São trabalhos que possuem uma autonomia quase
de objeto semântico. É como a Esfera Invisível, que trata de uma existência
constituída de inexistências”.
Em diálogo com a instalação, Cildo apresenta duas pinturas da
série Épuras,
conceito derivado da geometria descritiva para designar a representação
planificada de objetos tridimensionais. Nessas obras, o artista combina
representações do objeto cadeira em diferentes perspectivas, sendo uma delas um
políptico de quatro partes, e a outra um tríptico que replica a estrutura
tridimensional das reconhecidas obras de sua série Cantos.
Na sala 2 da galeria, o grupo de obras apresentadas em Camuflagem também
lida com questões relativas ao objeto e à representação. Nesses trabalhos, a
pintura é feita diretamente sobre objetos como guardassois, cadeiras de praia e
tendas. Algumas dessas pinturas-objeto são dedicadas a importantes artistas da
história: uma cadeira de praia listrada homenageia Jasper Johns; o guarda-chuva
monocromático negro, Malevich; e o banquinho de pescador, Volpi.
Sobre a série de pinturas inéditas que será exibida na mostra, o
artista comenta: “Camuflagem é
um projeto anterior à instalação Uma e Sete Cadeiras e está sendo realizado
trinta e seis anos depois. São basicamente pinturas sobre chassis diversos, que
remetem a uma funcionalidade. Pintura camuflada em bancos, cadeiras,
guarda-chuvas, objetos comuns, de uso diário. Sempre utilizando um objeto que
seja constituído de um tecido e uma estrutura.”
A cadeira reaparece na série Camuflagem, dessa vez
acompanhada por um banco, um guarda-sol, um guarda-chuva, uma maca e tendas.
“Essa parte da exposição, que chamo de Camuflagem, teria outro nome: Pintura de
Chão. Pois todas as obras estão pousadas nele.”
A Galatea traz uma seleção de desenhos
produzidos desde 1964, quando o artista tinha apenas 17 anos, até 1977. A
mostra coloca em destaque o Meireles desenhista, faceta menos explorada em
comparação a outras vertentes do seu trabalho. Por outro lado, é essa a sua
prática mais constante e longeva. Em entrevista ao curador Hans Ulrich Obrist
no número que lhe é inteiramente dedicado da revista francesa Cahiers d’Art, o
artista afirma: “Parei de desenhar por cinco anos, de julho de 1968 a junho de
1973. Quando voltei me senti um idiota por ter parado, porque os desenhos são
como pontes entre o pensamento e o papel.”
A seleção realizada pela galeria reúne obras tanto dotadas de
aspectos figurativos quanto de experimentações abstratas com campos de cor,
formas orgânicas, rabiscos e círculos criados a partir das digitais do próprio
artista. No âmbito da figuração, as cenas de interiores domésticos e suas
linhas, seus mobiliários e personagens evocam temas recorrentes na produção de
Meireles, como o espaço, a escala e o objeto; o projeto e a arquitetura; e a
crítica à ditadura militar. O diálogo com importantes obras tridimensionais,
como as da série Cantos (1967-1968/2008), também é evidente em vários
desses desenhos.
O texto crítico de ambas as exposições é assinado pelo
curador Diego
Matos, um dos editores convidados para o número da Cahiers
d’Art dedicado a Cildo Meireles, publicado em 2022; além de co-curador da
mostra Entrevendo,
individual de Meireles realizada em 2019 no Sesc Pompeia.
Sobre as exposições apresentadas pela Luisa Strina e a
Galatea, Matos comenta:
“A exposição ‘Uma e algumas cadeiras/Camuflagem’ traz um
conjunto de trabalhos inéditos no Brasil que sublinham um dos caminhos
bifurcados da já incontornável trajetória de Cildo Meireles: a subversão dos
objetos mais ordinários de nossa vida cotidiana, submetendo-os à reestruturação
de seus signos, tanto em termos linguísticos como do próprio uso. Ao mesmo
tempo, o artista também atualiza uma das primeiras discussões adquiridas pelo
debate contemporâneo da arte: o conceito, a ideia e a materialidade do
readymade. Ao mesmo tempo, trazer ao público uma seleção generosa de desenhos
de Cildo Meireles é tornar visível e acessível a prática mais onipresente na
trajetória de mais de 60 anos do artista. Prática, aliás, indissociável de sua
produção objetual e instalativa. Feitos em um quarto de hotel, na calada da
noite; na calmaria caseira da manhã; ou em ateliê, num momento intervalar de
trabalho — seus desenhos nos contam muito de um repertório poético e conceitual
que ele encadeou desde o início da sua produção.”
Sobre o artista
Cildo Meireles tem um papel crucial na esfera da arte conceitual
do país. Sua prática multifacetada explora as possibilidades da participação do
público, destacando-se por elaborar as primeiras experimentações instalativas
no campo da arte brasileira.
Em 1963, estudou com o artista peruano Félix Barrenechea em
Brasília, e morou em Nova Iorque entre os anos 1971 e 1973. É representado pela
Luisa Strina desde 1981, onde vem realizando exposições individuais que marcam
importantes inflexões de sua prática artística.
Sua obra foi exposta no mundo todo, incluindo as Bienais de
Veneza, São Paulo, Istambul, Lyon, Festival Internacional de Arte de Lofoten,
Documenta, em Kassel, Alemanha. Em 2023, Meireles foi contemplado com o Prêmio
Roswitha Haftmann, o mais conceituado da Europa, sendo o primeiro
latino-americano a recebê-lo em 22 anos. Dentre os demais prêmios nacionais e
internacionais com os quais foi contemplado ao longo de sua carreira, estão:
Prêmio Faz Diferença, O Globo (2019); Prêmio ABCA (2015); Velázquez Prize for
Visual Arts, Madrid, Espanha (2008); Prêmio APCA (2007); Honorary Doctorate of
Fine Arts, San Francisco, EUA (2005); Officier de L’Ordre des Arts et des
Lettres, Paris, França (2005); entre outros.
Realizou exposições individuais em importantes instituições
nacionais e internacionais. Dentre as coleções públicas que possuem seu
trabalho estão: Museum of Modern Art – MoMA, Nova York, EUA; Tate, Londres,
Reino Unido; Stedelijk Museum voor Actuele Kunst, Gent, Bélgica; Instituto
Inhotim, Brumadinho, MG; MAC – Niterói; 21st Century Museum of Contemporary
Art, Kanazawa, Japão; Fundação Serralves, Porto, Portugal; MACBA, Barcelona,
Espanha; Centre Georges Pompidou, Paris, França; Museo Nacional Centro de Arte
Reina Sofia, Madrid, Espanha; Museu de Arte Contemporânea de Serralves, Porto,
Portugal; Museum für Moderne Kunst, Frankfurt, Alemanha; Los Angeles County
Museum of Art – LACMA, EUA; Art Institute of Chicago, Chicago, EUA; New Museum,
Nova York, EUA; MASP, São Paulo; MAM-SP, São Paulo; MAM-Rio, Rio de Janeiro;
Pinacoteca de São Paulo.
Sobre a Luisa Strina
Fundada em 1974, a Luisa Strina, que comemora 50 anos de sua
fundação no proximo 17 de dezembro, ajudou a promover as carreiras de uma
geração de novos artistas conceituais do Brasil, incluindo Antonio Dias, Cildo
Meireles, Tunga e Waltercio Caldas. Em 1992, a galeria foi a primeira da
América Latina a participar da feira Art Basel. Luisa Strina começou a
trabalhar com artistas brasileiros emergentes, como Alexandre da Cunha,
Fernanda Gomes e Marepe. Ao longo dos anos 2000, o grupo foi ampliado para
incorporar nomes latino-americanos — Jorge Macchi, Juan Araujo e Pedro Reyes —
e artistas mulheres já estabelecidas, como Laura Lima, Leonor Antunes e Renata
Lucas. Na última década, a consolidou a sua trajetória com a representação de
nomes influentes incluindo Alfredo Jaar e Anna Maria Maiolino, assim como
artistas mais jovens, como Bruno Baptistelli e Panmela Castro.
Sobre a Galatea
Sob o comando dos sócios Antonia Bergamin, Conrado Mesquita e
Tomás Toledo, a Galatea conta com dois espaços vizinhos na cidade de São Paulo:
a unidade localizada na Rua Oscar Freire, 379 e a nova unidade localizada na
Rua Padre João Manoel, 808. A galeria também tem uma sede em Salvador, na Rua
Chile, 22, no centro histórico da capital baiana.
A Galatea surge a partir das diferentes e complementares
trajetórias e vivências de seus sócios-fundadores: Antonia Bergamin, que foi
sócia-diretora de uma galeria de grande porte em São Paulo; Conrado Mesquita,
marchand e colecionador especializado em descobrir grandes obras em lugares
improváveis; e Tomás Toledo, curador que contribuiu para a histórica renovação
institucional do MASP, saindo em 2022 como curador-chefe.
Com foco na arte brasileira moderna e contemporânea, trabalha e
comercializa tanto nomes consagrados do cenário artístico nacional quanto novos
talentos da arte contemporânea, além de promover o resgate de artistas
históricos. Idealizada com o propósito de valorizar as relações que dão vida à
arte, a galeria surge no mercado para reinventar e aprofundar as conexões entre
artistas, galeristas e colecionadores.
Serviço
Cildo Meireles: uma e algumas cadeiras/Camuflagens
Local: Galeria Luisa Strina
Endereço: Rua Padre João
Manuel, 755 - Cerqueira César, São Paulo - SP
Período expositivo: 3
de outubro a 30 de novembro
Horários: Segunda-feira
à sexta-feira, das 10h às 19h, e sábado, das 10h às 17h
Mais
informações: www.luisastrina.com.br
Instagram: @galerialuisastrina
Cildo Meireles: desenhos, 1964-1977
Local: Galatea
Endereço: Rua Padre João
Manuel, 808 - Jardins, São Paulo – SP
Período expositivo: 3
de outubro a 16 de novembro
Horários: Segunda à quinta
das 10h às 19h | Sexta das 10h às 18h | Sábado das 11h às 17h
Mais informações: https://www.galatea.art/
Instagram: @galatea.art_
Créditos: Edgard Silveira | A4&Holofote Comunicação
* Este conteúdo foi enviado pela assessoria de imprensa
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