Engenheiros do Hawaii: 35 anos de "Alívio Imediato"

 

"Alívio Imediato", primeiro disco ao vivo do Engenheiros do Hawaii, completa 35 anos em 2024

Neste mês de outubro, o primeiro trabalho ao vivo do Engenheiros do Hawaii, "Alívio Imediato", completa 35 anos de lançamento. A obra, que tem duas faixas inéditas de estúdio, foi gravada nos dias 7, 8 e 9 de julho de 1989, no Canecão, no Rio de Janeiro, enquanto os dois temas novos foram gravados nos estúdios da BMG no mesmo mês. O disco saiu pela BMG (por meio do selo RCA-Victor) e a produção ficou sob a responsabilidade de Marcelo Sussekind, ex-guitarrista do Herva Doce.

Depois de optarem pelo lançamento de um álbum ao vivo, o grupo decidiu junto com a gravadora que o material seria produzido por Marcelo Sussekind. Então, o produtor acompanhou a banda gaúcha em algumas apresentações, na turnê anterior, para estudar a melhor forma em registrar o que havia de melhor nos shows dos Engenheiros. Após a análise, Sussekind concluiu que o ponto alto das performances da banda era a interação que tinha com os fãs, especialmente na participação deles nas músicas. Dessa forma, montou uma grande estrutura no Canecão com um complexo e caro sistema quadrifônico para captar as manifestações do público.

Porém, embora tenham decidido pelo lançamento do registro ao vivo, o grupo optou em gravar duas canções em estúdio para constar no álbum. Nos estúdios da BMG, na capital fluminense, os Engenheiros do Hawaii escolheram “Nau À Deriva” e “Alívio Imediato” para o disco ao vivo, optando em deixar "A Violência Travestida Faz Seu Trottoir" e "Anoiteceu em Porto Alegre" para o disco seguinte – que acabaram entrando no clássico “O Papa É Pop” (1990).

O disco começa com a inédita “Nau À Deriva”, que tem uma ótima letra e presença maciça dos teclados e da programação eletrônica, mas o baixo aqui tem uma presença forte. Na sequência, a faixa que dá título ao álbum: “Alívio Imediato”, que merece atenção pelos arranjos de cordas, das guitarras e os efeitos com o wah-wah. Em seguida, aparece “A Revolta dos Dândis I”, em que Augusto Licks toca uma parte da música no violão e, depois, vai para os teclados, criando uma atmosfera Blues, que continua em “A Revolta dos Dândis II” em que os sintetizadores simulam o minimoog. E o lado A fecha com uma versão mais rápida e roqueira de “Infinita Highway”, que já tinha o status de hino, vide pela histeria do público já na ‘intro’ e também interagindo e “cantando junto” com Humberto Gessinger.

O outro lado do play vem um pequeno trecho de “A Verdade a Ver Navios”, com Licks nos teclados, que também serviu como uma introdução para o primeiro clássico dos gaúchos, “Toda Forma de Poder”, que ficou mais pesada e ‘rocker’. Na sequência, uma dobradinha intimista, com duas belas canções: “Terra de Gigantes” e “Somos Quem Podemos Ser”, em que os efeitos dos sintetizadores da guitarra chamam atenção e, claro, o público cantando com Gessinger. Aliás, falando nisso, a participação ativa da plateia é o grande trunfo de “Ouça O Que Eu Digo: Não Ouça Ninguém” e “Longe Demais das Capitais”, que encerra de forma grandiosa o LP. Contudo, as versões em fita K-7 e em CD encerram com "Tribos e Tribunais", com um final blues e um solo de guitarra modificado.

Em relação ao desempenho do trio, dispensa comentários: Augusto Licks deu aula com a sua guitarra; Humberto Gessinger, com seu baixo, atuou como um excelente frontman e conduziu o show como um verdadeiro maestro; e Carlos Maltz teve um desempenho seguro, competente e firme nas baquetas.

Com boa distribuição e divulgação por parte da gravadora, além da turnê, intitulada "Alívio & Mídia Tour", o álbum vendeu bastante, passando das 150 mil cópias, rendendo ao grupo um disco de ouro. Um ótimo clássico do rock nacional. Obrigatório para quem curte o rock brazuca.

A seguir, a ficha técnica e o tracklist (com faixa bônus) da obra.

Álbum: Alívio Imediato
Intérprete: Engenheiros do Hawaii
Lançamento: outubro de 1989
Gravadora/Distribuidora: BMG (RCA-Victor)
Produtor: Marcelo Sussekind

Humberto Gessinger: voz, baixo e guitarra em "Terra de Gigantes" e "Somos Quem Podemos Ser"
Augusto Licks: guitarras, violão, teclados e backing vocal
Carlos Maltz: bateria

Paulo Henrique e Yuri Palmeira: sequenciador e teclados em "Nau À Deriva" e "Alívio Imediato"
Marcelo Sussekind: guitarra em "Alívio Imediato"

1. Nau À Deriva (Humberto Gessinger)
2. Alívio Imediato (Humberto Gessinger)
3. A Revolta dos Dândis I (Humberto Gessinger)
4. A Revolta dos Dândis II (Humberto Gessinger)
5. Infinita Highway (Humberto Gessinger)
6. A Verdade a Ver Navios (Humberto Gessinger)
7. Toda Forma de Poder (Humberto Gessinger)
8. Terra de Gigantes (Humberto Gessinger)
9. Somos Quem Podemos Ser (Humberto Gessinger)
10. Ouça O Que Eu Digo: Não Ouça Ninguém (Humberto Gessinger)
11. Longe Demais das Capitais (Humberto Gessinger)
Faixa bônus:
12. Tribos e Tribunais (Humberto Gessinger / Augusto Licks)

Por Jorge Almeida

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