Com releitura da obra de Ariano Suassuna, o Grupo Grial apresenta versão em dança para Uma Mulher Vestida de Sol, no Sesc Pompeia *

 

Foto meramente ilustrativa.


Criado por Ariano Suassuna e pela coreógrafa Maria Paula Costa Rêgo, o coletivo explora a dança contemporânea no contexto das tradições populares

Transportando o clássico Romeu e Julieta, de William Shakespeare, para o contexto do sertão, Ariano Suassuna (1927-2014) escreveu a peça Uma Mulher Vestida de Sol. A partir dessa história, a coreógrafa Maria Paula Costa Rêgo faz uma releitura  para o  Grupo Grial, com um olhar mais feminino. O espetáculo faz agora quatro apresentações no Espaço Cênico do Sesc Pompeia, entre os dias 23 e 26 de outubro, de quarta-feira a sábado, às 20h30.

Suassuna se inspirou em um folheto de cordel de João Martins de Athayde para criar a sua história. Publicado em 1947, foi seu primeiro texto dramatúrgico. Na trama, os leitores são apresentados a dois jovens sertanejos, Rosa e  Francisco, que, apesar de primos, não podem conviver e, muito menos, viver um romance, pois  seus pais são inimigos devido a uma disputa de terras.

A direção coreográfica de Maria Paula Costa Rêgo faz uma adaptação dessa história para o universo contemporâneo da dança. Apesar de pontuar nos corpos e na sonoridade as poéticas típicas da região, o coletivo traz uma visão trágica de um Brasil arcaico, apegado à tradição do poder do homem sobre a terra, sobre outros homens e principalmente sobre as mulheres.

Sobre a encenação
“Naquele ambiente árido, não há espaço para o feminino. Rosa, assim como tantas outras personagens, não têm vez e nem voz. Nossa protagonista não vê nenhuma saída para a opressão além da morte. Quer dizer, não é exatamente uma história como a de Romeu e Julieta, em que o amor fala mais alto, mas uma história sobre a solidão”, conta Maria Paula.   

Para ilustrar essa atmosfera, optamos por povoar a cena com couros de bode. No sertão, são eles que povoam as terras e estradas. Em cena estão Aldene NascimentoEmerson Dias e Bruna Alves, que também assumem a trilha e os vocais.  

A direção musical é assinada pelo pandeirista Miguel Marinho. Ele também foi responsável por fazer a poesia sertaneja de improviso, chamada de glosa, estar presente no trabalho. “Eu queria uma sonoridade estranha e quando ele toca seu pandeiro produz um som tão potente que é quase como se tivesse uma orquestra acompanhando”, comenta a diretora. 

Fundado em 1997 por Ariano Suassuna e a coreógrafa Maria Paula Costa Rêgo, o Grupo Grial integra o movimento armorial, que busca criar uma arte erudita brasileira a partir das tradições populares. Ao longo desses anos, o coletivo buscou uma aproximação com as brincadeiras populares, desenvolvendo outro corpo dançante.  

Maria Paula afirma que o grupo entrou em sua quarta fase produtiva. Agora, a ideia é expandir os horizontes artísticos, mesclando dança, canto, poesia e teatro. “Nossa sala de aula é o terreiro, as sambadas... Já temos um corpo atravessado por algumas tradições pernambucanas (cavalo marinho, frevo, maracatu rural, maracatu nação, entre outras) e alinhavado por procedimentos da criação contemporânea”, explica. 

Livro
Poeira, sagrado e festa é um registro do processo de construção da linguagem do Grupo Grial. Ao mesmo tempo, celebra seus 25 anos de existência, criado em 1997 pelo escritor Ariano Suassuna e pela coreógrafa Maria Paula Costa Rêgo, no ensejo de pesquisar e criar uma dança contemporânea com cerne nas tradições populares de Pernambuco.

Ao longo das páginas do livro, diferentes autores analisam a importância de “Ariano Suassuna com seu Movimento Armorial na intenção de criar uma arte erudita brasileira fundamentada na cultura popular” e a peleja do Grupo Grial “por modos de buscar uma comunicação entre o que não se comunicava”, como bem resumiram Carlos Newton e Helena Katz. Poeira, Sagrado e Festa apresenta uma memória de 25 anos, que cobre o período de 1997 a 2022. Nesse espaço de tempo, o Grupo Grial passou por três fases distintas, e é a profundidade do mergulho no universo da tradição popular que define a qual das fases a obra coreográfica pertence.

Através dos testemunhos de intérpretes do Grial sobre a busca por uma dança com cerne na tradição popular, o livro procura transmitir às novas gerações a experiência artística e os caminhos possíveis para mais e mais surgimentos de danças que se assemelhem com a do Grial, brasileiros de todos os lugares, e nossas histórias.

Durante a temporada em São Paulo de Uma Mulher Vestida de Sol está programado evento de relançamento do livro, no saguão do Sesc Pompeia, a partir das 15h, no dia 26 de outubro. 

Sobre o Grupo Grial
O Grupo Grial de Dança foi criado em 1997 pelo escritor Ariano Suassuna e a coreógrafa Maria Paula Costa Rêgo. Desde então, o coletivo avança nas suas pesquisas por uma linguagem contemporânea de dança com cerne no universo das tradições populares. Vem criando sólida referência no panorama da dança brasileira, com participações em diversos festivais de dança nacionais e internacionais, além de receber Prêmios e Patrocínios para suas criações e circulações. Foi indicado como Melhor Espetáculo pelo Jornal Estado de São Paulo em 2012 (com Travessia) e recebeu o APCA 2013, de Intérprete Criadora (com Terra). O Grupo Grial possui em sua trajetória 13 criações coreográficas e 3 estudos em parceria com outras companhias.

Sinopse
A obra literária Uma Mulher Vestida de Sol é uma adaptação de Ariano Suassuna do folheto de cordel de João Martins de Athayde, que por sua vez se inspira na clássica história de amor entre Romeu e Julieta, de William Shakespeare. Em sua releitura coreográfica, o Grupo Grial mergulha na beleza árida do sertão nordestino, cria um universo vazio habitado por bodes... e duas famílias inimigas. Apesar de pontuar nos corpos e na sonoridade as poéticas típicas da região, o Grial traz uma visão trágica de um Brasil arcaico, apegado à tradição do poder do homem sobre a terra, sobre outros homens e principalmente sobre as mulheres.

Ficha Técnica
Direção coreográfica: Maria Paula Costa Rêgo
Intérpretes criadores: Aldene Nascimento e Emerson Dias
Direção musical/Intérprete/Poeta: Miguel Marinho
Intérprete cantora: Bruna Alves
Iluminação: Luciana Raposo
Sonoplastia: Jordy
Figurino: Biam Diphá
Cenografia: Grupo Grial

SERVIÇO
Uma Mulher Vestida de Sol
De 23 a 26 de outubro, de quarta-feira a sábado, às 20h30
Local: Espaço Cênico - Sesc Pompeia - R. Clélia, 93 - Água Branca
Ingressos: R$50 (inteira), R$25 (meia-entrada) e R$15 (Credencial Plena)
Compre online a partir do dia 15/10, às 17h: https://www.sescsp.org.br/programacao/uma-mulher-vestida-de-sol/
Nas bilheterias, a venda começa no dia 16/10, às 17h: em credencial Sesc SP e em centralrelacionamento.sescsp.org.br
Duração: 50 minutos
Classificação: 12 anos

Créditos: Márcia Marques | Canal Aberto

* Este conteúdo foi enviado pela assessoria de imprensa

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