The Clash: 45 anos de "Sandinista!"
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| "Sandisnista!", do The Clash, completa 45 anos de lançamento em 2025. |
Nesta sexta-feira, 12 de dezembro, o quarto álbum de estúdio dos punks do The Clash, “Sandinista!”, completa 40 anos de seu lançamento. Gravado entre fevereiro e agosto de 1980 em diversos estúdios, entre Nova York, Londres e Jamaica, a obra foi produzida por Mikey Dread em parceria com a banda. O material saiu pela CBS/Epic. O título do álbum faz referências aos sandinistas da Frente Sandinista de Libertação Nacional, que havia comandado uma vitoriosa revolução socialista na Nicarágua (a despeito da forte oposição dos EUA).
Apesar de ter conquistado a fama como uma
banda de punk rock, o Clash apresentou influências de outros gêneros, como
funk, reggae, jazz, folk, dub, rockabilly, rhythm and blues, calypso (não, não
tem nada a ver com o antigo duo de Joelma e Chimbinha!), rap, disco, enfim,
antecipando-se à World Music, que viria a ser uma tendência na década de 1980.
Em “Sandinista!”, pela primeira vez na carreira da banda,
os créditos foram atribuídos ao Clash, em vez dos habituais Strummer e Jones.
O Clash comprou uma briga com a gravadora
porque o álbum foi lançado em três LPs e vendido pelo preço de um, assim como
fizera com “London Calling” (1979), que era um disco duplo e
comercializado a um preço de long play simples. Mas, para isso ser possível, os
integrantes concordaram em reduzir os royalties que tinham direito para poder
vender o material a baixo custo. Ao todo, a versão em LP de “Sandinista!” é composta por três LP’s com 36 músicas,
enquanto a edição em CD saiu em CD duplo divididos em 18 temas cada.
O álbum foi produzido pela banda (mais
especificamente Mick Jones e Joe Strummer), gravado e mixado por Bill Price e
projetado por Jeremy “Jerry” Green (Wessex Sound Studios), JP Nichols (Electric
Lady Studios), Lancelot “Maxie” McKenzie (Channel One Studios) e Bill Price
(Pluto + Power Station Studios). Versões dubladas de algumas das canções e
brindes foram feitas por Mikey Dread, que primeiro trabalhou com a banda em seu
single de 1980 “Bankrobber“. O registro
demonstra nitidamente a influência do músico e produtor de reggae Lee “Scratch”
Perry (que havia trabalhado com a banda em seu single “Complete Control” de 1977 e que abriu alguns dos shows
da banda durante seu estande no Bond’s em Nova York em 1980), com um som denso
e cheio de ecos até mesmo nas músicas de rock puro.
Quando as gravações começaram em Nova York, o
baixista Paul Simonon estava ocupado fazendo um filme chamado “Ladies And Gentlemen: The Fabulous Stains”, e foi
substituído por Ian Dury e o baixista do Blockheads Norman Watt-Roy; isso mais
tarde causou alguns sentimentos ruins quando Watt-Roy e o tecladista Mickey
Gallagher, um colega Blockhead, alegaram que foram responsáveis por co-compor
a música “The Magnificent Seven“, já que a música era baseada em
uma música deles. O play conta com diversos convidados, como a cantora Ellen
Foley que, na época, era parceira de Jones); Ivan Julian, guitarrista
ex-integrante do Voidoids; Tymon Dogg, amigo e colaborador musical de Joe
Strummer, que tocou violino, entre outros. Foram tantos convidados que em
algumas músicas os vocais principais não são feitos por nenhum membro da banda,
são vários os músicos convidados.
Outro peculiaridade de “Sandinista!” é que ele foi o único registro do The
Clash em que todos os quatro integrantes têm pelo menos um vocal principal. O
baterista Topper Headon canta em “Ivan Meets G.I. Joe”,
enquanto Paul Simonon solta o gogó em “The Crooked Beat”.
Em meio à variedade de gênero, o álbum
apresenta ótimas canções como “One More Time”, “The Call Up”, “Charlie Don’t Surf”
e “The Magnificent Seven”, todas sem a pegada punk do
Clash. Aliás, as melhores faixas da obra foi a versão feita de “Police On My Back”, de Eddie Grant, e “Up In Heaven”, dois rocks de exímia qualidade. Os caras
ainda mandam muito bem na ‘cinquentista’ “Sound Of Sinners”,
assim como o semi-jazz em “If Music Could Talk”.
Outra música bem curiosa ficou a cargo de “Career Opportunities”,
do ‘debut’ da banda, e cantada por duas crianças.
Embora o disco tenha feito bastante sucesso, o
clima já não era mais o mesmo dentro da banda, especialmente entre Joe Strummer
e Mick Jones, que não estavam se entendendo. E, pela primeira vez, um álbum do
Clash vendeu mais nos Estados Unidos, atingindo o 24º lugar nas paradas, do que
na Inglaterra – talvez tenha sido por causa do “leve três pague um” que o play
permitiu aos compradores.
Ao longo dos anos, “Sandinista!”
apareceu em algumas listas de melhores álbuns, como o 323º lugar da Rolling
Stone na lista dos “500 Melhores Álbuns de Todos os Tempos”, enquanto a Slante
Magazine inseriu o álbum em 85º em sua lista dos “Melhores Álbuns da Década de
1980”.
A seguir, a ficha técnica e o tracklist
(versão CD) da obra.
Por Jorge Almeida

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