O Terço: 35 anos de “O Terço”, o álbum
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| Foto meramente ilustrativa. |
O álbum “O Terço” (não confundir com o ‘debut’), da banda O Terço, em 2025, completa 35 anos de lançamento. Gravado no Estúdio Eldorado, a produção (segundo consta no LP) ficou creditado à Gravadora Eldorado, e marcou o retorno da banda ao estúdio após um hiato de quase uma década de inatividade.
Nesse trabalho, o grupo assume, sem meandros, uma alteração em sua
sonoridade: saiu o rock progressivo mais elaborado da década de 1970 e entrou
uma sonoridade mais pesada, direta e mais voltada ao Hard Rock. A técnica dos
músicos seguiu lá, porém, dessa vez, dedicados a canções mais objetivas e de
impacto imediato.
Sob a liderança de Sérgio Hinds, figura principal da trajetória d’O
Terço, o tracklist mescla músicas próprias com releituras emblemáticas. Por
exemplo, “Metamorfose Ambulante”, de
Raul Seixas, teve um acréscimo de guitarras mais encorpadas e uma interpretação
bem anos 1990 mesmo, atuando como uma legítima homenagem ao eterno Raulzito. Já
a versão de “Hey Joe”, de Jimi
Hendrix, manteve o mesmo nível de performance. Particularmente, gostei mais da adaptação
d’O Rappa na parte lírica, mas a parte melódica, apreciei mais a d’O Terço, que
é mais pesada.
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A capa de "O Terço", de 1990, que foi considerada pelos leitores da Bizz a pior daquele ano.
Já faixas como “Última Geração”
e “Alienígena” reforçam o lado mais
roqueiro e urbano do álbum. “Sonho” aparece como um respiro mais melódico dentro
do conjunto. Em um momento mais introspectivo, “Prisioneiro” se sobressai pela sensatez entre peso e reflexão,
tratando de temas psicológicos e emocionais com guitarras densas e vocais
contidos. Já “Tudo Muito Simples”,
que encerra o repertório principal, aposta na clareza e na economia de
elementos, ecoando quase como uma síntese conceitual do disco: menos excesso,
mais maturidade.
Na época, a recepção do álbum foi dividida. Parte do público sentiu falta das longas suítes progressivas, enquanto outros reconheceram a tentativa honesta de atualização sonora. A crítica também foi dura em alguns aspectos — os leitores da revista Bizz, por exemplo, elegeram a capa como a pior do ano — e a obra não teve grande projeção comercial.
Apesar disso, o disco revela um Terço em fase de transição, experiente, testando novos caminhos e reafirmando sua versatilidade dentro do rock brasileiro. É um trabalho que talvez não dialogue com o passado mais consagrado da banda, mas que merece ser redescoberto justamente por mostrar essa outra face do grupo.
A seguir, a ficha técnica e o tracklist da obra.
Álbum: O Terço
Intérprete: O Terço
Lançamento: 1990
Gravadora/Distribuidora: Estúdio Eldorado
Produtor:
Gravadora Eldorado
Sérgio Hinds: guitarra
e voz
Geraldo Vieira: baixo e
backing vocal
Flávio Pimenta: bateria
1. Última Geração (Marcelo de Andrade / André Felipe)
2. Alienígena (Teco Fuchs / Júlio Moschen)
3. Metamorfose Ambulante (Raul Seixas)
4. Prisioneiro (Marcel de Alexandre / César Leal de Souza)
5. Tudo Muito Simples (Sérgio Hinds)
6. Sonho (Marcelo de Alexandre / Luís Tabet)
7. Hey Joe (Roberts / Versão: Sérgio Hinds)
8. Rap (Robertinho do Recife / Herbert Vianna)
9. Liquidação (Sérgio Hinds / Alexandre Andreatta)
10. Girando Lâmpada (Sérgio Hinds)
Por Jorge Almeida

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