O artista visual Genivaldo Amorim questiona as mudanças climáticas na exposição "Aqui Será Mar", que acontece na Pinacoteca de SBC *
![]() |
| Foto meramente ilustrativa. |
O país Tuvalu chamou atenção do mundo durante a COP15, em 2009, em Copenhagen/Dinamarca, quando foi alçado à condição de símbolo das consequências causadas pelas mudanças climáticas nos países menos desenvolvidos
O artista visual Genivaldo Amorim apresenta a mostra “Aqui Será Mar", a
partir do dia 13 de dezembro de 2025 (sábado), das 14h às 18h, na Pinacoteca de
São Bernardo do Campo, no ABC paulista. Curada por Isa Bandeira, a exposição
reúne obras que tratam das mudanças climáticas a partir de uma residência que o
artista fez em Tuvalu, em 2024, pequeno país na Oceania que desaparecerá nas
próximas décadas por causa da subida do nível dos oceanos.
As obras de duas séries produzidas em Tuvalu, “Aqui Será Mar”, uma série de
fotografias de vários pontos do atol de Funafuti, onde vive a maior parte da
população, onde é vista uma placa azul com a inscrição “Aqui será mar” e
pinturas da série “Made in Tuvalu”, onde foram usadas pedras de praias como
instrumento de pintura, marcando a superfície das telas.
A mostra é completada com três instalações: “Conversatório”, composta por
tambores de metal, câmeras e monitores, “Se 8 bilhões pudessem beber esse mar”
composta por 200 copos azuis e “O frio do Norte é mais frio do que o frio do
Sul”, com 18 cobertores dobrados, cada um com uma etiqueta com o nome de um
museu e uma cidade européia.
“O que se descortina como futuro para Tuvalu é algo totalmente novo, o colapso
dessa base sobre a qual um país é erigido. É a impossibilidade de qualquer
pedra fundamental seja lançada, porque lhe faltará o fundamental: um lugar onde
se assentar", diz o artista visual Genivaldo Amorim, que tem contato com o
País desde 2012, quando uma jovem local participou do seu projeto World Body
Project, onde pessoas ao redor do mundo lhe enviavam fotos vestindo
camisetas vermelhas pintadas por ele.
O projeto foi contemplado no ano passado no Edital Fomento CULT SP-PNAB de
Produção de Exposição Inédita de Artes Visuais do Governo do Estado de São
Paulo e Governo Federal, e tem o apoio da Secretaria de Cultura de São Bernardo
do Campo.
Made in Tuvalu
Durante as perambulações iniciais (na residência em Tuvalu), me chamou atenção
que não havia areia nas praias, apenas um amontoado milenar de pedras e
esqueletos de corais, que o embate diário e paciente entre o oceano e a costa
havia moldado e acumulado ao longo do tempo, formando uma paisagem estranha,
incômoda. Meu processo de trabalho para a produção dessas pinturas começava com
uma caminhada, geralmente sob sol escaldante, por alguns quilômetros até essas
longas praias, geralmente desertas. Nesses locais eu espalhava tinta sobre as
telas e usava as pedras como ferramentas para riscar, raspar, marcar a
superfície, criando um fundo instável, movediço, que contrastava com as formas
vermelhas e brancas pintadas depois de retornar ao hotel.
Aqui será Mar
A série foi iniciada em 2023 com imagens de placas de madeira pintadas de azul
com a inscrição “Aqui Será Mar” em branco, colocadas em espaços públicos de
várias cidades do Brasil. Para realizar o trabalho em Tuvalu optei por usar uma
única placa e fotografá-la em locais emblemáticos, que dessem uma ideia do que
era aquele país. Há uma ausência deliberada de pessoas nessas fotos, o que traz
uma sensação de lugares deixados para trás, à própria sorte, como uma
antecipação do amanhã.
O frio do Norte é mais frio do que o frio do Sul
Montada pela primeira vez em 2019, em Moçambique, com cobertores verdes
dispostos no chão sobre sacos vermelhos, a instalação “O frio do Norte é mais
frio do que o frio do Sul” ganha neste projeto uma nova versão, agora com
cobertores cinza dispostos sobre sacolas vermelhas. A obra discute questões
históricas como a relação entre Norte e Sul global, tendo como elemento
discursivo central o frio: climático, geopolítico, social, cultural,
institucional, com cada cobertor identificado por uma etiqueta bordada com o
nome de uma instituição de arte contemporânea situada em algum país do Norte da
Europa.
Se 8 bilhões pudessem beber esse mar…
200 copos azuis dispostos em uma espécie de cercado espelhado, transmitindo a
sensação de multiplicação infinita. Em cada copo lê-se gravado o nome da obra,
“Se 8 bilhões pudessem beber esse mar...”, e o dos seis atóis (Funafuti,
Nanumea, Nui, Nukufetau, Nukulaelae e Vaitupu) e das três ilhas (Nanumanga,
Niutao e Niulakita) que compõem Tuvalu. A obra lida com a situação de Tuvalu de
uma forma poética, utópica, como se o país pudesse ser salvo por um gesto
coletivo e simbólico, com cada uma das oito bilhões de pessoas do planeta
bebendo um pouco do mar que ameaça engoli-lo.
Conversatório
A instalação “Conversatório” é composta por dez tambores de metal, pintados de
vermelho por fora e de preto por dentro, dispersos pelo espaço expositivo. No
interior de cada tambor uma câmera capta a imagem de quem se aproxima e um
monitor exibe a imagem captada em um outro tambor. A conexão entre os tambores
é feita de uma forma embaralhada, sem ida e volta, criando um sistema de
comunicação truncado, disfuncional, onde a interação entre as pessoas se torna
impossível.
“Na sua produção, Amorim articula arte e contextos socioculturais, abordando
experiências de diáspora e, neste caso, os impactos das mudanças climáticas
globais. Durante os 30 dias de estadia, compartilhou a rotina da comunidade
tuvaluana. O artista não se coloca como um turista acidental: sua viagem tem
propósito definido, mas permanece aberta à realidade encontrada no local. O
projeto inicial previa registros fotográficos e audiovisuais, além da criação
de uma obra a partir de materiais disponíveis na região. A série resultante
nasce de uma observação sensível, que possibilitou maior aproximação com o
Estado-ilha, ", acrescenta a curadora Isa Bandeira em seu texto crítico.
Sobre o artista
Genivaldo Amorim nasceu em Umuarama/PR em 1973. Bacharel em Artes Visuais, vive
e trabalha entre Valinhos e São Paulo/SP, onde mantém um ateliê. Trabalha com
instalações, pinturas, fotografia, objetos, arte pública e projetos especiais,
explorando temas diversos, como meio ambiente, relações humanas, relações entre
espaços e contextos artísticos e comuns. Além do Brasil, onde expôs em
Instituições como MuBE-Museu Brasileiro de Escultura e Ecologia (São Paulo SP),
MACC-Museu de Arte Contemporânea de Campinas (Campinas SP), MAB-Museu de Arte
de Blumenau (Blumenau SC), Casa das Onze Janelas (Belém PA), MARCO-Museu de
Arte Contemporânea de Mato Grosso do Sul (Campo Grande MS), entre outros, expôs
também em países como Alemanha, Camboja, Namíbia, Uruguai, Moçambique e Canadá.
Foi contemplado no Edital Proac/Artes Visuais do Governo do Estado de São Paulo,
em 2021 e 2024.
Sobre a curadora
Isa Bandeira é Doutora em Comunicação e Cultura e Mestre em História e
Historiografia da Arte pela Universidade de São Paulo, Pós-Graduada em
Administração Pública pela UniCesumar, Isa Bandeira é Curadora Independente.
Atua principalmente com temas relacionados à pintura, instalação, fotografia e
performance.
Sobre o espaço
Em 1975, um decreto criou a Pinacoteca de São Bernardo do Campo,
institucionalizando o acervo que já vinha sendo reunido desde o final da década
de 60. Em 1980, o mesmo foi instalado em sua primeira sede, o Centro Cultural
do Bairro Assunção, e ampliado com uma nova série de obras de vários grandes
artistas brasileiros. De lá para cá, o acervo continuou sendo ampliado,
principalmente por meio de doações e aquisições de obras premiadas nas edições
do Salão de Arte Contemporânea e do Salão de Arte de São Bernardo do Campo
(promovido pela Associação Sambernardense de Belas Artes - ASBA), Salão de Arte
Contemporânea e do Salão de Arte do Grande ABC.
Destacam-se nele, pela sua importância e representatividade, a coleção de Arte
popular e a coleção de artistas do Grande ABC. Com a criação, em 1990, do
Núcleo Henfil de Ação Cultural, essas obras passaram a contribuir para um
movimento de formação, difusão e estímulo à produção cultural que foi marcante
no início daquela década. Esse acervo, que estava precariamente guardado no
Espaço Henfil de Cultura por vários anos, agora se encontra em sua nova sede,
no edifício do antigo Fórum Municipal, reformado e adequado para instalar a
Pinacoteca.
mostra “Aqui Será Mar”
artista visual: Genivaldo Amorim
curadora: sa Bandeira
abertura: 13 de dezembro de 2025 (sábado), das 14h às 18h
período: 13 dezembro de 2025 a 28 de fevereiro de 2026
Terça-feira, 9h às 20h, quarta a sexta-feira, 9h às 17h
Último Sábado do mês, 10h às 16h
quanto: gratuito
classificação: livre
local: Pinacoteca de São Bernardo do Campo
Rua Kara, 105, Jardim do Mar
São Bernardo do Campo, SP - 09750-300
tel (11) 26309600
Genivaldo Amorim @genivaldo_amorim
Isa Bandeira @bandeira.isa
Pinacoteca de São Bernardo do Campo @pinacotecasbc
Créditos: Erico | Marmiroli Comunicação
* Este conteúdo
foi enviado pela assessoria de imprensa

Comentários
Postar um comentário