Show de Fagner no Tokio Marine Hall (1°.11.2025)

Fagner "regendo" o público a cantar seus clássicos no Tokio Marine Hall neste sábado (1°). Foto: Jorge Almeida

Em celebração aos seus 30 anos, o Tokio Marine Hall recebeu neste sábado (1°) o cantor e compositor cearense Raimundo Fagner, que fez a primeira de suas duas apresentações na casa. O consagrado músico apresentou uma série de hits que o consagrou ao longo de seus mais de 50 anos de carreira, além de homenagens a amigos que se foram, como Gonzaguinha e Belchior.

E, antes do espetáculo começar, para recepcionar o público no hall da casa, os músicos do Cucamonga apresentaram temas instrumentais sob comando dos metais.

Aos poucos, as mesas do Tokio Marine Hall foram sendo ocupadas e, lá pelas 21h40, as luzes da pista se apagaram e os músicos Cainã Cavalcante (violão/guitarra), Eudiner (acordeão), Netinho de Sá (baixo), Robson Matias (bateria), Stênio Gonçalves (guitarra) e Thiago Almeida (teclados) deram os primeiros acordes de "Muito Amor" para, em seguida, aparecer Fagner cantar a faixa do álbum de 2001 que leva o seu nome. 

Na sequência, três sucessos do cantor do final da década de 1970, começo dos anos 1980, começando com "Mucuripe", parceria sua com Belchior, seguida de "Jura Secreta". E tudo devidamente cantarolado "em parceria" com o público. Pois, Fagner, em ritual que prosseguiu ao longo do show, deixava o microfone e a plateia "cantava" para ele. Aliás, um dos mais empolgados com os clássicos do cearense, foi o político Ciro Gomes, que era uma das celebridades que foram prestigiar o músico.

Posteriormente, mais clássicos, como as incríveis "Revelação", "Noturno", que também é popularmente conhecida como "Coração Alado", a ótima poesia de Cecília Meirelles que foi musicada por Fagner em "Canteiros" e a já tradicional menção a "Águas de Março", de Tom Jobim.

A performance seguiu ainda com "Espumas ao Vento", a obrigatória "Deslizes" (que, particularmente para esse que vos escreve, tem o mesmo "peso" que "Evidências", de Chitãozinho & Xororó) e aqui vale mencionar o maravilhoso solo do guitarrista Stênio Gonçalves, para ainda tocar "Lembrança de Um Beijo", com menção a "Último Pau de Arara", acompanhada de "Jardim dos Animais" e a maravilhosa "Fanatismo", que Fagner musicou de um poema de Florbela Espanca quando lançou no álbum "Traduzir-se" (1981).

E, depois de tocar e deixar o público cantarolar seus clássicos, Fagner foi ao microfone e lembrou que seu amigo Gonzaguinha completaria 80 anos em 2025 e, como forma de homenageá-lo, tocou "Guerreiro Menino (Um Homem Também Chora)", depois, mandou beijos para o público e agradeceu às presenças de gente como Roberto Rivellino, Muricy Ramalho, Falcão (cantor brega) e Ciro Gomes. Aliás, testemunhei uma situação digna de se comparar com os "rolês aleatórios" do Ronaldinho Gaúcho: Muricy e Falcão juntos na mesma mesa assistindo ao espetáculo.

O público veio abaixo quando Fagner e sua banda iniciaram os primeiros acordes de "Borbulhas de Amor", outra que, facilmente, embora seja uma versão em português, entra no rol dos clássicos atemporais da nossa música. Na sequência, uma homenagem ao conterrâneo Belchior com "Paralelas", com direito a menção a "Retrovisor", parceria de Fagner com Fausto Nilo, e seguiu com a bela "Oração de São Francisco". E o show teve outro grande momento quando Eudiner, com sua sanfona, veio com o riff de "Pedras Que Cantam", com os fãs cantando a pleno pulmões e, como de praxe de todo artista nordestino, Fagner não poderia de deixar de prestar sua homenagem ao mestre Luiz Gonzaga, que foi lembrado com "Asa Branca" (aliás, fica a dica: procure os dois álbuns em que Fagner e Luiz Gonzaga gravaram juntos que foram lançados em 1984 e 1987 intitulados "Gonzagão & Fagner"). E, seguindo o ritual de tributos, uma justa lembrança ao saudoso Dominguinhos com sua pérola "Eu Só Quero Um Xodó".

Ovacionado, Fagner saiu brevemente em direção ao fundo do palco e, emocionado, retornou para o bis, que ainda nos reservou com a linda "Romance no Deserto", depois veio "Eternas Ondas", composta por Zé Ramalho para Roberto Carlos, que se recusou a gravá-la e o cantor paraibano ofereceu para Fagner que não só a gravou como deu nome para o seu disco de 1980. Ainda teve "Cartaz", um clássico dos anos 1980 que agitou muitas matinês na época e, com o público deixando seus lugares indo para a parte da frente do palco, deu tempo para apreciar "Quem Me Levará Sou Eu" e "Me Leve (Cantiga Para Não Morrer)".

O show acabou por volta das 23h45 e, enquanto as pessoas estavam a deixar as dependências do Tokio Marine Hall, a banda Ladies Blues Band se apresentava no palco secundário (enquanto este que vos escreve estava por lá, elas tocaram a música-tema da Pantera Cor-de-Rosa).

A turnê de Fagner que celebra os seus 50 anos de estrada, “Grandes Sucessos”, se justificou. Pois, durante toda a apresentação, o cantor deixou o microfone para permitir que o público interagisse com ele e cantasse seus clássicos, e isso aconteceu em todas as músicas do set. E só não garanto que foram todos os sucessos porque “Cabecinha no Ombro”, releitura da guarânia de Paulo Borges escrita em 1957, que conquistou o Brasil com participação especial de Roberta Miranda, lançada no álbum “Pedras Que Rolam” (1991) ficou de fora.

Bom, para este que vos escreve, a “trinca” das lendas nordestinas foi fechada: depois de ter assistido aos shows do Zé Ramalho (inclusive nessa mesma casa anos atrás) e Alceu Valença, só faltava ele, o ilustre torcedor do Tricolor do Pici. Vida longa à Raimundo Fagner.

A seguir, o setlist da apresentação desta noite no Tokio Marine Hall.

1. Muito Amor (São Beto)
2. Mucuripe (Fagner / Belchior)
3. Jura Secreta (Sueli Costa / Abel Silva)
4. Revelação (Clodo / Clésio)
5. Noturno (Coração Alado) (Graco / Caio Silvio)
6. Canteiros / Águas de Março (Cecília Meirelles / Fagner) (Tom Jobim)
7. Espumas ao Vento (Accioly Neto)
8. Deslizes (Michael Sullivan / Paulo Massadas)
9. Lembrança de Um Beijo / Último Pau de Arara (Accioly Neto) (Venâncio/Corumba/José Guimarães)
10. Jardim dos Animais (Fagner / Fausto Nilo)
11. Fanatismo (Florbela Espanca / Fagner)
12. Guerreiro Menino (Um Homem Também Chora) (Gonzaguinha)
13. Borbulhas de Amor (Burbujas de Amor) (Juan Luis Guerra / Versão: Ferreira Gullar)
14. Paralelas / Retrovisor (Belchior) (Fagner / Fausto Nilo)
15. Oração de São Francisco (Arranjo - Padre Casimiro Irala)
16. Pedras Que Cantam / Asa Branca (Dominguinhos / Fausto Nilo) (Luiz Gonzaga / Humberto Teixeira)
17. Eu Só Quero Um Xodó (Dominguinhos / Anastácia)
Bis:
18. Romance no Deserto (Romance In Durango) (Bob Dylan / Jacques Levy / Versão: Fausto Nilo)
19. Eternas Ondas (Zé Ramalho)
20. Cartaz (Francisco Casaverde / Fausto Nilo)
21. Quem Me Levará Sou Eu (Dominguinhos / Manduka)
22. Me Leve (Cantiga Para Não Morrer) (Fagner / Ferreira Gullar)

E hoje tem a segunda apresentação de Fagner no Tokio Marine Hall, às 19h.

Por Jorge Almeida com agradecimentos a Felipe Martinez

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