Romance expõe as forças invisíveis que regem escolhas, traumas e destinos *
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| Foto meramente ilustrativa. |
Em "Jogos marcados no corpo de Deus", Jorge Verlindo estreia na literatura com uma trama que entrelaça quatro personagens em crises de identidade e cicatrizes do passado
Nos bastidores da vida cotidiana, enquanto cumprimos
rotinas e repetimos gestos automáticos, forças invisíveis nos conduzem sem que
percebamos. Esse tabuleiro oculto é exposto pelo escritor Jorge
Verlindo em seu romance de estreia, Jogos
marcados no corpo de Deus. A narrativa investiga dinâmicas
silenciosas que moldam identidades, produzem traumas e definem destinos,
revelando como até pequenas decisões podem ser peças de engrenagens muito
maiores.
O livro entrelaça quatro personagens que vivem
crises de sentido, presas a sofrimentos cujas raízes desconhecem. Suas
trajetórias se cruzam e reverberam umas nas outras, até que Maria — mulher
preta, de origem pobre e impactada por um segredo doloroso — decide romper o
ciclo e reconfigurar seu papel nesse jogo. Esta escolha desencadeia
transformações que expõem o impacto de violências naturalizadas, como o
racismo, o abuso sexual e os traumas psicológicos que atravessam
gerações.
A narrativa acompanha ainda Roberto, funcionário de
escritório que cumpre mecanicamente suas funções e tenta manter a rotina
familiar mesmo enquanto lida com uma sensação crescente de vazio e isolamento.
Matheus, por sua vez, é um executivo marcado pela pressão paterna para ter
sucesso e corresponder às expectativas rígidas, o que o torna competitivo e
emocionalmente contido. Já Esther tem vínculos afetivos instáveis, tentando
manter uma imagem de controle enquanto convive com episódios de ansiedade e
impulsos autodestrutivos.
Ao optar por uma estrutura que dá voz ativa às
personagens e inclui um narrador que participa da trama, Verlindo rompe com o
modelo tradicional onisciente. Esse narrador observa e admite suas próprias
dúvidas sobre conseguir concluir a história.
A musicalidade do texto, alternando momentos de
solo, duetos e silêncio, espelha a dinâmica emocional dos personagens e dialoga
com a bagagem artística do autor, que também é músico. Essa vivência se soma às
suas leituras sobre psicologia do trauma e abordagens psicoterapêuticas — como
EMDR e Sistemas Familiares Internos — e contribui para a construção de uma
trama em que a introspecção ocupa lugar central, seja nos personagens que
percorrem suas paisagens internas, seja no próprio autor, que as investiga com
sensibilidade, entrelaçando forma e conteúdo.
Ao explorar os bastidores da vida cotidiana, Jogos
marcados no corpo de Deus lança luz sobre os vínculos sutis
que ligam experiências pessoais a estruturas coletivas, instigando o leitor a
reconhecer novas formas de existir.
Créditos: Bárbara Fernandes Correa | LC Agência de
Comunicação
* Este conteúdo foi enviado pela assessoria de imprensa

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