Jorge Ben: 55 anos de “Força Bruta”
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| "Força Bruta", de Jorge Ben, completa 55 anos de lançamento em 2025. |
Neste ano, o álbum “Força Bruta”, de Jorge Ben, completa 55 anos de lançamento. Gravado no decorrer de 1970 nos estúdios C.B.D., no Rio de Janeiro, e Scatena, em São Paulo, a obra saiu pela Phillips e a produção assinada por Manoel Barenbein.
Esse disco saiu em plena
Ditadura Militar e é caracterizado por uma sonoridade mais acústica por parte
de Jorge Ben, ao mesmo tempo, mais sombrio e profundo, mesclando Samba, Funk,
Soul e Rock com uma brandura que permitiu para que ele fosse considerado um dos
precursores daquilo que seria conhecido como Samba-Rock.
A obra nasceu em um
momento inspirado por parte de Jorge que, no auge de sua criatividade, se uniu
com o afiadíssimo Trio Mocotó (Fritz Escovão, Nereu Gargalo e João Parahyba) e,
juntos, só precisaram apenas de uma noite, de primeira, conseguiram gravar o
álbum praticamente só no improviso e resultou em uma pérola da música
brasileira.
O entrosamento é nítido já
na abertura do play, com “Oba, Lá Vem Ela”, faixa que enaltece a
exaltação à figura feminina, temática que percorreu em boa parte da obra. Na
sequência, em “Zé Canjica”, o trio e a guitarra de Jorge Ben circulando
por percursos distintos acabam se encaixando em uma leveza bem bacana.
Posteriormente, a atmosfera muda em “Domênica Domingava Num Domingo Linda
Toda de Branco”, que é uma faixa mais melancólica e uma atuação jeitosa de
Jorge Ben. Enquanto isso, “Charles Júnior” evoca a sua afirmação
identitária de forma objetiva e enérgica, dosando ritmos e mensagem de forma
que antecipa frases futuras, como a de “A
Tábua de Esmeralda”. E, encerrando o lado A, “Pulo, Pulo”, que
apresenta uma pegada dançante e divertida do cantor.
A segunda metade começa com “Apareceu
Aparecida”, que submerge na viola de um País mais rural, beirando ao
folclore. Depois, vem aquela que é considerada um dos maiores clássicos da
carreira de Jorge: “O Telefone Tocou Novamente”, com seu refrão
memorável e também a expressão amorosa do eu-lírico comovente. A canção
seguinte é “Mulher Brasileira”, em que celebra à figura da mulher,
enaltecendo suas virtudes com admiração pura. Depois, a divertida “Terezinha”,
em que é repleta de desencontros amorosos e, para encerrar, a faixa-título, um
pujante samba em que o interlocutor clama para que o amor não seja apenas um
sonho.
Com “Força Bruta”, ouvimos um Jorge Ben espontâneo, inventivo, seguro de sua identidade e preparado para novos experimentos. Trata-se de um trabalho que é puro suco de brasilidade e, passados mais de cinco décadas, segue enérgico, extasiado e estritamente peculiar, coisas de Jorge.
A seguir, a ficha técnica e o tracklist da obra.
Álbum: Força Bruta
Intérprete: Jorge Ben
Lançamento: 1970
Gravadora/Distribuidora: Phillips
Produtor: Manoel Barenbein
Jorge Ben: voz e guitarra
Trio Mocotó:
Fritz Escovão: cuíca
Nereu Gargalo: percussão
João Parahyba: bateria
1. Oba, Lá Vem Ela (Jorge Ben)
2. Zé Canjica (Jorge Ben)
3. Domênica Domingava Num Domingo Linda Toda de Branco (Jorge Ben)
4. Charles Júnior (Jorge Ben)
5. Pulo, Pulo (Jorge Ben)
6. Apareceu Aparecida (Jorge Ben
7. O Telefone Tocou Novamente (Jorge
Ben)
8. Mulher Brasileira (Jorge Ben)
9. Terezinha (Jorge Ben)
10. Força Bruta (Jorge Ben)
Por Jorge Almeida

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