Thin Lizzy: 45 anos de “Chinatown”

 

"Chinatown", do Thin Lizzy, completa 45 anos de lançamento em 2025.

Nesta sexta-feira, 10 de outubro, o décimo álbum de estúdio dos irlandeses do Thin Lizzy, “Chinatown”, completa 45 anos de existência. Gravado entre abril e agosto de 1980, no Good Earth Studios, em Londres, o disco foi lançado pela Vertigo na Europa, enquanto a Mercury e a Warner Bros. editaram o play para Canadá e Estados Unidos, respectivamente. A produção ficou creditada ao grupo juntamente com Kit Woolven.


O Thin Lizzy vinha de um enorme caos provocados pelos excessos durante as últimas turnês da década de 1970. Com constantes trocas de integrantes, o grupo passava por um verdadeiro caos. E, por conta de toda essa situação complicada, foi a vez do guitarrista Gary Moore deixar a banda durante a turnê de “Black Rose”. Com isso, a banda tentou alguns nomes para ser companheiro de Scott Gorham nas seis cordas, como Midge Ure (ex-Rich Kids), que chegou a gravar os backing vocais da faixa-título, e até recrutar seus ex-guitarristas Brian Robertson e Eric Bell, mas ambos recusaram a voltar.

Eis que em uma ocasião Scott Gorham lembrou de ter visto um show do Pink Floyd, durante a turnê do álbum “Animals” (1977) e ter ficado impressionado com o guitarrista Snowy White que, apesar de ter uma pegada mais bluesy, e sugeriu o nome dele para entrar na banda. Então, após um encontro entre o músico e o grupo irlandês, o convite foi feito e aceito. Além disso, o tecladista Darren Wharton, que era músico de apoio, se juntou ao grupo de forma extra-oficial e o Thin Lizzy se transformou em um quinteto.


Apesar de ter encontrado o que poderia ser como motivação para produzir um novo álbum com a presença de um novo guitarrista, o Lizzy apresentou um álbum menos pesado em relação aos anteriores, muitos atribuem isso à entrada de White, que não tem aquela pegada de som mais pesado, o que é injusto. Na verdade, outros fatores também contribuíram para que “Chinatown” ficasse um patamar abaixo em relação aos demais discos do grupo, como a falta de interesse do próprio Thin Lizzy, vide a produção mais “enxuta”, o abuso cada vez maior no consumo de drogas pesadas, especialmente entre Lynott e Gorham. Aliás, o vocalista parecia estar mais centrado no lançamento de seu álbum solo, o “Solo In Soho”, que saiu em abril do mesmo ano, o que, talvez, pode ter colaborado para que o grupo demorasse mais tempo para gravar o sucessor de “Black Rose: A Rock Legend” (1979).


O álbum começa bem com uma faixa tipicamente Thin Lizzy, “We Will Be Strong”, com as tradicionais e ótimas guitarras “dobradas”. Na sequência, os caras mantêm o peso na faixa-título. O terceiro tema é a agradável “Sweetheart”, que tem uma pegada mais pop, mas muito aprazível de escutar. Na sequência, o play apresenta “Sugar Blues”, cuja letra remete ao vício de Lynott em heroína. O disco chega à metade com “Killer On The Loose”, que mantém o peso e que, para este que vos escreve, só corrobora o fato de que o Thin Lizzy é a maior banda de rock da Irlanda, aliás, a ‘intro’ tem “um quê” de Motörhead em sua fase clássica.


O lado B da obra aparece com a ótima “Having A Good Time”, com uma letra despretensiosa de Phil e que apresenta belos solos, diga-se de passagem, e um ótimo backing vocal. Em seguida, outro destaque “Genocide (The Killing Of The Buffalo)”, que acabou sendo prejudicada pela produção de Kit Woolven. O disco termina com duas boas faixas: a balada “Didn’t I” e o hard bem executado de “Hey You” (claro que essa faixa é homônima à do Pink Floyd apenas).


Outro fator que não pode ser ignorado em “Chinatown” é a sua bela capa, feita pelo ilustrador Jim Fitzpatrick.


De fato, “Chinatown” não é um disco aclamado pelo público, tanto que não vendeu muito. E o próprio grupo colaborou para isso por conta da falta de interesse em tocar, além do uso cada vez maior e mais perigoso com as drogas, especialmente entre Scott e Lynott. Tanto que por conta também dos desentendimentos entre os dois, Downey White só conseguiu ficar dois anos na banda e foi mais um que pulou do barco. Apesar de todos os contratempos, esse é um bom registro do Thin Lizzy. Vale sim a audição.


A seguir, a ficha técnica e o tracklist da obra.

Álbum: Chinatown
Intérprete: Thin Lizzy
Lançamento: 10 de outubro de 1980
Gravadora/Distribuidora: Vertigo (Europa) / Mercury (Canadá) / Warner Bros. (Estados Unidos)
Produtores: Thin Lizzy e Kit Woolven

Phil Lynott: baixo, teclados e voz
Scott Gorham e Snowy White: guitarras e backing vocal
Brian Downey: bateria e percussão

Darren Wharton: teclados e backing vocal
Tim Hinkley: piano elétrico em “Didn’t I
Fiachra Trench: arranjos de cordas em “Didn’t I
Midge Ure: backing vocal em “Chinatown


1. We Will Be Strong (Lynott)
2. Chinatown (Downey / Gorham / Lynott / White)
3. Sweetheart (Lynott)
4. Sugar Blues (Downey / Gorham / Lynott / White)
5. Killer On The Loose (Lynott)
6. Having A Good Time (Lynott / White)
7. Genocide (The Killing Of The Buffalo) (Lynott)
8. Didn’t I (Lynott)
9. Hey You (Downey / Lynott)

Por Jorge Almeida

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