Últimos dias para conferir a exposição gratuita "Qual o seu papel? Da fibra à forma: a arte que pulsa da Paraíba" no Museu A CASA do Objeto Brasileiro *
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Foto meramente ilustrativa. |
A mostra, recorte da obra de artesãos paraibanos, apresenta um universo lúdico, popular e profundamente enraizado nas memórias, territórios e afetos do Nordeste
O Museu A Casa do Objeto Brasileiro recebe até domingo (03 de agosto) a exposição Qual o seu papel? Da fibra à forma, a arte que pulsa da Paraíba, um recorte da produção artesanal do estado da Paraíba. A mostra, que foi apresentada no 39º Salão do Artesanato da Paraíba, em João Pessoa, é realizada pelo Museu A CASA, pelo PAP – Programa do Artesanato Paraibano, pela Secretaria de Estado do Turismo e Desenvolvimento Econômico da Paraíba e pelo Governo do Estado da Paraíba. A exposição conta ainda com parceria institucional do Sebrae-PB e apoio institucional da São Braz.
Qual o seu papel? reúne o trabalho de sete artesãos — Adriano Oliveira, Babá Santana, Carlos Apollo, Dadá Venceslau, Ednaldo Farias, Géo Oliveira e Socorro Souza —, que têm no papel sua principal matéria-prima de criação. A partir dele, dão forma a uma arte delicada, marcada por poesia, cores e personagens que habitam o imaginário popular e o universo lúdico da região.
As peças exibidas foram criadas sob a orientação do designer Sérgio Mattos, que estimulou a experimentação sem abrir mão da identidade autoral de cada artista. As obras são fruto de um domínio apurado das técnicas de papel machê e papietagem, práticas artesanais de origem milenar. Enquanto o papel machê — de origens na China antiga e difundido pela Europa — molda uma mistura de polpa de papel e adesivos naturais, resultando em estruturas sólidas e duráveis; a papietagem diferencia-se por aplicar camadas inteiras de papel embebido em cola sobre moldes, criando superfícies ricas em textura e volumetria.
“Em Qual o seu papel?, a arte feita à mão transforma materiais considerados de descarte em gestos de permanência e reinvenção. O Museu A Casa do Objeto Brasileiro, em parceria com o Governo do Estado da Paraíba e o Sebrae-PB, convida o público paulistano a descobrir como o olhar atento e a criatividade coletiva podem revelar beleza onde menos se espera — e como o fazer artesanal segue sendo um elo vital entre passado, presente e futuro”, diz Mariana Lorenzi - Diretora Artística do Museu A Casa do Objeto Brasileiro
A inovação se revela também no uso de matérias-primas improváveis e sustentáveis: além de materiais descartados como papelão, caixas de medicamentos e rolos de papel higiênico, os artesãos empregam fibras e resíduos orgânicos tais quais banana, cana-de-açúcar, casca de cebola, carnaúba, espada-de-São-Jorge, capim-elefante, para criar papiros artesanais que incorporam texturas e tonalidades únicas às obras. Essa prática não apenas ressignifica o "lixo", como também contribui para o debate urgente sobre práticas sustentáveis, capazes de reverter os ciclos de descarte que marcam o nosso tempo.
As narrativas que atravessam as peças remetem ao dia a dia do povo sertanejo, às festas populares e às tradições de resistência cultural: das bases cilíndricas e coloridas desenhadas por Sérgio Mattos para a cenografia, surgem papangus, maracatus, brincantes, palhaços, animais fantásticos, maletas e bonecos que espelham a riqueza simbólica da região nordestina. Cada objeto, ao mesmo tempo que celebra a inventividade popular, convida à reflexão sobre memória, identidade e sustentabilidade.
Sobre os artistas
Adriano Oliveira: formas e cores do Nordeste
Desde a adolescência, quando teve seu primeiro contato com o
artesanato, Adriano Oliveira, natural de João Pessoa, encantou-se com a arte de
transformar materiais. Hoje aos 42 anos, ele lembra com carinho do aprendizado
ao lado do mestre Babá Santana, que o inspirou a trilhar esse caminho. Em seu
pequeno ateliê, no bairro de Mangabeira, ele desenha e molda figuras de
animais, especialmente os domésticos. Explora também cores e texturas
combinando cabaça e jornal em peças únicas: mulheres nordestinas, cães, gatos,
bailarinas e máscaras de carnaval. Obras essas que carregam alegria para a vida
de seus clientes. “O artesanato vai além da criação, é a oportunidade de fazer,
refazer e reciclar”, afirma. “Tenho a missão de mostrar um pouco da arte
paraibana, da arte nordestina.”
Babá Santana: a poesia do circo em papel machê
Manuel Iremar Santana, mais conhecido como Babá Santana, apelido
dado pela irmã, nasceu em 1958 no município de Santa Luzia, no semiárido
paraibano. Em 1972, mudou-se para a capital, onde sua trajetória artística
começou a tomar forma. Autodidata, explorou diversas áreas da decoração e
cenografia, criando desde ambientes infantis, estandes de exposições e cenários
teatrais. Em 2002, Babá encontrou sua real vocação: a confecção de bonecos de papel
machê. Desenvolveu uma técnica única, utilizando cabaças como base para criar
palhaços, bailarinas, trapezistas e equilibristas — figuras que traduzem o
encanto e a poesia do circo, sua paixão desde a infância. Ele também produz
bonecas, figuras humanas e arte sacra, sempre de um colorido vibrante. Seu
trabalho já foi exposto em São Paulo, Recife, Minas Gerais e Bahia, além de ter
atravessado fronteiras, sendo exibido nos Estados Unidos e na França.
Carlos Apollo: a arte que transforma
Com 58 anos de idade e 38 anos dedicados ao artesanato, Carlos
Antônio Apolônio da Silva, mais conhecido como Carlos Apollo, encontrou na arte
com papel sua verdadeira vocação. Nascido em Esperança, no agreste paraibano,
ele cresceu em meio à vida simples do campo, filho de agricultores. Seu
primeiro contato com o artesanato aconteceu em São Paulo, quando começou a
trabalhar com adereços e cenografia para teatro. Autodidata, ele diz ter
aprendido o ofício com a própria imaginação, sem esquecer das pessoas que, ao
longo do caminho, lhe deram dicas valiosas. “Transformo materiais em obras de
decoração e utilidade, gerando renda com consciência ecológica.”
Dadá Venceslau: a magia do teatro, do lixo ao luxo
A trajetória artística de Dadá Venceslau, 63 anos, começou em
Patos, onde nasceu. “Comecei a trabalhar com pedras, fazendo bonecos e
palhaços, tudo o que eu faço hoje, só que com papel, papelão e muito material
reciclado”, conta. Na década de 1980, passou a apresentar seus trabalhos em
feiras de artesanato. Mas foi no Rio de Janeiro que ele mergulhou no universo
circense, teatral e das artes plásticas, experiências que marcaram sua
formação. Em 1985, de volta à Paraíba, fundou a Supimpa Produções Artísticas,
dando origem à trupe Agitada Gang, um grupo de atores e palhaços que há mais de
30 anos encanta plateias. Além da atuação no cenário cultural, Dadá dedica-se a
projetos sociais. Como arte-educador, integra a ONG Folia Cidadã, realizando um
importante trabalho no Centro de Reabilitação de Dependentes Químicos da
Prefeitura de João Pessoa. “Minha missão é ressignificar. Eu recolho o lixo e o
transformo em arte – o que chamo de o luxo do lixo.”
Ednaldo Farias: a reciclagem como missão
Transformar o que iria para o lixo em algo novo e belo,
contribuindo para um mundo melhor – essa é a missão que Ednaldo Farias Ferreira
escolheu para si. Aos 42 anos, natural de Alagoa Grande, no agreste paraibano,
Ednaldo cresceu em uma família de agricultores e encontrou no artesanato, em
2011, a oportunidade de mudar sua história. O olhar atento para o trabalho de
grandes mestres foi o que o impulsionou a desenvolver sua própria arte,
tornando o artesanato sua companhia inseparável. “Tenho procurado me qualificar
e melhorar a cada dia, para alcançar o realismo em cada escultura e, assim, encantar
ainda mais o público. Sou apaixonado pelo que faço.” Com mais de dez anos de
dedicação diária, Ednaldo segue firme em sua jornada, provando que a arte pode
dar novo destino a materiais descartados — e também transformar a vida de quem
a cria.
Geo Oliveira: alma festiva e nordestina
Com talento e criatividade, Geo Oliveira transforma simples
folhas de papel em personagens do maracatu, dos folguedos e das histórias do
Sertão, dando forma e cor à cultura popular e às memórias de sua infância.
Natural de São Mamede, ele desde pequeno aprendeu a enxergar a cultura popular
do seu entorno. O olhar curioso e atento logo se tornou fonte de inspiração.
Antes de se dedicar ao papel, passou pelo bordado e pela arte naif, até
encontrar a verdadeira paixão: dar vida a personagens do imaginário nordestino.
“Eu não sei fazer outra coisa senão esses personagens dos folguedos. Hoje, uso
o papel para trazê-los ao mundo, porque, para mim, eles são universais”, diz o
artesão, que também é psicólogo.
Socorro Souza: entre o cuidado e a arte
Nascida em João Pessoa, Socorro Souza descobriu desde cedo as
múltiplas possibilidades do artesanato. Vinda de uma família humilde, ainda
menina percebeu que o fazer artesanal poderia ser uma forma de superar as
dificuldades financeiras que enfrentava. Mas sua relação com o artesanato foi
além da necessidade. O amor pela arte se enraizou, e nem mesmo a conquista de
um diploma em Enfermagem pela Universidade Federal da Paraíba a afastou desse
ofício. Os conselhos dos pais, comerciantes, para que apostasse na educação
deram frutos, mas o artesanato permaneceu como parte essencial de sua vida.
“Meu compromisso é buscar a maior perfeição possível em cada peça que faço.
Sempre me coloco no lugar do cliente e me esforço para que ele volte. Sei que,
ao confeccionar meus personagens com dedicação, também estou contribuindo para
um mundo melhor”, avalia.
Ficha Técnica - Museu A CASA do Objeto Brasileiro
Diretora Presidente | Renata Mellão
Diretoras | Sonia Kiss e Maria Eudóxia Mellão Figueiredo Atkins
Direção Executiva | Eduardo Augusto Sena
Direção Artística | Mariana Lorenzi
Administrativo-Financeiro | Tatiana Sousa
Comunicação | Halinni Garcia Lopes
Desenvolvimento Institucional | Carolina Rocha
Gestão Loja | Patrícia Kede Godoy
Gestão Predial | Janice Monteiro
Loja | Lívia Andrello
Mediação e Educativo | Camilla Pires
Produção | Renata Zanetti Sant’Anna
Serviços Gerais | Maria José Miguel Pereira
Zeladoria | Alfredo Matias
Ficha Técnica da exposição
Governo do Estado da Paraíba
Governador: João Azevedo Lins Filho
Vice Governador: Lucas Ribeiro Novais de Araújo
Secretária de Estado do Turismo e Desenvolvimento Econômico
Setde: Rosália Borges Lucas
Presidente de Honra do Programa do Artesanato Paraibano PAP: Ana
Maria Sales Lins
Gestora do Programa do Artesanato Paraibano PAP: Marielza
Rodriguez Targino de Araújo
Diretor do Museu do Artesanato Paraibano Janete Costa: Fábio de
Morais Silva
Coordenadora de Capacitação do Programa do Artesanato Paraibano
PAP: Yara de Alencar Cunha Filha
SEBRAE PB
Presidentes do Conselho Deliberativo Estadual: Mario Antônio
Pereira Borba
Diretor Superintendente: Luiz Alberto Gonçalves Amorim
Diretor Técnico: Lucélio Cartaxo Pires de Sá
Diretor Administrativo: João Monteiro da Franca Neto
Gerente da Unidade de Desenvolvimento Territorial e Políticas
Públicas: Luciano Holanda
Gestor de Artesanato: Jucieux Palmeira
Curadoria da Exposição: Sérgio Matos
Sobre o Museu A CASA do Objeto Brasileiro
O Museu A CASA do Objeto Brasileiro é um espaço de referência na
valorização do saber artesanal, atuando desde 1997 para proteger, difundir e
atualizar suas tradições. Criado pela economista Renata Mellão, o museu fomenta
a produção artesanal por meio de exposições, projetos, programação cultural e
parcerias institucionais. Seu acervo inclui peças de Mestres Artesãos como
Espedito Seleiro e de comunidades como os Baniwa e os ceramistas do Xingu.
Mais do que preservar, o museu atua ativamente na valorização do fazer manual como ferramenta de desenvolvimento social e econômico. Suas iniciativas incentivam a autonomia dos artesãos e artesãs, garantindo o reconhecimento de seus saberes e respeitando a identidade cultural de cada comunidade. Por meio de programas educativos, capacitações e pesquisas, o museu estabelece pontes entre tradição e inovação, fortalecendo a produção artesanal em diferentes territórios.
Ao longo de sua trajetória, o Museu A CASA consolidou-se como um importante polo de pesquisa e reflexão sobre o artesanato brasileiro. Suas exposições revelam a diversidade das práticas artesanais no país, abrangendo técnicas como a cerâmica indígena, as rendas, os trançados e a marcenaria. Além disso, promove iniciativas que aproximam artesãos, designers, pesquisadores e o público interessado na cultura material brasileira.
Desde 2008, o Museu A CASA realiza o Prêmio Objeto Brasileiro, um dos principais reconhecimentos do setor, voltado para a produção artesanal contemporânea. Com nove edições realizadas, o prêmio já recebeu quase duas mil inscrições, destacando a inovação e a excelência do fazer artesanal no Brasil.
Com um olhar atento à tradição e ao futuro do artesanato, o Museu A CASA segue impulsionando novas narrativas e promovendo o encontro entre diferentes gerações de criadores, pesquisadores e apreciadores do objeto brasileiro.
Sobre a Loja do Museu A CASA
A Loja do Museu A CASA é uma extensão do trabalho do Museu A
CASA do Objeto Brasileiro, oferecendo ao público a oportunidade de adquirir
peças criadas por artesãos e comunidades de diversas regiões do país. Seu
acervo é cuidadosamente selecionado para destacar a riqueza do artesanato
brasileiro, valorizando materiais, técnicas e expressões culturais únicas.
Cada peça disponível na Loja do Museu A CASA carrega a história e a identidade de seus criadores, conectando tradição e contemporaneidade. O espaço busca promover a sustentabilidade da produção artesanal, garantindo que os artesãos sejam remunerados de forma justa e que seus saberes sejam preservados.
Além de objetos de decoração e utilitários, a loja apresenta uma curadoria especial de peças autorais, muitas delas fruto de parcerias entre designers e mestres artesãos. Dessa forma, a Loja do Museu A CASA se torna um ponto de encontro entre diferentes públicos, incentivando o consumo consciente e a valorização do fazer manual brasileiro.
Serviço
Qual o Seu Papel? Da fibra à forma: a arte que pulsa
da Paraíba
Local: Museu A CASA do Objeto Brasileiro (Av. Pedroso
de Morais, 1216 - Pinheiros , São Paulo - SP, 05420-001)
Período expositivo:
Até 03 de agosto
Horário: De quarta a
domingo, das 10h às 18h
Entrada gratuita
Mais informações:
Tel: +55 11 3814-9711
E-mail| Site | Instagram
Créditos:
Diogo Locci | Agência Taga
* Este conteúdo foi enviado pela assessoria de imprensa
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