Ira!: 40 anos de “Mudança de Comportamento"
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"Mudança de Comportamento": 'debut' do Ira! completa 40 anos de lançamento em 2025. |
Neste dia 15 de maio marca o 40º aniversário do lançamento de “Mudança de Comportamento“, o primeiro trabalho dos paulistanos do Ira!. Gravado em março de 1985 no estúdio Nas Nuvens, no Rio de Janeiro, o disco foi lançado pela WEA e produzido por Pena Schmidt.
Antes
de gravarem o primeiro LP, os integrantes do Ira! estavam naquela fase de
formação de banda em que alguns tinham outros trabalhos paralelos. Edgard
Scandurra, por exemplo, integrava quatro bandas simultaneamente, entre elas,
além do Ira (na época sem exclamação), o Ultraje a Rigor que, inclusive, “sem
querer querendo”, ele acabou dando um insight para Roger Rocha Moreira batizar a sua banda em um diálogo.
Enquanto isso, Nasi fazia parte do Voluntários da Pátria.
E,
conforme a situação foi apertando por conta da incompatibilidade de compromisso
das bandas, Scandurra se dedicou ao Ira e, juntamente com Nasi, e mais o
baterista Charles Gavin e o baixista Dino gravaram um compacto com dois temas
em 1983: “Pobre Paulista” e “Gritos na Multidão”. Mas, depois, antes de entrar
em estúdio para gravar o seu ‘debut’, a banda sofreu duas baixas: Dino saiu por
conta própria e, para seu lugar, Nasi chamou o amigo dos tempos do Voluntários
da Pátria: Ricardo “Gaspa” Gasparini, irmão de Ted Gaz, do Magazine (a banda de
Kid Vinil; e Charles Gavin que saiu para ir ao RPM, mas que acertou com os
Titãs que, por sua vez, despediu André Jung, que aceitou o convite feito por
Nasi em assumir as baquetas do Ira! e, assim, o grupo passou 22 anos imutável.
Com
uma formação já sólida com Edgard Scandurra nas guitarras, Nasi nos vocais,
Gaspa no baixo e André Jung na bateria, o Ira! foi para os estúdios Nas Nuvens,
no Rio de Janeiro, e em nove dias do mês de março de 1985 gravou o seu primeiro
álbum: “Mudança de Comportamento“.
O
nome do álbum fez todo sentido, pois, era justamente a situação do grupo na época:
a começar pelo nome que ganhou um ponto de exclamação – de Ira passou para Ira!
-, a troca da “cozinha” e o direcionamento musical: o punk rock presente no
compacto lançado anteriormente para um estilo baseado na cultura mod inglesa.
Com
o alicerce do manuseio certeiro das guitarras de Edgard Scandurra e os vocais
sombrios de Nasi, tipicamente influenciado do pós-punk, a obra mostrou um novo
cenário dentro do rock nacional, especialmente por conta da euforia multicolor
da New Wave.
E
o play apresenta faixas que se tornaram clássicas de uma geração. A começar com
a ótima “Longe de Tudo“,
com a guitarra pungente de Edgard e que, para este que vos escreve, é a música
favorita do Ira!, seguido do hino “Núcleo Base“, em que Scandurra compôs nos tempos
em que serviu o Exército em que ele deixa claro que não aprova essa coisa de
alistamento militar obrigatório; a balada “Tolices” e a faixa-título também se tornaram
obrigatórias nas apresentações da banda ao longo de sua história. Outra boa
pedida da obra é “Coração“,
agitada e que, inconscientemente, nos faz agitar a cabeça na batida da bateria
de André Jung. Enquanto isso, no lado B, duas faixas em particular merecem
atenção especial: “Como
os Ponteiros de Um Relógio” e “Ninguém Entende um Mod!“, o hino daquela galera.
Apesar
de trazer excelentes músicas, o álbum vendeu apenas 60 mil na época de seu
lançamento. Em 2000, quando a WEA aproveitou para relançar edições
remasterizadas e digitalizadas do catálogo do Ira! em CD, aproveitou para
acrescentar algumas canções que foram gravadas ao vivo pelo grupo na época do
lançamento do LP, em São Paulo (vide a ficha técnica abaixo).
Realmente,
“Mudança de Comportamento”
é uma boa pedida para quem gosta do bom e velho rock nacional, mas o melhor do
Ira! ainda estava por vir, em 1986, para ser mais preciso. Mas, esse trabalho
de estreia dos caras pode ser apreciado sem hesitar.
A
seguir, a ficha técnica e o tracklist (da versão remasterizada) da obra.
Márcio
Montarroyos: trompete em “Mudança
de Comportamento”
Por
Jorge Almeida
Acabou dando o nome pro grupo porra nenhuma. Eu dei o nome pro grupo.
ResponderExcluirOlá, Roger, primeiramente, agradeço ao comentário e pela correção. Na verdade, quis dizer que o Edgard, "sem querer querendo", deu o insight para que você batizasse a banda. Se não estiver enganado, o nome do Ultraje veio de um diálogo entre vocês e aí, ele disse algo tipo "que traje? Traje a rigor?". Foi algo assim, não foi? Se não for, posso retificar esse trecho.
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