Eric Clapton: 50 anos de "There's One In Every Crowd"

 

"There's One In Every Crowd", de Eric Clapton, completa 50 anos de lançamento em 2025.

No último mês de março, o terceiro álbum solo de estúdio de Eric Clapton, "There's One In Every Crowd", completou 50 anos de lançamento. Gravado entre o final de 1974 e o início de 1975, nos estúdios Criteria, em Miami, e Dynamic Sounds Studios, em Kingston, na Jamaica, a obra foi produzida por Tom Dowd e lançado pela RSO.

Depois do sucesso estrondoso do cover "I Shot The Sheriff", de Bob Marley, Clapton e sua banda de apoio foram para a Jamaica gravar o sucessor de "461 Ocean Boulevard". A presença em solo jamaicano inspirou o guitarrista a gravar alguns temas em um estilo mais voltado ao Reggae, enquanto a maior parte da obra seja mais focado para o Blues e o Rock. Mas, a dependência de álcool e problemas com drogas no país insular do Mar do Caribe tornou a gravação do disco um desafio para o staff de Eric Clapton.

Então, acompanhado pelos músicos George Terry (guitarra), Carl Radle (baixo) e Jamie Oldaker (bateria), Eric “God” Clapton tentou repetir a fórmula bem-sucedida do álbum anterior. Mas, desta vez, as coisas não fluíram com a mesma naturalidade. 

O disco se abre com a promissora “We’ve Been Told (Jesus Is Coming Soon)”, que apresenta um clima quase espiritual e suave. Em seguida, a presença da Jamaica se fez presença maciçamente em músicas como “Swing Low, Sweet Chariot”, “Little Rachel” e “Don’t Blame Me”, engolfadas no reggae, reverberando o ambiente musical vibrante que Clapton encontrou por lá. Ele mesmo disse que “a música estava no ar”, que todos cantavam o tempo inteiro — das camareiras aos músicos locais. Mas, além disso, essa pujança não foi o bastante para solidificar a harmonia do álbum. 

As faixas de blues - “The Sky Is Crying” e “Singin’ The Blues” - desempenham um pouco do Clapton clássico, mas demonstram certa desordem nas composições. A exceção talvez esteja em “Pretty Blue Eyes”, uma balada sensível, suave e lindamente executada, que remete ao melhor do artista. Já o encerramento com “Opposites” tenta carregar algum lirismo e emoção, mas não consegue salvar o disco de uma sensação geral de improviso mal calibrado. 

Curiosamente, o título original imaginado por Clapton era “World’s Greatest Guitar Player (There’s One In Every Crowd)”, misto de ironia e provocação. A gravadora rapidamente vetou a ideia, e o álbum foi lançado apenas com a parte final do nome. No fundo, essa anedota resume bem o espírito da obra: ambiciosa em conceito, mas contida em execução. 

Enfim, em “There’s One In Every Crowd”, Eric Clapton até manteve a leveza e a vibe relaxada do trabalho anterior, mas resultou em um disco que tropeça na tentativa de ser leve demais. 

A seguir, a ficha técnica e o tracklist da obra.

Álbum: There's One In Every Crowd
Intérprete: Eric Clapton
Lançamento: março de 1975
Gravadora/Distribuidora: RSO
Produtor: Tom Dowd

Eric Clapton: voz, guitarra, violão e arranjos

George Terry: guitarra, violão e backing vocal
Carl Radle: guitarra e baixo
Dick Sims: órgão Hammond, Fender Rhodes e piano acústico
Albhy Galuten: sintetizadores
Jamie Oldaker: bateria e percussão
Yvonne Elliman: voz e backing vocal
Marcy Levy: backing vocal

1. We've Been Told (Jesus Coming Soon) (Traditional / Johnson)
2. Swing Low, Sweet Chariot (Traditional / Arranjos: Eric Clapton)
3. Little Rachel (Byfield)
4. Don't Blame Me (Clapton / Terry)
5. The Sky Is Crying (James)
6. Singin' The Blues (McCreary)
7. Better Make It Through Today (Clapton)
8. Pretty Blue Eyes (Clapton)
9. High (Clapton)
10. Opposites (Clapton)

Por Jorge Almeida

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