Ultraje a Rigor: 25 anos de "18 Anos Sem Tirar!"

"18 Anos Sem Tirar!", o primeiro disco oficial ao vivo do Ultraje a Rigor, completa 25 anos em 2024

Nesse ano, o primeiro disco ao vivo oficial do Ultraje a Rigor completa 25 anos de lançamento: trata-se de "18 Anos Sem Tirar!", que saiu pela Abril/Deck Disc. Além das músicas ao vivo, gravadas nos dias 31 de agosto e 1° de setembro de 1996 de maneira independente no AeroAnta, em Curitiba (PR), o álbum traz quatro faixas inéditas gravadas em estúdio. O registro marcou a estreia do baixista Mingau na banda.

Depois de ter lançado o injustiçado "Ó!" (1993), que teve sua divulgação enormemente prejudicada pela gravadora da banda, o que levou ao rompimento do Ultraje com a WEA, o grupo se manteve na ativa com shows, enquanto isso ao longo dos anos a formação foi se alterando. Inclusive, quando o formato em CD vivia o seu ápice, a agora ex-gravadora do Ultraje lançou coletâneas caça-níqueis sem o consentimento da banda - como "Coleção Pop", "O Melhor do Ultraje a Rigor/2 É Demais", "Pop Brasil", etc.


Então, no começo de 1999, o baixista Serginho deixou o grupo e foi substituído por Mingau, ou seja, na parte ao vivo, foi um baixista e nas gravações de estúdio, foi outro. E, assim, o disco foi lançado e foi bastante aclamado pelos fãs do rock nacional, em especial dos anos 1980.


O registro começa com os quatro temas inéditas, "Nada a Declarar", que tocou bastante nas rádios e é "carinhosamente" conhecida como "Cu", e que tem a ilustre participação especial de Isabela, filha de Mingau, que falou o tal palavrão. Em seguida, vem "O Monstro de Duas Cabeças", em que Roger aborda de maneira bem-humorada a respeito dos conflitos internos que nós, homens, enfrentamos com relação às "duas cabeças", enquanto uma é dedicada ao trabalho, séria e tal, tem outra que só quer saber de diversão e sacanagem. O terceiro tema é "Preguiça", que mantém a mesma pegada divertida da faixa anterior em que o eu-lírico faz uma autocrítica em relação à sua apatia e a sensação de desânimo de executar com as responsabilidades do cotidiano. É como se fosse uma versão "noventista" de "Terceiro". E, para encerrar as "novas" canções, "Giselda", outra que teve relativo sucesso na época e que vira e mexe aparece no repertório da banda, em que o interlocutor usa metáforas culinárias e esportivas para externar sua frustração e desejo pela Giselda.


A partir da quinta faixa do CD, vem o conteúdo ao vivo, a começar por "My Bonnie", de Roger, cantada em inglês e, se não estou enganado, é inédita (pelo menos não me recorde de ouví-la nos trabalhos anteriores), mas aqui saiu bem como "abre alas". Depois, só veio uma pedrada atrás da outra, como a atual "Filha da Puta", a indefectível "Zoraide" (que me lembra de uma ex-namorada), a 'sãopaulina' "Independente Futebol Clube", com direito ao vocalista pedindo para o público cantarolar junto.

Então, o resto do repertório foi composto de clássicos da trinca de álbuns "Nós Vamos Invadir Sua Praia" (1985), "Sexo!!" (1987) e "Crescendo" (1989), a começar com "Ciúme", seguido de, segundo Roger Rocha Moreira, 'romântica', "Volta Comigo" (que, convenhamos, em tempos atuais, a abordagem é meio arriscada), a 'narcisista' "Eu Me Amo", "Mim Quer Tocar", "Sexo!!", "Pelado", com o vocalista enaltecendo o seu "tricolor" no meio da música.


Embora não estejam mais no grupo, a "cozinha" do baixista Serginho e do baterista Flávio funcionou muito no show, assim como os solos certeiros de Heraldo, como em "Eu Gosto de Mulher", com o público interagindo. Que clássico, meus amigos, que clássico! Depois, veio o "hit-mor" do grupo, "Inútil", com seu riff mais que conhecido, acompanhada da 'interativa' "O Chiclete", mostrando toda o entrosamento entre o grupo e o público. Na sequência, o tema da galinha mais famosa do rock nacional: "Marylou", que começa com a galera cantando o refrão para, em seguida, o Ultraje a Rigor dar continuidade na música.


Na reta final, claro que os caras não poderiam deixar "Nós Vamos Invadir Sua Praia" de fora, ainda mandaram mais dois petardos para coroar o repertório: "Rebelde Sem Causa" e "Terceiro".

Em termos de clássicos, particularmente, só lamentei a ausência de "A Festa", mas aí é uma questão de gosto mesmo, sem tirar o mérito do repertório. Vida longa ao Ultraje a Rigor.


A seguir, a ficha técnica e o tracklist da obra.


Álbum: 18 Anos Sem Tirar!

Intérprete: Ultraje a Rigor

Lançamento: 1999

Gravadora/Distribuidora: Deckdisc/Abril Music

Produtores: Rodrigo Castanho (estúdio) e Airton Valadão Júnior (produção executiva - ao vivo)

 

Roger Rocha Moreira: voz e guitarra base

Flávio: bateria e backing vocal

Heraldo: guitarra solo e backing vocal

Serginho: baixo e backing vocal (ao vivo)

Mingau: baixo e backing vocal (estúdio)

 

1. Nada a Declarar (Roger)

2. O Monstro de Duas Cabeças (Roger)

3. Preguiça (Roger)

4. Giselda (Roger)

5. My Bonnie (Roger)

6. Filha da Puta (Roger)

7. Zoraide (Roger)

8. Independente Futebol Clube (Roger)

9. Ciúme (Roger)

10. Volta Comigo (Roger)

11. Eu Me Amo (Roger)

12. Mim Quer Tocar (Roger)

13. Sexo!! (Roger / Maurício Defendi)

14. Pelado (Roger)

15. Eu Gosto de Mulher (Roger)

16. Inútil (Roger)

17. O Chiclete (Edgard Scandurra)

18. Marylou (Roger / Maurício Defendi / Edgard Scandurra)

19. Nós Vamos Invadir Sua Praia (Roger)

20. Rebelde Sem Causa (Roger)

21. Terceiro (Roger)


Por Jorge Almeida

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