 |
| Foto meramente ilustrativa. |
Mostra reúne
pinturas, desenhos, instalação e vídeo que retratam o cotidiano, as lutas e a
resistência de famílias negras do litoral paulista
A cidade de Caraguatatuba,
Litoral Norte de São Paulo, sedia, a partir de 12 de
dezembro, a exposição “Caminho para casa – o mar é
sempre mais pra dentro”, da artista plástica Manuela Navas.
A mostra, que será exibida no Museu de Arte e Cultura de Caraguatatuba (MACC),
propõe uma imersão sensível nas trajetórias e vivências de famílias negras
periféricas que, nas últimas décadas, construíram suas histórias no litoral
norte de São Paulo.
Depois de expor em cidades e países como São Paulo,
Rio de Janeiro, Minas Gerais, Recife, Brasília, Salvador, Estados Unidos e
Itália, Manuela traz seu trabalho pela primeira vez para a cidade onde vive há
20 anos.
Reunindo pinturas em óleo sobre tela, desenhos, instalação e vídeo, a
exposição apresenta uma narrativa poética que entrelaça memória, cotidiano,
resistência e pertencimento. Em cada obra, o olhar de Manuela transita entre o
pessoal e o coletivo, revelando fragmentos de sua própria experiência e de seu
entorno.
As pinturas
e desenhos destacam cenas de convivência, trabalho,
celebração e superação, jogando luz para a presença e a força da população
negra em Caraguatatuba. Já a instalação e o vídeo ampliam essa
narrativa ao registrar gestos cotidianos e relatos orais, reforçando a ligação
dessas famílias com o território litorâneo.
“Caminho
para casa – o mar é sempre mais pra dentro” convida o
público a mergulhar na fronteira entre realidade e imaginação, propondo uma
leitura afetiva e multifacetada da vida no litoral paulista. O resultado é uma
experiência estética profunda e intensa, que combina o pictórico e o
audiovisual em uma reflexão sobre identidade, memória e pertencimento.
Um
olhar necessário sobre o litoral
Caraguatatuba, assim como outras cidades do litoral paulista,
abriga uma população negra cuja presença e contribuição foram frequentemente
invisibilizadas ao longo da história. A exposição surge justamente da necessidade
de tornar visíveis essas narrativas, essenciais para compreender a formação da
identidade cultural local.
Em uma cidade marcada pelo turismo e pela
urbanização acelerada, as histórias de resistência e pertencimento
de seus moradores mais antigos correm o risco de serem apagadas. Nesse
cenário, “Caminho
para casa – o mar é sempre mais pra dentro” se afirma como
uma iniciativa cultural urgente, que dialoga com as transformações sociais
da região, celebrando ao mesmo tempo a força e a resiliência das famílias
negras que ajudaram a construir Caraguatatuba.
Acessibilidade
e inclusão
Durante a abertura da exposição um intérprete de Libras estará
presente para garantir acessibilidade às pessoas surdas, além de um monitor e
acessibilidade para auxiliar visitantes com deficiência ou mobilidade reduzida.
As obras contarão também com audiodescrição, permitindo que pessoas com
deficiência visual possam apreciar as peças por meio de descrições detalhadas
das imagens.
Fomento
A exposição “Caminho para casa – o mar é sempre mais pra dentro” está
sendo viabilizada por meio de edital do município de Caraguatatuba, por
meio da Política
Nacional Aldir Blanc de Fomento à Cultura (PNAB), iniciativa
que apoia ações culturais em todo o país e contribui para o fortalecimento da
produção artística local.
O
MACC
Inaugurado em 2002, o Museu de Arte e Cultura de Caraguatatuba (MACC) é
um espaço que une memória, arte e tecnologia para recontar a história —
especialmente a local — de forma viva e envolvente. Mais do que preservar o
patrimônio, o museu aposta em cenografia, contação de histórias e outros
recursos para criar um mosaico sobre Caraguatatuba e suas expressões
artísticas. Ao longo de sua trajetória, o MACC recebeu nomes de destaque,
reforçando o papel do espaço como um dos principais polos culturais do Litoral
Norte paulista, como a artista plástica Maria Bonomi, uma das primeiras
expositoras do espaço. O MACC também já realizou parcerias com instituições de
prestígio, como a Pinacoteca de São Paulo, e abrigou exposições marcantes de
cerâmica e de fotografia, como as mostras com curadoria de Diógenes Moura e a
exibição do renomado André Cypriano. O espaço também recebeu exposições de
Antônio Carelli, consagrado pintor, desenhista e ceramista que viveu em
Caraguatatuba e faleceu em 2021, cuja trajetória é celebrada com uma sala no
museu que leva seu nome.
A
artista
Manuela
Navas nasceu em 1996 em Jundiaí, no interior paulista, e
tem Caraguatatuba como seu lar há vinte anos.
Usando técnicas de pintura, fotografia, vídeo e xilogravura, a artista
autodidata tem como temáticas principais os corpos negros, o feminino e o maternar,
geralmente em cenas cotidianas e buscando refletir sobre a realidade em torno
do brasileiro como um exercício de pensar a própria existência.
Manuela constrói sua produção a partir das histórias que a cercam transformando
vivências pessoais e memórias coletivas em imagens que misturam ficção e
realidade. Com um olhar sensível e inventivo, a artista elabora um “diário
imaginado” no qual pesquisa o macro a partir de sua própria história familiar.
Suas obras exploram o jogo entre fabulação e memória, criando cenas intimistas
marcadas por movimento e afetos. O direito ao sonho e a transgressão do tempo
são temas recorrentes em suas telas: um exercício de revisitar o passado
enquanto se reflete sobre o presente que se revela.
A artista já participou de diversas exposições
coletivas, como “Dos Brasis – Arte e Pensamento Negro”, realizada
em 2023 no Sesc Belenzinho, uma das mostras mais importantes do circuito
nacional recente, com curadoria de prestígio (Marcelo Campos, Lorraine Mendes e
Igor Simões) e foco na produção afro-brasileira contemporânea, e “Funk: um
grito de ousadia e liberdade”, apresentada no mesmo ano no
Museu de Arte do Rio (MAR), 2023. Com curadoria de Marcelo Campos e Amanda
Bonan, a mostra recebeu grande repercussão de público e crítica, o que reafirma
a potência do funk como expressão cultural e política.
Manuela também realizou exposições individuais, como “O Concreto
que evapora”, apresentada em 2022 na Bacorejo Arte, galeria
independente criada para apoiar e divulgar jovens artistas, e “Lembranças
inventadas”, exposição internacional realizada na galeria
Monti8, na
Itália, com curadoria de Jorge Pereira. Participar dessa mostra reforça a
projeção internacional da trajetória da artista e o trânsito entre contextos
culturais distintos, agregando diversidade geográfica e ampliação de público
para a sua obra.
Em 2022, participou do festival de arte urbana NaLata,
pintando a lateral de um edifício no bairro de Pinheiros, em São Paulo e, em
2024, teve suas obras como parte do cenário da turnê Zeca
Pagodinho, 40 Anos. Em 2023 fez parte da ocupação IBORU,
de Marcelo D2, que aconteceu nas cidades do Rio de Janeiro, São Paulo e
Salvador e, em 2024, suas obras fizeram parte da cenografia do Festival Aliança
Global, realizado pelo G20 no Rio de Janeiro.
Também produziu trabalhos para o mercado editorial e
fonográfico, como a co-autoria nas pinturas do livro “Chupim”,
de Itamar Vieira Junior (Editora Baião/Todavia) e as pinturas do álbum “Pelos olhos
do mar” – Lia & Daúde ✧ Daúde
& Lia”, de Lia de Itamaracá e Daúde, que lançado pelo Selo
Sesc em novembro.
Serviço:
Exposição
Caminho para casa – o mar é sempre mais pra dentro
Local: Museu
de Arte e Cultura de Caraguatatuba
Endereço: Praça
Dr. Cândido Motta, 72, Centro
Abertura: 12/12,
das 18h às 21h
Período
de exposição: de 12/12 a 28/02
Dias
e horários de funcionamento do museu: terça a sábado, das
10h às 18h
Entrada: gratuita
Créditos: Juliana Ribas
Tiraboschi
* Este conteúdo
foi enviado pela assessoria de imprensa
Comentários
Postar um comentário